Jadson Celestino, Djalma Lima, Anísio Marques Neto, Midiam Andrade Santos, Márcia Santos Cruz, Milena Vasques Palmeira e sua irmã, Patrícia Vasques Palmeira. Eles morreram domingo na Fonte Nova. Mas poderiam ter sido, perfeitamente, Rafson Ximenez, Marina Silva, ou eu, os manelés que sei que estavam no estádio.
Depois de três dias de luto, tristeza, revolta e muita raiva, resolvi falar sobre eles. Os sete companheiros tricolores que tiveram que doar a própria vida para que tivéssemos mais segurança nos estádios de futebol do Brasil.
Mortes causadas pela negligência de governos estaduais que não se preocuparam com o maior lazer da população soteropolitana, o futebol. Não queria que essa tragédia acontecesse em lugar nenhum. Mas acontecer aqui, foi especialmente cruel, ainda mais com a torcida do Bahia. A que mais lota estádios no país, coitada, foi castigada por exercer sua paixão. Literalmente, os sete tricolores morreram de amor. Enquanto outros vivem de ódio.
Ódio do governo estadual, que tinha acesso a sucessivos laudos condenando a estrutura física da Fonte Nova e não tomou nenhuma providência. Prova disso foi, no início do ano, ter interditado o anel superior do estádio e tê-lo liberado no segundo sem qualquer tipo de reforma.
Ódio de um governador alienado que declarou que, se o desabamento tivesse acontecido alguns degraus abaixo, não haveriam mortes, porque os torcedores cairiam do lado de dentro do estádio. Logo depois, o próprio idiota admitiu que não deveria te falado isso. Pra que abriu a boca, imbecil?
Ódio de parte da imprensa que, movida por verba publicitária pública, esquece seu papel contestador e faz campanha para atenuar a responsabilidade do poder público na tragédia.
No momento do acidente, eu tava bem longe da Bamor. Aliás, não gostava de ficar lá. O lugar mais emocionante da torcida do Bahia é também o mais perigoso. Até então, eu não sabia que era o local que tinha a estrutura física mais fragilizada. Mas lá tem muita confusão, tumulto, brigas, drogas, e eu gosto de exercer minha religião em paz.
No entanto, eu passava diariamente embaixo da Bamor, do lado de fora do estádio. Meu carro só ficava no pátio em frente ao portão 13. Tinha que subir a ladeira para entrar no estádio e depois descê-la, para pega-lo. Como tenho problema no menisco, eu sempre preferia a escada, onde caíram os corpos, à rampa. Força menos o joelho. Numa dessas milhares de vezes que fui à Fonte Nova, poderia muito bem ter sido atingido por um pedaço de lage ou por um corpo.
Estejam certos, eu só fui tantas vezes ao estádio porque não sabia do risco que estava correndo. Soubesse que poderia morrer a qualquer momento, não pisaria lá. Amo-me mais que ao Bahia ou qualquer outra coisa.
Foda é saber que as autoridades sabiam e nada fizeram. Em 2000, quem freqüenta o estádio vai lembrar, o setor da arquibancada que caiu foi interditado por um ano, pelo excesso de vibração no local. Em 2001, o local foi reaberto sem que nada fosse feito.
Foram inúmeras as chances de tomar uma providência. Mas Wagner e corja, só anunciam agora a drástica medida de demolir a Fonte. Para completar, diz que o governo não vai indenizar as vítimas. Disse que seria um atestado de culpa.
E a culpa é de quem? Provavelmente, do torcedor. Quem mandou ficar pulando feito louco sobre as arquibancadas? O torcedor é um idiota mesmo. Assistiu às interdições de 2000, a do início do ano, e continuou acreditando que o estádio era seguro. Babaca. Tinha mais é que morrer mesmo.
Hoje, procuram-se culpados. O fato é que sete pessoas não podem ir pra um estádio de futebol, morrerem lá e ninguém ser responsabilizado por isso. Alguém tem que pagar. Foda é quem morreu. A vida deles não volta mais.
O desastre acabou com qualquer tipo de sentimento positivo que eu poderia sentir naquele dia. Aliás, preparei-me pra emoção. Mas me decepcionei de novo. Incrível! Até quando as coisas dão certo em campo, é aquela sentimento de frustração que parece infinito.
Já tava puto com o desempenho do Bahia no jogo. O time entrou em campo, para jogar em casa, com três volantes, ficou tocando bola de lado no final, e abdicou da vitória mesmo sabendo que ela era essencial para sermos campeões. Mas também, o que esperar de um clube que transformou a mediocridade em seu lema e companheira eterna? Parece que estamos mesmos fadados à infelicidade. Perdemos o direto de sermos felizes.
E agora perdemos também nossa casa.
Quando é que essa maldição vai acabar?
Ainda tricolor, mas não sabendo mais até quando vai aguentar tanto sofrimento...
DS
quarta-feira, novembro 28, 2007
terça-feira, novembro 27, 2007
Mais um aniversário!!
Aproveitando a onda de aniversários Manelés, venho aqui anunciar o meu também. A data oficial é dia 11 de dezembro, mas a festa vai ser antecipada.
Anotem em suas agendas o dia sete (sexta-feira) próximo. Farei uma festinha na minha singela residência no singelo bairro da Barra.
Contribuições etílicas serão indispensáveis. Vou colocar uma grade e alguns tira-gostos.
Então, assim ficamos:
Dia: 7/12 (sexta-feira)
Aniversário da senhorita Maíra – eu mesma!
Local: Rua Comendador Bernardo Catarino, n° 101, Barra
(Na frente do bar Bagacinho – onde foi o niver de Willow).
E ah!! não esqueçam que nessa sexta, dia 30, é o niver de Chico, ele promete um festão com muita cerveja de grátis e muitos quitutes maneiros!!!
Beijinhos
Maíra
Anotem em suas agendas o dia sete (sexta-feira) próximo. Farei uma festinha na minha singela residência no singelo bairro da Barra.
