Padrão de isenção Folha de S. Paulo:
Tomemos os seguintes pontos da entrevista de Lula ao JN:
1. Lula diz que demitiu José Dirceu.
2. Lula diz que demitiu Antônio Palocci.
3. Lula diz que criou o Tribunal de Contas da União.
4. Lula diz que os escândalos dos últimos meses tiveram todos início de investigações do governo.
Agora vamos aos fatos, ou sendo mais preciso, à verdade:
1. José Dirceu se demite [conforme prova o Diário Oficial da União] e recebe juras de amor em carta do companheiro Lula.
2. Antônio Palocci se demite [conforme prova novamente o Diário Oficial da União] e recebe afagos de Lula diante da tevê.
3. O Tribunal de Contas da União já existia antes do governo Lula, segundo o próprio site oficial do TCU, em sua seção “histórico”.
4. Vejamos onde se iniciaram as investigações dos principais escândalos políticos do último ano:
a) Caso Waldomiro Diniz [revista Época];
b) corrupção nos Correios [revista Veja];
c) escândalo do mensalão [entrevista de Roberto Jefferson à Renata Lo Prete para a Folha de S. Paulo, prêmio Esso de Jornalismo 2005];
d) caso Francenildo-Palocci [revista Época];
e) escândalo dos sanguessugas [Ministério Público de Estado do Mato Grosso].
Por fim vamos a prática do bom jornalismo brasileiro:
Um dia após a entrevista de Lula ao JN, o jornalismo online divulgou os seus respectivos “o dia dos candidatos”. No espaço cedido a Alckmin, líamos manchetes como “Alckmin chama Lula de mentiroso”, ou ainda “Alckmin diz que Lula mentiu”. Pelos títulos, logo pensamos: “pronto, a baixaria começou”.
Mas prossigamos. As matéria em si, banais, de pura cobertura da agenda dos candidatos, começam dizendo onde o candidato estava, que fez passeata, apertou as mãos de eleitores, e por fim, dá entrevista pra imprensa. No caso de Alckmin naquele dia era: “Lula mentiu ao dizer que demitiu Palocci e Dirceu” e outras aspas parecidas.
Bom. Como jornalistas competentes que somos, sabemos que devemos ouvir o “outro lado”, o famoso contraditório. Se não dá pra ouvir, é bom mencionar, então o jornalismo seguia sua matéria dizendo: “Lula finalmente admitiu no JN que demitira os ministros Palocci e Dirceu”, e a matéria segue com a assessoria de imprensa: “Amanhã Alckmin viaja pra São Paulo pra se reunir com...”, ponto final.
Está pronta a matéria com padrão isenção Folha de S. Paulo. Isso é isonomia. Metade pra ti, metade pra mim. Bravo. E as perguntas que nos fazemos:
1. E onde está a verdade, quem a diz?
2. Lula mentiu ou falou a verdade?
3. A imprensa não vai às fontes, nem sequer no site oficial do TCU?
4. Alckmin mentiu ao dizer que Lula mentira?
5. Lula mentiu ou não mentiu??
Princípio número 1 da imprensa hoje em dia: isenção e isonomia. A verdade? Ah, isso é tão difícil de discutir, afinal Sara tem respostas sensacionais pra isso: “talvez”, “pode ser”, “quem sabe”, “tudo é relativo”.
Pegadinha pra vocês: se tudo é relativo, onde está a relatividade dessa afirmação? Se tudo é relativo, algo não deve ser, e isso é aquilo a que chamamos de Verdade.
Do jornalista
Márcio
P.S.: Alexandre, ainda não fui tirar meu DRT, mas quando o fizer, juro que o colocarei aqui.
quarta-feira, agosto 23, 2006
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3 comentários:
Tb não... Quando vc for me chame...
Se bem que... Não sei se nasci pra isso não, velho... Meu dia não foi bom aqui no jornal...
Boréstia
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