Outro dia estava falando aqui dessas estratégias que nas discussões vemos muitos usarem com o objetivo não de reforçar o próprio argumento, mas o de desqualificar unicamente o adversário. Aqui vai mais um exemplo então.
Hoje leio numa notícia no Terra o ministro da Saúde declarar que a discussão sobre o aborto é machista. Ora, por que é, ele não diz, claro. Ele apenas quer desqualificar os argumentos contrários ao dele, que é a favor do direito. No seu discurso pode-se ler: quem é a favor é bacana, quem não é a favor, só pode ser machista.
Mas ele mesmo se trai. Quando reclama que as manifestações sobre o tema são majoritariamente de homens, e estes, diz, “infelizmente não engravidam”, deixa entrever seu próprio machismo ao dizer: “se engravidassem essa questão já estaria resolvida há muito tempo”.
Temporão ainda nos diz: “Eu tenho tentado há muito tempo tirar essa discussão da questão ética, religiosa, filosófica e do fundamentalismo e trazê-la para real da dor, da morte e do sofrimento”. Ao que eu respondo: só quer tirar porque sabe que não há consenso, e não havendo é brincar de roleta russa.
Ademais, mesmo chamando as mulheres pro debate – as maiores interessadas afinal -, não se queria desautorizar quem quer que seja. Mulher não engravida sozinha. A decisão, quando couber, deve ser conjunta.
Além disso, não se pode esquecer que existe um ente muitas vezes ignorado ou depreciado nessa questão: é o filho – este ser quase amorfo que não pode decidir nem se manifestar, embora seu direito à vida esteja sendo posto à prova.
Insistindo.
Márcio
quarta-feira, maio 09, 2007
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3 comentários:
Tb acho que o melhor é que a decisão seja conjunta, mas havendo discordância a decisão deve ficar com a mulher.
O que seria direito à vida? De onde vem esse direito? Que outros direitos o feto tem? Não sei bem quando começa a vida, mas gosto do que diz Hélio Schwartsman (aliás, sempre gosto muito do que ele escreve, infelizmente tenho tido pouco tempo para ler. recomendo)
http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/ult510u288.shtml
O direito à vida vem da necessidade de não nos mantermos matando uns aos outros por aí. É um princípio básico para a existência em sociedade.
A origem do direito à vida é filosófica, não há dúvida sobre isso. Não surge com a Igreja, mas ela desempenha um papel importante quando promoveu por aí que o homem é imagem e semelhança de Deus, e seu corpo, sagrado. Mas pense no que seria da vida em sociedade se esse direito fosse questionável.
Enfim. O direito à vida é um princípio constitucional. Não sei que outros direitos os fetos têm, mas esse é elementar, pois na ausência desse, você concorda comigo, não pode haver outro.
Mas, por curiosidade, a Justiça outro dia deu o direito a pensão a um feto cuja mãe fora torturada durante a Ditadura Militar. Ou seja, a Justiça reconheceu o sentimento do feto.
Ah! O link não saiu completo.
Márcio
tem que clicar duas vezes no link pra selecionar.
Amoêdo
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