Contribuições etílicas serão indispensáveis. Vou colocar uma grade e alguns tira-gostos.
Então, assim ficamos:
Dia: 7/12 (sexta-feira)
Aniversário da senhorita Maíra – eu mesma!
Local: Rua Comendador Bernardo Catarino, n° 101, Barra
(Na frente do bar Bagacinho – onde foi o niver de Willow).
E ah!! não esqueçam que nessa sexta, dia 30, é o niver de Chico, ele promete um festão com muita cerveja de grátis e muitos quitutes maneiros!!!
Beijinhos
Maíra
sexta-feira, novembro 23, 2007
RECICLAGEM DE PILHAS, BATERIAS E ÓLEO DE COZINHA
Repassando...
Beijos,
Paulinha
Agora já temos onde levar pilhas/baterias (Banco Real) e óleo de cozinha (Lojas Extra)
A partir de agora as Agências do Banco Real e as lojas do Extra estão com programa de reciclagem.
Sabe aquelas pilhas e baterias usadas que não sabemos o que fazer com elas? Pois é, agora está fácil! Basta levá-las a qualquer agência do Banco Real
e colocá-las no Papa- pilhas. Este é mais um programa de reciclagem promovido pela instituição.
As pilhas e baterias de celulares, câmeras digitais, controle remoto, relógios, etc, contém materiais que contaminam o solo e os lençóis freáticos deixando-os impróprios para utilização, podendo provocar problemas à saúde, como danos para os rins, fígado e pulmões. São eles: cádmio, mercúrio, níquel, chumbo.
Não esqueça: o Papa-Pilhas está disponível em todas as unidades do Banco Real.
Também já temos onde levar o óleo de cozinha usado para reciclar! As lojas do Extra, que já reciclam outros tipos de resíduos, como papel, vidro, plástico e metal, reciclarão também óleo de cozinha!
Você sabia que apenas 1 litro de óleo despejado no esgoto polui cerca de um milhão de litros de água ou o que uma pessoa consome em 14 anos de vida?
E ainda provoca a impermeabilização dos leitos e terrenos próximos, contribuindo para a ocorrência de enchentes.
Como fazer:
Depois que o óleo usado esfriar, armazene em uma garrafa PET daquelas de 2 litros, se possível transparente. Tampe bem a garrafa e deposite-a no
coletor de lixo de cor marrom da loja Extra, indicado para esta finalidade.
Todo óleo de cozinha coletado será encaminhado pela cooperativa às empresas recicladoras, que o utilizarão como matéria-prima para a produção de biocombustível.
Se o Extra mais perto de sua casa ainda não tem o coletor apropriado, ligue para o SAC da empresa: 0800-7732732, e peça para que seja providenciado.
Independentemente disso, pare imediatamente de jogar óleo pelo esgoto. Armazene em garrafas e jogue no lixo reciclável, e não no esgoto.
Não esqueça: o Coletor Marrom está disponível em todas as Lojas do Extra.
Se você quer ajudar mais:
Divulgue este e-mail para todas as pessoas que assim como você se preocupa com nosso Planeta.
É assim que ajudamos a construir um mundo melhor.
Júlio César F. Reis
(71) 3273-2291 e 9188-4890
Beijos,
Paulinha
DIVULGUEM!!!
Agora já temos onde levar pilhas/baterias (Banco Real) e óleo de cozinha (Lojas Extra)
A partir de agora as Agências do Banco Real e as lojas do Extra estão com programa de reciclagem.
Sabe aquelas pilhas e baterias usadas que não sabemos o que fazer com elas? Pois é, agora está fácil! Basta levá-las a qualquer agência do Banco Real
e colocá-las no Papa- pilhas. Este é mais um programa de reciclagem promovido pela instituição.
As pilhas e baterias de celulares, câmeras digitais, controle remoto, relógios, etc, contém materiais que contaminam o solo e os lençóis freáticos deixando-os impróprios para utilização, podendo provocar problemas à saúde, como danos para os rins, fígado e pulmões. São eles: cádmio, mercúrio, níquel, chumbo.
Não esqueça: o Papa-Pilhas está disponível em todas as unidades do Banco Real.
Também já temos onde levar o óleo de cozinha usado para reciclar! As lojas do Extra, que já reciclam outros tipos de resíduos, como papel, vidro, plástico e metal, reciclarão também óleo de cozinha!
Você sabia que apenas 1 litro de óleo despejado no esgoto polui cerca de um milhão de litros de água ou o que uma pessoa consome em 14 anos de vida?
E ainda provoca a impermeabilização dos leitos e terrenos próximos, contribuindo para a ocorrência de enchentes.
Como fazer:
Depois que o óleo usado esfriar, armazene em uma garrafa PET daquelas de 2 litros, se possível transparente. Tampe bem a garrafa e deposite-a no
coletor de lixo de cor marrom da loja Extra, indicado para esta finalidade.
Todo óleo de cozinha coletado será encaminhado pela cooperativa às empresas recicladoras, que o utilizarão como matéria-prima para a produção de biocombustível.
Se o Extra mais perto de sua casa ainda não tem o coletor apropriado, ligue para o SAC da empresa: 0800-7732732, e peça para que seja providenciado.
Independentemente disso, pare imediatamente de jogar óleo pelo esgoto. Armazene em garrafas e jogue no lixo reciclável, e não no esgoto.
Não esqueça: o Coletor Marrom está disponível em todas as Lojas do Extra.
Se você quer ajudar mais:
Divulgue este e-mail para todas as pessoas que assim como você se preocupa com nosso Planeta.
É assim que ajudamos a construir um mundo melhor.
Júlio César F. Reis
(71) 3273-2291 e 9188-4890
terça-feira, novembro 20, 2007
E o reveillon?
