domingo, fevereiro 05, 2006

Do catecismo de devoções, intimidades e pornografias

Existem várias maneiras de arruinar aquela grande noite. A noite dos sonhos, a noite do meu bem, como canta Dolores Duran. Uma delas, além da ansiedade que estala no corpo feito aqueles taxímetros dos fuscas de praça das antigas, é tentar reinventar a roda, digo, o sexo, como se fosse possível recriar o Kama Sutra.

Ao contrário do que supunha a lindeza do lirismo de Manuel Bandeira, as almas até podem se entender desde o primeiro flerte, os corpos não.

Não tente reinventar o Kama Sutra nas primeiras noites... A dramaturgia da cama não é para amadores. O sexo é uma coisa tão séria que só deveria ser feito pelos devassos, pelos afilhados do Marquês de Sade e pela madre superiora. Não é qualquer donzelo que resiste às firulas da alcova, a ginástica das pernas, à coreografia dos braços e ao bate-coxa propriamente dito.

A verdadeira e religiosa pornografia é a intimidade. Ai sim, quando atingimos esse nirvana, Bandeira volta a ter razão: podemos até dispensar as almas, pois os corpos já se entendem. Ai passa a valer o verso do pernambucano: “Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma”.

Com esse sexo cheio de pernas e mil e um malabarismos, coisa de quem assimilou das lições taradas da revista “Nova” ou do cirque du Soleil, você pode levar o seu parceiro a uma bela câimbra ou contusão mais séria. Coitado, ele pode ter que fumar aquele cigarro pós-coito em uma clínica ortopédica ou em um milagroso massagista japonês.

xico sá, indicado por mim.

cdr.

Um comentário:

Manelé na Tela disse...

Esse rato sabe das coisas!!! Nada como um bom e básico papai-mamãe de vez em quando... Bem melhor do que muita estripulia que minino anda fazendo por aí...

Beijos ardentes,

Titcholina