sexta-feira, maio 11, 2007

Tristeza sem fim

Não tenho dúvidas. Só pode ser torcedor do Bahia o desgraçado que fez aquela música cujo refrão é "tristeza, não tem fim... felicidade, sim"...Afinal, a tristeza do torcedor tricolor parece interminável. E a felicidade, pra lá de efêmera.

Depois de um início de semestre promissor, onde não jogamos bem, é verdade, mas conseguimos resultados positivos e, portanto, alimentamos e inflamos nossa felicidade, eis que morremos na praia no Baiano e na Copa do Brasil, voltando ao nosso profundo, constante e quase infinito estado de tristeza. As derrotas e decepções são tantas e seguidas que, ao invés de causar revolta e indignação, ao menos pra mim, resumem-se somente a isto, tristeza.

No começo dessa draga, a gente queria matar o técnico burro, o perna-de-pau, expulsar o presidente, excomungar Maraca, se indignava com as perseguições da torcida a certos jogadores, com as vaias, culpava a imprensa. Até o gol de Raudinei, coitado, foi apontado como causa.

Hoje, por mais que eu tente, eu não consigo. Tô tão calejado, que não há nada que me faça ter forças pra reagir. Seja esta reação um grito, um desabafo, um murro na parede, o arremesso de algum móvel no inferno. Eu sem forças pra xingar, acreditem. Nada que inspire ação eu consigo fazer. E isto tem se refletido também no resto da torcida. Não se engane. Este texto não é um sintoma de reação, ao contrário, é um ato de conformismo, só mais um desabafo (só me resta vocês, por favor, me aturem!).

Os protestos em série acabaram. Ninguém mais invade o campo, quebra nada. Manifestação de rua nem se ouve mais falar. Acho que a gente se olha no espelho e pergunta, pra quê? Se não vai mudar nada mesmo.Nem responder as provocações mais a gente consegue. Falta argumento. Sobra vergonha na cara. Acho que nem os rivais acham mais graça em nos sacanear: tudo que é demais e rotineiro, enjoa.

Entra presidente, sai presidente, entra diretor, sai diretor, entra jogador, sai jogador, entra assessor, sai assessor, e continua tudo na mesma. A única coisa que permanece imutável é a eterna presença... será coincidência? Minha aposta é outra: maldição.

Eu não aguento mais. Todo ano é a mesma coisa. A gente acredita, vai ao jogos, empurra, se ilude, se enche de esperança, se emociona, vibra, relembra e clama pelos velhos tempos, grita "agora vai!", mas na hora agá, a gente nunca vai para lugar nenhum, ou pior, sempre descobre que o fundo do nosso poço é falso...

Não cheguei a esta conclusão agora. Depois do Bavi da Fonte, o mais sensacional jogo de futebol que presenciei na vida, quando perdemos por 6 a 5, a esperança não morreu. Tínhamos possibilidade de um título (por mais que toemos na cara, não perdemos essa nefasta megalominia, culpa das fantásticas façanhas de um passado glorioso e já nebuloso) muito mais importante, a Copa do Brasil.

Mas aí eis que vem o gol de Soares, quando fazíamos a festa contra o Fluminense: torcedores rodavam as camisas no ar, cantavam felizes, se abraçavam.. mas, como já virou tradição nesses malditos últimos anos, sempre tem alguém pra estragar a nossa festa, pra jogar água no nosso chopp, nos humilhar em nosso reduto, pra fazer a gente repensar a grandeza do Bahia, pra destruir nossa mística, pra aniquilar nosso orgulho, pra desmoralizar nossos ídolos (?), pra extinguir nossas crenças, nossa história, nossa tradição, a força da nossa camisa.

Naquele dia, foi Soares. No domingo anterior, tinha sido Índio. Sempre tem um desgraçado disposto a se fazer sob o custo da nossa desgraça...Não foi o gol de Soares, mas o apito final naquele jogo que me fez ficar assim, negativamente estasiado, ainda mais amargurado e, desafortunadamente, resignado. Depois do jogo, Paulo Cerqueira disse: "o Fluminense não tinha o direito de fazer isso com a torcida do Bahia". Eu concordo, mas...

Quando o juiz apitou, e eu vi aquele estádio com 50 mil pessoas ali em vão, pela enésima vez nestes malditos anos, que chamam de fase, eu denomino calvário... 50 mil pessoas sem ter o que fazer.. Xingar pra quê? Brigar pra quê? Jogar o rádio no campo pra quê? Invadir o campo pra bater no juiz, pra quê? Espancar o cara do lado pra quê? Jogar pedra no buzu dos jogadores pra quê? Arrumar confusão com a PM pra quê? Mandar Maracajá tomar no cú pra quê? O jeito foi baixar a cabeça e chorar, mas, pra logo depois, levantar-se e perguntar: pra quê?


Extremamente triste com o fim da maior paixão,


Dadevolvam o meu Bahia, pelo amor de Deus!
PS: Ruim Accioly diretor de futebol?! Pelo menos não tem quarta divisão...

Um comentário:

Manelé na Tela disse...

E Ruy Accioly agora é diretor de futebol...tudo o que está ruim ainda pode piorar, amigo.

Deduca@baêaémeucalvário.com.br