Bom, consultando as bases começo a perceber que passaremos o reveillon por aqui pela primeira vez em anos - pelo menos no meu caso. Já que todo mundo vai trabalhar ou tá sem grana mesmo, alguém tem algum sugestão???? Qualquer coisa. Até festa no Espanhol conta...e aí? Vamos manter a tradição de reunir ao menos parte dos manelés ou é cada um por si e Deus por todos?
Estarei de férias, então...tanto faz o que ficar decidido.
E aê? Qual a boa?
Deduca@skol.com.br
Estarei de férias, então...tanto faz o que ficar decidido.
E aê? Qual a boa?
Deduca@skol.com.br
AGENDA MANELÉ - ANIVERSÁRIOS
"Não é sempre que se completa 25 anos". foi o que minha mãe disse. E quando mãe fala, é pra obedecer! rsrsrs. Já que ainda tenho razões para comemorar a vida, resolvi fazer uma festinha aqui em casa na próxima sexta, 23, lá pelas 20h30. Caldinho de sururu e cerveja! Como a grana ta curta, contribuições etílicas serão bem vindas. Aquele velho esquema: a galera completa a cerveja pra que a festa não acabe cedo... rs
Acho que quase todo mundo já sabia, mas vale sempre reforçar e avisar àqueles que eu não encontrei essa semana.
Estarei esperando todos aqui!
Então até sexta!
Beijos,
Marina.
Acho que quase todo mundo já sabia, mas vale sempre reforçar e avisar àqueles que eu não encontrei essa semana.
Estarei esperando todos aqui!
Então até sexta!
Beijos,
Marina.
quarta-feira, novembro 14, 2007
Vadão merecia
Em 99 e 2004 estivemos muito perto de sentir esta emoção, mas nossa incompetência, companheira insistente, não deixou.
2004, para mim, teria um gostinho muito especial. Afinal, eu tava lá. Trabalhei por aquilo, obsessivamente, por um ano. Fui e trabalhei em todos os jogos em casa, e na maioria dos jogos fora.
Naquele ano, fui motorista, segurança, espião, psicólogo, torcedor, auxiliar técnico, diretor de vídeo, e, quando dava tempo, assessor de imprensa. Até invadir campo eu invadi.
E fui tudo isso por dois motivos: pela paixão pelo Bahia e pelo Senhor Oswaldo Alvarez, então, nosso treinador.
Em 2004, Vadão fez um trabalho fantástico no meu time. O melhor entre os 19 treinadores que, em seis anos, eu vi passar por lá.
Pegou um clube arrasado pela melancólica e humilhante queda de divisão no ano anterior, e foi extremamente hábil ao conseguir a confiança das duas correntes políticas do clube e tomar o poder para si, sem ferir vaidades dos caciques. E como tínhamos caciques naquele ano.
Vadão não foi só treinador do Bahia. Vadão foi tudo. Cuidava de perto da alimentação à moradia dos jogadores. Implantou uma equipe multidisciplinar. Com ele, pela primeira vez o Bahia teve psicólogo e fisiologista. Ele interligou o futebol profissional e a divisão de base. Dividiu a premiação pelos sucessos do time, os chamados bichos, com os funcionários. Aproximou os atletas dos peões. De mês em mês, o Fazendão era palco de confraternizações, muito churrasco, birita e música, com a presença de atletas, funcionários, comissão técnica e diretoria.
Era dele a última palavra nas contratações, a grande maioria delas justificáveis, pois nas posições que o clube realmente carecia. Com Vadão, o Bahia tinha pelo menos dois jogadores para cada posição. Ele exigia salário em dia, pra todo mundo. “Como é que eu vou ter tranqüilidade para trabalhar sabendo que a tia da cozinha tá sendo despejada?”. Assim ele questionava os diretores.
Com Vadão, o Bahia tinha um padrão tático. Com Vadão, o Bahia não vacilava na Fonte Nova e brocava fora. Com Vadão, o Bahia era o Bahia.
O cara conseguiu, em pouco menos de um ano, o que há mais de 30 os nossos “dirigentes” não conseguem – transformou o Bahia numa empresa harmônica, equilibrada e vencedora.
Eu nunca trabalhei tanto. Além do amor pelo clube e pelo meu trabalho, tinha a satisfação de ver que pela primeira vez no clube eu tava trabalhando pra coisas certas, que tinham uma finalidade, um propósito. Era tudo planejado.
Eu definia com ele os jogadores que seriam mais expostos na mídia em dada semana e os que ficariam fora dela. Ele queria poupar da exposição quem tivesse sendo questionado. E botar os ídolos para porem as caras a tapa. Nunca vi treinador ter essa preocupação.
Diariamente, eu apresentava a ele um relatório com notícias da internet sobre todos os nossos adversários, especialmente o próximo. Quando não achava as notícias na net, eu não me dava de vencido. Corria atrás. E fui antiético. Perdi as contas das vezes que liguei para treinadores adversários e repórteres de outros estados me fazendo passar por André Azevedo, um repórter da Tribuna de Pernambuco, com direito a sotaque e tudo.
E como eu me emocionei em 2004. O Bahia conseguia resultados incríveis. Chegamos a ganhar sete jogos seguidos. 5 fora de casa. Nunca o Bahia ganhara tanto no campo adversário como naquela época. No classificamos para o quadrangular semifinal com a segunda melhor campanha da Série B, melhor média de público, invictos na Fonte. Terminamos a semifinal como líderes. Chegamos com tudo na reta final. Média de 60 mil torcedores por jogo. Francos favoritos a uma das duas vagas em disputa para a elite!
