Nossa viagem começou, como de costume, de uma forma bem peculiar: Broa fez merda, mais uma vez, e comprou as passagens do ferry para as vinte e três horas. O resultado foi que ao chegarmos na ilha, depois de meia noite, não tinha mais ônibus pra Camamú, o que inclusive é bem lógico!
Dormimos, portanto, num grande canteiro quadrangular no terminal rodoviário de Bom Despacho. Nós e mais alguns fies companheiros. Tinha um mendigo que peidava feito a porra, dois vigias, um maluco aloprado, um velho que de repente sumiu, e mais alguns perdidos que passavam ao longe.
E nós lá naquele antro, num calor da porra, e ainda tivemos que agüentar um monte de muriçocas que não nos sossegaram por um minuto sequer. E indaguei, revoltado:
- Pra que servem as porras das muriçocas??
Ninguém dormiu. Muito menos, é lógico, nosso amigo Broa, que a cada barulho, qualquer murmúrio, dava um pulo num medo da porra!
É, pobre Broa, achou até que ia morrer...
Isso aconteceu no meio da noite. Eu, Borestia e Broa tentávamos dormir, Zé estava acordado, andando de um lado para o outro. De repente, alguém de fora do terminal chama o vigia pra abrir o portão, brincando com o segurança, quando nós ouvimos ao nosso lado:
- Fudeu!
Isso era uma Broa que acabara de acordar e num pulo ainda gritava:
- Peguem as coisas, é um assalto, é um assalto!
Eu levantei assustado pra ver o que tava acontecendo quando vi Borestia saindo de seu casulo azuado. Ele deu um pulo de susto também. Os gritos de Broa se misturaram com o sonho do coitado, e ele acordou, disse, vendo armas e pessoas gritando “pro chão ou todo mundo morre!”.
No final, é claro, não era nada. Quando a gente levantou, ouvimos Zé, que tava em pé e vendo toda a cena, dizer pra Broa: “relaxe”. Não era porra nenhuma, foram apenas dois caras brincando um com o outro e uma Broa que tava se cagando nas calças por dormir ao relento.
Enfim. Continuamos lá até umas quatro horas da manhã. Decidimos seguir viagem com um cara que faz transporte num Uno. Pneu traseiro careca, motorista de virote (sério!), pista sinuosa pra caralho, neblina, tudo propício pra uma catástrofe que não aconteceu... e eu que sonhei com isso...
Mas no fim, a viagem foi engraçada. Como não rir com Broa dormindo e acordando a viagem toda batendo a cabeça no vidro do carro? Como não rir de um cara que leva até Camamú três gordos que fizeram que a cada quebra-molas o fundo do carro se desgraçasse todo? Dei risada pra caralho!
Márcio
quarta-feira, janeiro 05, 2005
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4 comentários:
Bem que você disse na primeira parte que ia rolar a maior pilha... Antes de comprar a passagem liguei para todos e informei o horário(o único disponível) e a falta de transporte, tanto que vocês sabiam que ia pernoitar em Bom Despacho. Faltou dizer que na hora do suposto assalto você tomou um susto da desgraça e caiu dentro do canteiro.
Esperando por relatos mais verdadeiros, Broa.
Ô Forest Marcio Gump... Conta a história do rasta, por favor!! Borestia
Pode crer, Borestia, a história do rasta vai rolar, sim... já tá até escrita!
Márcio
E Chico, sem pilha não tem graça...
Márcio
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