Minhas considerações: Brasil 3x0 Gana

Faltou criatividade no meio. Mobilidade no ataque. Fizemos os gols muito mais pelo erro de posicionamento do adversário que por mérito nosso. O Brasil foi inteligente, mas não foi bem.

Foi inteligente porque soube explorar a ingenuidade africana e as bobeadas da arbitragem, que não viu impedimento claro de Adriano no nosso segundo gol.

Não foi bem porque marcou muito atrás, aceitou que o adversário impusesse o seu ritmo de jogo, deixou buracos na defesa para finalizações perigosas dos ganenses e só não tomou gol porque Dida foi fantástico.

O goleiro rubro-negro, por sinal, calou minha boca. Não levava muita fé nele. Queria Marcos titular, ou Rogério. Mas o baiano foi primoroso hoje. Se rolasse um gol de Gana, empurrada pela torcida, não sei não.

Depois dele, os melhores foram Lúcio (pasmem!), seguro e raçudo, que começou a jogada para o segundo gol; Juan, um monstro na zaga, que merece continuar carregando o título de melhor jogador do Brasil na Copa; Zé Roberto, incansável e eficiente no desarme; e Gilberto Silva, que melhorou, e muito, a qualidade do passe, quando entrou no segundo tempo.

Ronaldo participou pouco, como de praxe, mas por atingir a espetacular marca de 15 gols em Copa, deixando para trás monstros como Gerd Muller, Pelé e Fontaine, merece ser citado. Eu fui contra a escalação dele como titular nesta Copa. Não por falta de capacidade, mas por falta de profissionalismo. Com disse meu ídolo Juca Kfouri em um comentário recente, “um jogador profissional de 1,82m que se apresenta para uma Copa com 93 kg é tudo, menos profissional”.

Mas Ronaldo e Parreira mostraram que eu tava errado e que a genialidade pode superar a falta de preparo físico. Afinal, aquela pedalada na frente do goleirão foi demais. Eu me rendo: viva o gordo!

Cafu e Roberto Carlos foram burocráticos. O primeiro até foi melhor que o segundo, apesar de ter derrubado a tese do nosso companheiro Márcio de que colabora bem com a defesa, já que as melhores chances de Gana aconteceram justamente nas costas dele. Continuo preferindo Cicinho.

Kaká e Ronaldo Gaúcho também foram somente regulares. Kaká se salvou pelo passe milimétrico para o primeiro gol. Ronaldinho ficou longe de ser aquele do jogo com o Japão. Pode render muito mais o rapaz, mesmo jogando fora da posição predileta.

Adriano não jogou nada, perdeu o gol feito porque não teve habilidade para driblar o goleiro, mas tava lá para balançar as redes no segundo gol. Logo, tá aprovado, mesmo assim, para o nosso bem, é bom que Robinho se recupere para o jogo de Sábado.

Parreira foi o grande culpado pela má atuação do time. Ao escalar Adriano e Ronaldo, Kaká e Ronaldinho na frente, perdemos completamente o poder de marcar a saída de bola dos ganenses. Dos quatro, o único que marca mesmo é Kaká.

Com isso o adversário teve espaço e liberdade para conduzir a bola até a nossa intermediária e trocar passes sem o devido combate, já que Emerson estava mal. A postura forçou os zagueiros a adiantarem a zona de marcação e a expor a retaguarda e a própria permanência deles em campo já que, algumas vezes, tiveram que fazer faltas.

O único acerto, mas forçado, de Parreira, foi a substituição de Emerson por Gilberto Silva, no intervalo. Tomara que ele não tenha mais condições de jogar!

Se Parreira tivesse escalado Juninho desde o começo, ao lado de Kaká, no meio, e empurrado Ronaldinho Gaúcho mais avançado, ao lado de Ronaldo, Gana não ia ter tanta moleza. Já disse e repito: o negócio só não empenou porque Gana errou demais, a arbitragem também, e porque os nossos jogadores, tecnicamente, são melhores e fazem a diferença.

Bem, é isso.

Abre o olho Parreira!

Feliz com a vitória, apesar de tudo, e torcendo pela França contra a Espanha, em nome da honra de Ronaldo e pela magia de Zidane, que quero ver mais um pouco,

Dadá Kfouri