Foi esse sentimento de união, de comprometimento, de orgulho e de amizade por Vadão que me fez executar a maior lambança da minha vida profissional até hoje. Entrei no vestiário, no intervalo do nosso último jogo. Estávamos empatando. Tínhamos acabado de tomar o gol em uma penalidade claríssima. Me deparei com um clima tenso. Jogadores discutindo. Todo mundo puto. O presidente tinha ligado pro supervisor mandar alguém pressionar o árbitro. Vadão ouviu. Quando eu entrei, ele, destemperado, pediu pra q eu fosse lá e peitasse o juiz. Não pensei duas vezes. Esqueci tudo que aprendi que era certo na Facom e na vida. E fui pro palco da maior execração pública da minha imagem. Invadi o campo e parti pra cima do árbitro. Xinguei até a vigésima geração dele. Fui expulso de campo com “roitvailers” da polícia nos meus calcanhares. Só um detalhe: tudo isso transmitido ao vivo pela tv, em rede nacional. Me arrependi pra caralho depois, mas, confesso, fosse hoje, mesmo sabendo que não ia dar certo, faria tudo de novo. Ao menos fica a sensação de ter feito a minha parte.
Não sei porque desgraça, tô cada vez mais convencido de que é mesmo carma, apesar de termos feito tudo certinho, o time não subiu.
A bem da verdade é que, tirando essa parte da maldição, meu amigo Vadão errou. Na reta final, resolveu inventar. Escalou volante no ataque. Inventou de mexer na estrutura tática que vinha dando certo ao longo da competição. Manteve jogador machucado atuando. Afroxou os treinamentos. E, no último jogo, ainda no primeiro tempo, tirou um volante para botar um atacante. Deixou o time vulnerável e perdemos na Fonte Nova quando um simples triunfo nos mandaria de volta à Primeira Divisão e talvez reescrevesse nossa história.
Erros que não abalaram minha convicção – a de que Vadão foi o profissional mais sério e competente que conheci em minha militância no futebol. Fora o fato de ser uma “pessoa humana” (como diria Tony Carneiro... hahaha... ) fora de série.
Erros que também não apagam as coisas positivas do trabalho dele. Uma herança que, se o Bahia tivesse valorizado, certamente não estaria onde está. Vadão saiu do clube como grande vilão. Questionado pela torcida. Espezinhado pela imprensa e pelos dirigentes. O presidente da época apontou-o como maior culpado por nosso fracasso. Não foi. Os amigos não o abandonaram. Na despedida, no aeroporto, quem não era puxa-saco, tava lá. Eu era um deles, apesar da depressão pós-não-subida e da conseqüente raiva da existência da humanidade.
Quis o destino que Vadão desse a volta por cima e levasse o futebol baiano de volta à primeira divisão, não com o Bahia, mas com nosso maior rival. Prova de que soube aprender com os erros. Quer saber? Ele merecia, e muito, mais do que ninguém.
Acabo de ver agora na TV Vadão saindo de campo antes do fim do jogo como CRB, emocionado, cercado por repórteres. Correndo para não participar da festa em campo. Humilde, pois sabe que, sem jogador não se faz nada no futebol. Nada mais justo que eles comemorarem com a torcida. E no meio da confusão, meu amigo e ídolo, sempre pacato e retraído, não se contém, abre os braços e, com três anos de atraso, num misto de alívio, desabafo e emoção, enche o peito e solta: “caralhoooo!”.
Eu aqui do outro lado viajo no tempo e morro de inveja. Puta que pariu, custava ser com a gente? Custava termos subido? Custava termos sentido esse gostinho? A festa não podia ser no vestiário azul, vermelho e branco, há três anos atrás? Eu não podia ta lá agora no vestiário, louco, comemorando? Ele não podia ter soltado o “caralho” antes?
Não vou dizer que torci. Aliás, torci sim, e muito, contra! Meu ódio pela Vitória supera a amizade por Vadão e por qualquer ser humano vivo. Mas agora que não tem mais jeito, fica a satisfação pela volta por cima dele e pela felicidade dos meus amigos rubro-negros, que não sou poucos, e alguns dos manelés são provas vivas disso.
É isso aí. Ano que vem, a corrente pra baixo continua. Resta o consolo que agora meus outros 19 times do coração são de Série A, ou seja, mais fortes. E continuam caindo quatro! Hehe...
Aproveito ainda para, em primeira mão, lançar o grito: "ô... vamu cair negô... vamu cair negô...ô...”
Agradecido a Deus por inveja não matar,
DS.
PS1: Parabéns Vadão.
PS2: Parabéns Vitória, Chico, Boréstia, Zé e cia...
PS3: Apesar da inveja, da falta de perspectiva, da iminente permanência na Série C, da falta de títulos e tudo mais, não troco meu Bahia por nada.
PS4: Nunca esqueçam - tudo que sobe, desce! Infelizmente, a recíproca não é verdadeira....
2004, para mim, teria um gostinho muito especial. Afinal, eu tava lá. Trabalhei por aquilo, obsessivamente, por um ano. Fui e trabalhei em todos os jogos em casa, e na maioria dos jogos fora.
Naquele ano, fui motorista, segurança, espião, psicólogo, torcedor, auxiliar técnico, diretor de vídeo, e, quando dava tempo, assessor de imprensa. Até invadir campo eu invadi.
E fui tudo isso por dois motivos: pela paixão pelo Bahia e pelo Senhor Oswaldo Alvarez, então, nosso treinador.
Em 2004, Vadão fez um trabalho fantástico no meu time. O melhor entre os 19 treinadores que, em seis anos, eu vi passar por lá.
Pegou um clube arrasado pela melancólica e humilhante queda de divisão no ano anterior, e foi extremamente hábil ao conseguir a confiança das duas correntes políticas do clube e tomar o poder para si, sem ferir vaidades dos caciques. E como tínhamos caciques naquele ano.
Vadão não foi só treinador do Bahia. Vadão foi tudo. Cuidava de perto da alimentação à moradia dos jogadores. Implantou uma equipe multidisciplinar. Com ele, pela primeira vez o Bahia teve psicólogo e fisiologista. Ele interligou o futebol profissional e a divisão de base. Dividiu a premiação pelos sucessos do time, os chamados bichos, com os funcionários. Aproximou os atletas dos peões. De mês em mês, o Fazendão era palco de confraternizações, muito churrasco, birita e música, com a presença de atletas, funcionários, comissão técnica e diretoria.
