quarta-feira, abril 20, 2005

O MÁGICO DE FLOYD

Tudo começou em junho de 1997, quando um DJ de uma rádio classic rock de Boston, nos EUA, disse que o disco "Dark Side Of The Moon", lançado pelo Pink Floyd em 1973, seria uma espécie de trilha sonora alternativa para o filme "O Mágico de Oz". Se você colocasse o disco pra rodar no ponto certo do filme, as imagens casavam perfeitamente com as músicas.
Você ouviu essa história? Bastante gente ouviu. Tanto isso que, uma semana depois, as vendas do disco haviam triplicado.
Funciona assim: você deixa o CD esperando em pause. Assim que, na abertura do filme, o leão da Metro der o terceiro rugido, você solta o pause e deixa o CD rodar. Nem o filme nem o CD devem ficar com o volume alto demais. Você precisa escutar os dois ao mesmo tempo para obter os melhores resultados e perceber as coincidências.
Como a gente sabe dessas coisas?
Você acha que a gente sabe só de ouvir falar? A redação fez o teste. Com o vídeo de "O Mágico de Oz" e o disco "Dark Side Of The Moon" em mãos, a gente saiu caçando coincidências. Desde as mais forçadas até as mais, digamos, claras.
Assim, a gente fez uma espécie de guia para quem quiser fazer a experiência e adiantamos: vale a pena, nem que apenas por curiosidade. Em certos momentos, é de arrepiar. Vamos aos fatos:
- Enquanto Dorothy tenta se equilibrar em uma cerca, ouve-se a letra de "Speak To Me" dizer "balanced on the biggest wave" (balançada pema maior onda). Logo que ela cai, a próxima música, "On The Run", começa.
- Quando um trecho da letra diz "look around", Dorothy olha à sua volta.
- Enquanto Dorothy canta "Over The Rainbow" ela parece observar os aviões que são sugeridos em efeitos sonoros do disco.
- E um momento, o cachorrinho Totó parece dar risada, mas a risada vem do disco.
- Quando a velha rabugenta do filme anda de bicicleta, se aproximando da casa de Dorothy, o disco faz barulhos de sinos e relógios "Time". Esses ruídos param assim que ela desce da bicicleta.
- Quando Dorothy chega ao trailer do adivinho, pode-se ler as palavras "Past, Present and Future" em uma placa. Isso acontece justamente durante o solo de "Time".
- Quando o adivinho diz a Dorothy que ela deveria ir para casa, a letra de "Time" diz "home, home again".
- Quando o tornado começa a tomar forma, a música muda para "The Great Gig In The Sky" (O Grande Espetáculo No Céu). Quando o tornado começa a fazer estragos, a bateria entra.
- Quando a música acaba, Dorothy acorda e abre os olhos.
- Assim que o filme fica colorido - e mais caro - a música muda para "Money" e a sincronia chega a impressionar.
- A bruxa boa mexe em sua varinha como se mexesse em uma guitarra.
- Os anõezinhos Muchkins, que dançam meio desajeitados o filme, parecem que estão dançando a música certa com o disco.
- A bruxa má aprece quando as palavras "black, black" são pronunciadas no disco.
- Enquanto a bruxa boa explica que existe a bruxa má do leste e a do oeste, a letra diz "e quem sabe qual é qual e quem é quem?"
- Quando a bruxa má está em cima da plataforma, ouve-se "up, up" e, assim que ela desce, pode-se ouvir "down, down". Quando Dorothy desce da plataforma, também ouve-se "down, down".
- Quando Dorothy se encontra com o Espantalho, o Floyd começa usar uma guitarra wah-wah. Toda vez que o espantalho fala, a guitarra toca.
- Quando o Espantalho mostra papel em sua barriga, a letra diz "paper boy".
- Ele diz que queria ter um cérebro durante a música "Brain Damage" (dano cerebral).

Tem gente que acredita que, se o disco for tocado duas vezes, a sincronia continua. Para isso, é preciso programar faixa a faixa pra primeira até a última duas vezes seguidas. Como essa não foi a experiência original, decidimos ficar só na primeira passagem do disco.
Vale a pena tentar.
É divertido pra cacete, principalmente quando você junta um monte de gente para catar coincidências. Depois de alguns minutos, todo mundo começa a chegar as sincronias mais estapafúrdias. No caso de "O Mágico de Oz" e "Dark Side Of The Moon" a impressão que se tem é que as coincidências são tão grandes que pode, sim, haver uma sincronia proposital.
A banda, entretanto, nunca confirmou nem negou.
O tecladista, Rick Wright, quando foi entrevistado pela mesma rádio de Boston que levantou a lebre, respondeu com um "imagina..." e deu risada, deixando todo mundo na mesma.
Esse é o tipo de coisa que, para a banda, é bem melhor que continue sendo falada, continue cercada de mistério e tudo mais.
Mistérios e lendas vendem mais discos que as mais poderosas campanhas de marketing .
A diferença é que uma campanha de marketing tem data para acabar.
Um mistério, meu caro, é pra sempre.

EXTRAÍDO DO SITE: http://www.rockwave.com.br/

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