quarta-feira, julho 26, 2006

Gostei de Dunga, mas prefiro Bielsa

Dunga é um cara legal. Boa praça, humilde, raçudo, determinado, vitorioso, líder nato, além de ter a motivação no sangue.

Não tem experiência como treinador, mas entende de futebol, e muito. Nunca foi técnico, é verdade, mas, e daí?

Parreira tinha 50 mil anos de experiência e fez a cagada que fez na última Copa. Vivência é importante na vida, sem dúvida, mas não é tudo.

Acho que Dunga tem grandes chances de dar certo no comando da Seleção. Além das qualidades citadas acima, é um cara que sabe lidar com gente, fazer as pessoas “pegarem no tranco”, fala a língua dos jogadores e é respeitado pela boleirada. Afinal, ninguém é capitão de uma seleção campeã do mundo por acaso. E esse status vale muito no meio.

Sim, mas, dito isto, digo que não era o meu favorito para o cargo. Se eu fosse o presidente da CBF, escolheria Marcelo Bielsa. O argentino mesmo, sim, por que não?

Durante seis anos, sob o comando dele, nossos vizinhos jogaram o futebol mais vistoso do continente, talvez do mundo. Toque refinado, valorização da posse de bola, pressão no campo do adversário, dentro ou fora de casa. Com ele, o gol não é “mero detalhe”, é uma obsessão.

A vocação ofensiva não representava desleixo na retaguarda. O time de Bielsa tomava pouquíssimos gols. O meio de campo recompunha com velocidade e os volantes faziam com precisão a cobertura dos laterais. Era uma equipe equilibrada.

Eram favoritíssimos para a Copa de 2002, mas, por um desses caprichos do futebol, assim como em 1982, o melhor perdeu (ainda bem, neste caso). Apesar disso, foi mantido no cargo e, em 2004, deu a volta por cima: Bielsa comandou a Argentina na conquista do ouro olímpico, um título que nosso futebol não tem.

É claro que a competência de Bielsa conta nesta minha utópica concepção. Mas o que importa mesmo é a minha vontade de ver um argentino à frente da nossa seleção.

Deixemos as rusgas e a rivalidade histórica de lado (e que fique bem claro, ao contrário de Zé, eu odeio a Argentina!), e admitamos – a raça, a vontade de vencer dos caras e o patriotismo deles é admirável.

Vai dizer que você nunca teve vontade que a nossa seleção ou o seu time do coração jogasse como eles? Além de serem bons tecnicamente, dão a vida em campo pela camisa que vestem. A gente sempre torce contra, isso é inegável, mas fica o jogo todo pensando: porra, queria que o Bahia (ou o Brasil) jogasse assim.

Pois é por ainda nutrir tal esperança que eu apostaria em Bielsa. A gente (com o Bahia não é o caso) só perde quando tá sem vontade. E eles nunca estão sem vontade: todas (sem exceção) as derrotas argentinas são vendidas por um altíssimo preço.

Já pensou, a nossa qualidade técnica com o espírito dos hermanos? Seríamos imbatíveis!

Por um Brasil mais argentino,

Dadá Bielsa

9 comentários:

Manelé na Tela disse...

Pois eu não acho.

Acho primeiro que a Globo babou em cima e não questionou como deveria questionado. Experiência é importante, sim, pois não se trata de time de várzea. Ah, a Alemanha também tinha um técnico sem experiência no cargo e chegou aonde chegou. Certo, mas deve ser questionado da mesma forma, e por obrigação jornalística – e empresarial também!

Ao contrário de você, Dadá, acho que Dunga tem poucas chances de se firmar na seleção.

Sobre Bielsa, eu poderia dizer a mesma coisa que se diz pra Parreira, “tinha uma grande seleção na mão, era favorito disparado, mas foi um vexame na Copa”.

No mais, não gostaria de longe ver a seleção brasileira jogar como a Argentina. É admirável a raça e a vontade? É. Mas só que não é a nossa, é outra história, é diferente, é coisa de espírito, cada um com o seu. Eles que fiquem com o tango que eu fico com o samba – mas não deixo de ouvir o primeiro quando me dá na telha!

M.

Manelé na Tela disse...

Tá ouvindo samba é?
Só o que faltava.

Manelé na Tela disse...

Claro que não, né? Só foi um auxílio retórico.

M.

Manelé na Tela disse...

Minha mãe também é gente boa e ninguém convidou ela pra assuimir a seleção...

D2.

Manelé na Tela disse...

Tomara que dê certo, mas, acho muito simplista acreditar que o Brasil perdeu porque o treinador não ficava se esgoelando na beira do campo.
Bielsa seria melhor mesmo, mas outros brasileiros tb seriam.

Rafson

Ps: samba é massa

Manelé na Tela disse...

Eu acho deselegante treinador se esgoelando na beira do campo. Prefiro o estilo Parreira ao Felipão.

Não só por elegância, claro. rs

M.

Manelé na Tela disse...

Quanto a estilo de treinador (discreto ou espalhafatoso), sinceramente, para mim, tanto faz, contanto que o cara obtenha resultados ou faça o time jogar bem, ao modo dele.

Mas é inegável que um motivador contribui mais para o grupo e, muitas vezes, no futebol, a motivação supera a qualidade técnica. Não é por outro motivo que se trata do esporte mais imprevisível e, talvez por isso, o mais popular do planeta.

Não é só o caso de ser gente boa, Dunga entende de futebol e, sinceramente, não queria ter que torcer para uma seleção comandada por um picareta (Luxemburgo). Já basta ter que aturar Ricardo Teixeira e cia na direção da CBF. Com ele, torceria contra, como fiz na passagem anterior de Luxa pelo escrete canarinho.

Concordo com Rafson que outros brasileiros estão mais capactados. Entre eles, o meu favorito seria Autuori. Também apostaria em Muricy Ramalho. Felipão, Leão e só. Os outros não reúnem condições.

Eu acho que, entre as opções possíveis, a aposta em Dunga foi muito boa, pelos motivos já elencados em post anterior.

Sobre o último parágrafo do texto de M. - " É admirável a raça e a vontade? É. Mas só que não é a nossa, é outra história, é diferente, é coisa de espírito, cada um com o seu. Eles que fiquem com o tango que eu fico com o samba – mas não deixo de ouvir o primeiro quando me dá na telha!" , na boa, só posso entender como mero sintoma de bairrismo.

Ah, e também acho lamentável essa coisa de "raça" ser "diferente" e não fazer parte do nosso (brasileiros) "espírito".

Ainda na luta por um Brasil mais argentino,

Dadá Bielsa

Manelé na Tela disse...

Raça não faz parte da "cultura" do nosso futebol. Em alguns pontos específicos até ela aparece (com times gaúchos, por exemplo). Mas não é a nossa. Quando brasileiro decide jogar com raça, olha o que aconteceu ontem, Walter Papel expulso aos quinze minutos do primeiro tempo.

Como um jogador com Papel no nome pode jogar com raça, pelo amor de deus? Papel desmancha com água!!

M.

Manelé na Tela disse...

É Valdir, não é Valter.

Seríamos muito melhores com raça.

Dadá Bielsa