Era dele a última palavra nas contratações, a grande maioria delas justificáveis, pois nas posições que o clube realmente carecia. Com Vadão, o Bahia tinha pelo menos dois jogadores para cada posição. Ele exigia salário em dia, pra todo mundo. “Como é que eu vou ter tranqüilidade para trabalhar sabendo que a tia da cozinha tá sendo despejada?”. Assim ele questionava os diretores.
Com Vadão, o Bahia tinha um padrão tático. Com Vadão, o Bahia não vacilava na Fonte Nova e brocava fora. Com Vadão, o Bahia era o Bahia.
O cara conseguiu, em pouco menos de um ano, o que há mais de 30 os nossos “dirigentes” não conseguem – transformou o Bahia numa empresa harmônica, equilibrada e vencedora.
Eu nunca trabalhei tanto. Além do amor pelo clube e pelo meu trabalho, tinha a satisfação de ver que pela primeira vez no clube eu tava trabalhando pra coisas certas, que tinham uma finalidade, um propósito. Era tudo planejado.
Eu definia com ele os jogadores que seriam mais expostos na mídia em dada semana e os que ficariam fora dela. Ele queria poupar da exposição quem tivesse sendo questionado. E botar os ídolos para porem as caras a tapa. Nunca vi treinador ter essa preocupação.
Diariamente, eu apresentava a ele um relatório com notícias da internet sobre todos os nossos adversários, especialmente o próximo. Quando não achava as notícias na net, eu não me dava de vencido. Corria atrás. E fui antiético. Perdi as contas das vezes que liguei para treinadores adversários e repórteres de outros estados me fazendo passar por André Azevedo, um repórter da Tribuna de Pernambuco, com direito a sotaque e tudo.
E como eu me emocionei em 2004. O Bahia conseguia resultados incríveis. Chegamos a ganhar sete jogos seguidos. 5 fora de casa. Nunca o Bahia ganhara tanto no campo adversário como naquela época. No classificamos para o quadrangular semifinal com a segunda melhor campanha da Série B, melhor média de público, invictos na Fonte. Terminamos a semifinal como líderes. Chegamos com tudo na reta final. Média de 60 mil torcedores por jogo. Francos favoritos a uma das duas vagas em disputa para a elite!
Foi esse sentimento de união, de comprometimento, de orgulho e de amizade por Vadão que me fez executar a maior lambança da minha vida profissional até hoje. Entrei no vestiário, no intervalo do nosso último jogo. Estávamos empatando. Tínhamos acabado de tomar o gol em uma penalidade claríssima. Me deparei com um clima tenso. Jogadores discutindo. Todo mundo puto. O presidente tinha ligado pro supervisor mandar alguém pressionar o árbitro. Vadão ouviu. Quando eu entrei, ele, destemperado, pediu pra q eu fosse lá e peitasse o juiz. Não pensei duas vezes. Esqueci tudo que aprendi que era certo na Facom e na vida. E fui pro palco da maior execração pública da minha imagem. Invadi o campo e parti pra cima do árbitro. Xinguei até a vigésima geração dele. Fui expulso de campo com “roitvailers” da polícia nos meus calcanhares. Só um detalhe: tudo isso transmitido ao vivo pela tv, em rede nacional. Me arrependi pra caralho depois, mas, confesso, fosse hoje, mesmo sabendo que não ia dar certo, faria tudo de novo. Ao menos fica a sensação de ter feito a minha parte.
Não sei porque desgraça, tô cada vez mais convencido de que é mesmo carma, apesar de termos feito tudo certinho, o time não subiu.
A bem da verdade é que, tirando essa parte da maldição, meu amigo Vadão errou. Na reta final, resolveu inventar. Escalou volante no ataque. Inventou de mexer na estrutura tática que vinha dando certo ao longo da competição. Manteve jogador machucado atuando. Afroxou os treinamentos. E, no último jogo, ainda no primeiro tempo, tirou um volante para botar um atacante. Deixou o time vulnerável e perdemos na Fonte Nova quando um simples triunfo nos mandaria de volta à Primeira Divisão e talvez reescrevesse nossa história.
Erros que não abalaram minha convicção – a de que Vadão foi o profissional mais sério e competente que conheci em minha militância no futebol. Fora o fato de ser uma “pessoa humana” (como diria Tony Carneiro... hahaha... ) fora de série.
Erros que também não apagam as coisas positivas do trabalho dele. Uma herança que, se o Bahia tivesse valorizado, certamente não estaria onde está. Vadão saiu do clube como grande vilão. Questionado pela torcida. Espezinhado pela imprensa e pelos dirigentes. O presidente da época apontou-o como maior culpado por nosso fracasso. Não foi. Os amigos não o abandonaram. Na despedida, no aeroporto, quem não era puxa-saco, tava lá. Eu era um deles, apesar da depressão pós-não-subida e da conseqüente raiva da existência da humanidade.
Quis o destino que Vadão desse a volta por cima e levasse o futebol baiano de volta à primeira divisão, não com o Bahia, mas com nosso maior rival. Prova de que soube aprender com os erros. Quer saber? Ele merecia, e muito, mais do que ninguém.
Acabo de ver agora na TV Vadão saindo de campo antes do fim do jogo como CRB, emocionado, cercado por repórteres. Correndo para não participar da festa em campo. Humilde, pois sabe que, sem jogador não se faz nada no futebol. Nada mais justo que eles comemorarem com a torcida. E no meio da confusão, meu amigo e ídolo, sempre pacato e retraído, não se contém, abre os braços e, com três anos de atraso, num misto de alívio, desabafo e emoção, enche o peito e solta: “caralhoooo!”.
Eu aqui do outro lado viajo no tempo e morro de inveja. Puta que pariu, custava ser com a gente? Custava termos subido? Custava termos sentido esse gostinho? A festa não podia ser no vestiário azul, vermelho e branco, há três anos atrás? Eu não podia ta lá agora no vestiário, louco, comemorando? Ele não podia ter soltado o “caralho” antes?
Não vou dizer que torci. Aliás, torci sim, e muito, contra! Meu ódio pela Vitória supera a amizade por Vadão e por qualquer ser humano vivo. Mas agora que não tem mais jeito, fica a satisfação pela volta por cima dele e pela felicidade dos meus amigos rubro-negros, que não sou poucos, e alguns dos manelés são provas vivas disso.
É isso aí. Ano que vem, a corrente pra baixo continua. Resta o consolo que agora meus outros 19 times do coração são de Série A, ou seja, mais fortes. E continuam caindo quatro! Hehe...
Aproveito ainda para, em primeira mão, lançar o grito: "ô... vamu cair negô... vamu cair negô...ô...”
Agradecido a Deus por inveja não matar,
DS.
PS1: Parabéns Vadão.
PS2: Parabéns Vitória, Chico, Boréstia, Zé e cia...
PS3: Apesar da inveja, da falta de perspectiva, da iminente permanência na Série C, da falta de títulos e tudo mais, não troco meu Bahia por nada.
PS4: Nunca esqueçam - tudo que sobe, desce! Infelizmente, a recíproca não é verdadeira....
segunda-feira, novembro 12, 2007
Agenda Manelé
Caros manelés,
30 de novembro como todos sabem, é uma data pra lá de especial. 1979, ano em que desabrochei para uma vida repleta de emoções. Entre bolas dentro, bolas fora, besteirinhas e raros momentos de sanidade, estarei completando 28 aninhos na última semana de novembro, o segundo após casar e me tornar um homem completo. Mas nada seria se não tivesse vocês ao meu lado, por isso a importância deste singelo convite.
Será uma sexta, farei um happy hour lá em casa, a partir das 17 horas, com ensopadinho de moela com pão, beiju com queijo coalho e escondidinho de carne do sol e charque com josefina, tudo em pequenas porções, servidas ininterruptamente.
Visto a atual distância dos manelés, espero que todos possam ir. Como sempre levem cerveja GELADA no lugar do presente.
30 de novembro como todos sabem, é uma data pra lá de especial. 1979, ano em que desabrochei para uma vida repleta de emoções. Entre bolas dentro, bolas fora, besteirinhas e raros momentos de sanidade, estarei completando 28 aninhos na última semana de novembro, o segundo após casar e me tornar um homem completo. Mas nada seria se não tivesse vocês ao meu lado, por isso a importância deste singelo convite.
Será uma sexta, farei um happy hour lá em casa, a partir das 17 horas, com ensopadinho de moela com pão, beiju com queijo coalho e escondidinho de carne do sol e charque com josefina, tudo em pequenas porções, servidas ininterruptamente.
Visto a atual distância dos manelés, espero que todos possam ir. Como sempre levem cerveja GELADA no lugar do presente.
sábado, novembro 10, 2007
Um real a menos
Babel 29-10-07
Por Lívia Nery
Fui obrigada a fazer o Salvador Card esta semana, quando finalmente decidi usufruir dos meus direitos de estudante e pagar meia-passagem nos ônibus de Salvador. No Comércio, o único posto oferecido para emitir primeira e segunda via do cartão me aguardaria com hora marcada, conforme o agendamento que eu havia feito semanas antes. Um princípio de mau humor já se fazia presente, pelos 24 reais que seriam pagos de uma só vez e pelas queixas em relação ao sistema que eu escutei por aí. Depois de subir dois lances de escada me surpreendi com a tranqüilidade e pouco movimento no lugar. Não demorou até que eu fosse atendida.
"Identidade e RM, original e cópia", requereu Marlene do guichê 1, com uma sombra azul ao redor dos olhos no mesmo tom da logomarca do Salvador Card estampada em sua farda. Depois de digitar algumas palavras no sistema ela me convidou a esperar na sala ao lado, onde iam tirar a minha fotografia: "Fotografia?", perguntei surpresa, completamente desprecavida para sair bem na pose, num mau-humor maior do que antes.
Com uma câmera digital e uma tela branca ao fundo, um outro funcionário cujo nome não guardei me recebeu. Preocupado em produzir a tal foto, indicou-me onde deixar bolsa e em que posição ficar. Percebendo que eu não tiraria os óculos escuros, disse que não era autorizado a fotografar assim. Tive que ceder: sem foto, sem cartão. Como toque final da obra, ele ainda me aconselhou retirar os fones de ouvido e consertar a alça do soutien que aparecia e ficava feio. "Tira logo essa foto", respondi ríspida enquanto o mau humor crescia.
Foto tirada, vou ao guichê 3: "Identidade e RM", pediu um outro homem cujo nome eu não fazia mais questão de saber. "Mas eu já mostrei no guichê 1", "Mas eu preciso checar novamente", respondeu. A essa altura RM, identidade e xerox haviam sido esquecidos na sala da fotografia, para onde tive que voltar. "São 24 reais", finalizou o funcionário do guichê 3, me encaminhando ao guichê 7 depois de receber o pagamento. "Identidade e RM", solicitou a funcionária do guichê 7. "Não é possível!", respondi, procurando os documentos que havia guardado na bolsa.
Depois de assinar uns papéis e pegar um comprovante ainda passei pelo guichê 9 para receber o cartão. Foi quando o mau-humor beirou o insuportável ao ver o resultado da fotografia e ter a última surpresa: Os 24 reais, ao contrário do que eu imaginei, não davam direito a doze passagens de ônibus. Eram "só para a confecção do cartão", como me explicou a última funcionária com quem tive que falar. Exasperada e inconformada com o gasto, desisti de pegar a fila para carregar meu recém-adquirido Salvador Card e paguei outros dois reais para voltar para casa, como se não fosse estudante.
Teoria da conspiração
No caminho para casa, fique pensando que tudo fez parte de um complô dos empresários de ônibus — idealizadores e responsáveis pela implementação do Salvador Card na cidade — para retardar o quanto fosse possível meu acesso ao benefício que me é garantido por lei. A demora no agendamento, o atendimento fordista e irritante e, futuramente, a falta de comodidade que eu enfrentaria com poucos postos de recarga e longas filas são uma amostra da pouca importância dada aos estudantes que, para desfrutar do seu direito à meia-entrada, precisam pagá-las antes mesmo de andar de ônibus.
É verdade que muito já se falou, mas nunca é demais lembrar das absurdidades deste que é dos mais eficazes sistema de crédito antecipado de que eu já tive conhecimento. Os problemas são maiores em se tratando dos estudantes: ao contrário das empresas, que recarregam os cartões dos seus funcionários via internet, quem estuda perde tempo e dinheiro para se dirigir a um dos três postos de recarga no máximo três vezes ao mês e pagar valores altos quando, muitas vezes, o costume é receber aos poucos o dinheiro para o transporte. Sistemas como estes deveriam, no mínimo, funcionar como a recarga de celulares, que podem ser feitas em casas lotéricas, supermercados, bancos, pela internet, quantas vezes for necessário.
Condicionar o direito à meia-passagem ao crédito pré-adquirido, por si só, já é uma distorção. Da forma como funciona no Salvador Card, quando os créditos terminam, o estudante paga inteira. O comprovante de matrícula, documento que deveria verdadeiramente garantir os benefícios de quem estuda, é substituído pelo cartão plástico com a conivência de instâncias como Ministério Público e do próprio governo municipal, que, sem fôlego para peitar os empresários de ônibus, perdeu completamente as rédeas do transporte público na cidade.
Como prova da eficiência dos empresários quando o assunto lhes convém, Salvador teve o sistema de bilhetagem eletrônica mais rapidamente implementado em todo o país. Em dois anos os validadores já estavam instalados em todos os ônibus e os vales-transporte de papel extintos. Toda eficiência e tecnologia na bilhetagem contrasta radicalmente com o estado do transporte, cuja frota foi considerada recentemente uma das mais velhas do país (e as passagens das mais caras).
Outros detalhes como o prazo de dois meses para expiração dos créditos e o bloqueio no caso de faltas consecutivas à escola demonstram a vontade incessante das empresas de ônibus em dificultar a vida de quem tem direito a benefícios envolvendo o transporte. A cada reajuste as gratuidades são apontadas como causadoras de déficit nas contas das empresas de ônibus, com a ladainha inaceitável de que operam no vermelho.
Desse jeito, ficou claro porque eu não seria bem-vinda num sistema de transporte coletivo controlado por empresários ávidos por lucratividade: antes de ser estudante, eu era um real a menos em cada passagem.
livianery@nacoco.com.br
retirado de www.nacoco.com.br
Manelé na Tela
Por Lívia Nery
Fui obrigada a fazer o Salvador Card esta semana, quando finalmente decidi usufruir dos meus direitos de estudante e pagar meia-passagem nos ônibus de Salvador. No Comércio, o único posto oferecido para emitir primeira e segunda via do cartão me aguardaria com hora marcada, conforme o agendamento que eu havia feito semanas antes. Um princípio de mau humor já se fazia presente, pelos 24 reais que seriam pagos de uma só vez e pelas queixas em relação ao sistema que eu escutei por aí. Depois de subir dois lances de escada me surpreendi com a tranqüilidade e pouco movimento no lugar. Não demorou até que eu fosse atendida.
"Identidade e RM, original e cópia", requereu Marlene do guichê 1, com uma sombra azul ao redor dos olhos no mesmo tom da logomarca do Salvador Card estampada em sua farda. Depois de digitar algumas palavras no sistema ela me convidou a esperar na sala ao lado, onde iam tirar a minha fotografia: "Fotografia?", perguntei surpresa, completamente desprecavida para sair bem na pose, num mau-humor maior do que antes.
Com uma câmera digital e uma tela branca ao fundo, um outro funcionário cujo nome não guardei me recebeu. Preocupado em produzir a tal foto, indicou-me onde deixar bolsa e em que posição ficar. Percebendo que eu não tiraria os óculos escuros, disse que não era autorizado a fotografar assim. Tive que ceder: sem foto, sem cartão. Como toque final da obra, ele ainda me aconselhou retirar os fones de ouvido e consertar a alça do soutien que aparecia e ficava feio. "Tira logo essa foto", respondi ríspida enquanto o mau humor crescia.
Foto tirada, vou ao guichê 3: "Identidade e RM", pediu um outro homem cujo nome eu não fazia mais questão de saber. "Mas eu já mostrei no guichê 1", "Mas eu preciso checar novamente", respondeu. A essa altura RM, identidade e xerox haviam sido esquecidos na sala da fotografia, para onde tive que voltar. "São 24 reais", finalizou o funcionário do guichê 3, me encaminhando ao guichê 7 depois de receber o pagamento. "Identidade e RM", solicitou a funcionária do guichê 7. "Não é possível!", respondi, procurando os documentos que havia guardado na bolsa.
Depois de assinar uns papéis e pegar um comprovante ainda passei pelo guichê 9 para receber o cartão. Foi quando o mau-humor beirou o insuportável ao ver o resultado da fotografia e ter a última surpresa: Os 24 reais, ao contrário do que eu imaginei, não davam direito a doze passagens de ônibus. Eram "só para a confecção do cartão", como me explicou a última funcionária com quem tive que falar. Exasperada e inconformada com o gasto, desisti de pegar a fila para carregar meu recém-adquirido Salvador Card e paguei outros dois reais para voltar para casa, como se não fosse estudante.
Teoria da conspiração
No caminho para casa, fique pensando que tudo fez parte de um complô dos empresários de ônibus — idealizadores e responsáveis pela implementação do Salvador Card na cidade — para retardar o quanto fosse possível meu acesso ao benefício que me é garantido por lei. A demora no agendamento, o atendimento fordista e irritante e, futuramente, a falta de comodidade que eu enfrentaria com poucos postos de recarga e longas filas são uma amostra da pouca importância dada aos estudantes que, para desfrutar do seu direito à meia-entrada, precisam pagá-las antes mesmo de andar de ônibus.
É verdade que muito já se falou, mas nunca é demais lembrar das absurdidades deste que é dos mais eficazes sistema de crédito antecipado de que eu já tive conhecimento. Os problemas são maiores em se tratando dos estudantes: ao contrário das empresas, que recarregam os cartões dos seus funcionários via internet, quem estuda perde tempo e dinheiro para se dirigir a um dos três postos de recarga no máximo três vezes ao mês e pagar valores altos quando, muitas vezes, o costume é receber aos poucos o dinheiro para o transporte. Sistemas como estes deveriam, no mínimo, funcionar como a recarga de celulares, que podem ser feitas em casas lotéricas, supermercados, bancos, pela internet, quantas vezes for necessário.
Condicionar o direito à meia-passagem ao crédito pré-adquirido, por si só, já é uma distorção. Da forma como funciona no Salvador Card, quando os créditos terminam, o estudante paga inteira. O comprovante de matrícula, documento que deveria verdadeiramente garantir os benefícios de quem estuda, é substituído pelo cartão plástico com a conivência de instâncias como Ministério Público e do próprio governo municipal, que, sem fôlego para peitar os empresários de ônibus, perdeu completamente as rédeas do transporte público na cidade.
Como prova da eficiência dos empresários quando o assunto lhes convém, Salvador teve o sistema de bilhetagem eletrônica mais rapidamente implementado em todo o país. Em dois anos os validadores já estavam instalados em todos os ônibus e os vales-transporte de papel extintos. Toda eficiência e tecnologia na bilhetagem contrasta radicalmente com o estado do transporte, cuja frota foi considerada recentemente uma das mais velhas do país (e as passagens das mais caras).
Outros detalhes como o prazo de dois meses para expiração dos créditos e o bloqueio no caso de faltas consecutivas à escola demonstram a vontade incessante das empresas de ônibus em dificultar a vida de quem tem direito a benefícios envolvendo o transporte. A cada reajuste as gratuidades são apontadas como causadoras de déficit nas contas das empresas de ônibus, com a ladainha inaceitável de que operam no vermelho.
Desse jeito, ficou claro porque eu não seria bem-vinda num sistema de transporte coletivo controlado por empresários ávidos por lucratividade: antes de ser estudante, eu era um real a menos em cada passagem.
livianery@nacoco.com.br
retirado de www.nacoco.com.br
Manelé na Tela
sexta-feira, novembro 09, 2007
quinta-feira, novembro 08, 2007
Eu voltei, voltei para ficar (?) ....
Oi Pessoal, tudo bem? Depois de um ano de muita ralação e aventuras voltei para a boa, quente e aconchegante ssa. Eu queria rever todos vocês, então estou marcando amanhã em Dinha (como nos velhos tempos) pra gente matar a saudade (minha pelo menos) e colocar a conversa em dia. O evento é para casais e não-casados (ciente das polêmicas manelísticas) ;P
Espero todo mundo lá!
bjs
Jennifer
Espero todo mundo lá!
bjs
Jennifer
quarta-feira, novembro 07, 2007
segunda-feira, novembro 05, 2007
sexta-feira, novembro 02, 2007
quinta-feira, novembro 01, 2007
Piadinha para começar bem o feriadão e dar um pouco de felicidade aos tricolores baianos!
E S P A G U E T E
O médico estava tendo um caso com a enfermeira. . .
Após um tempo, ela lhe disse que estava grávida.
Não querendo que sua mulher soubesse, ele deu dinheiro à enfermeira, mandou que ela fosse para a Itália e tivesse o bebê por lá.
_ Mas como vou avisar você quando o bebê nascer ? ? ?
_ Apenas mande um postal e escreva ''ESPAGUETE.'
Cuidarei de todas as despesas da criança.
Sem alternativa, ela pegou o dinheiro e voou para a Itália.
Alguns meses se passaram e uma noite, quando o médico chegou em casa, a esposa disse:
_ Querido, você recebeu um cartão-postal da Europa pelo correio hoje,
e eu não consigo entender o significado da mensagem.
O médico leu o cartão, caiu no chão com um violento ataque cardíaco e
foi transportado imediatamente à emergência do hospital.
O chefe do plantão perguntou à esposa:
_ Aconteceu algo que possa ter causado o ataque cardíaco?
_Ele apenas leu este cartão postal onde está escrito:
_ Espaguete, Espaguete, Espaguete, Espaguete e Espaguete.
Três com linguiça e dois sem.
O médico estava tendo um caso com a enfermeira. . .
Após um tempo, ela lhe disse que estava grávida.
Não querendo que sua mulher soubesse, ele deu dinheiro à enfermeira, mandou que ela fosse para a Itália e tivesse o bebê por lá.
_ Mas como vou avisar você quando o bebê nascer ? ? ?
_ Apenas mande um postal e escreva ''ESPAGUETE.'
Cuidarei de todas as despesas da criança.
Sem alternativa, ela pegou o dinheiro e voou para a Itália.
Alguns meses se passaram e uma noite, quando o médico chegou em casa, a esposa disse:
_ Querido, você recebeu um cartão-postal da Europa pelo correio hoje,
e eu não consigo entender o significado da mensagem.
O médico leu o cartão, caiu no chão com um violento ataque cardíaco e
foi transportado imediatamente à emergência do hospital.
O chefe do plantão perguntou à esposa:
_ Aconteceu algo que possa ter causado o ataque cardíaco?
_Ele apenas leu este cartão postal onde está escrito:
_ Espaguete, Espaguete, Espaguete, Espaguete e Espaguete.
Três com linguiça e dois sem.
Assinar:
Postagens (Atom)