Convite ao desgaste

Para quem padece neste mundo cruel e desolador com um irrequieto espírito atormentado, época de natal é sempre superlativa à dor e à melancolia. Antes, portanto, de nos rendermos ao floral voto natalino de paz e amor, para os obscuros e ácidos devotos da vontade de morrer, se faz necessário o consumo do corpo através do ímpeto auto-destruidor que se absorve pelo fígado e se expele pela bílis. Odeio natal, e eu também. Façamos então um convite ao desgaste e purifiquemos nosso mau humor com o fio da navalha que é alimentar o espírito ébrio e mainardista nessa época de vésperas e confetes.

É assim que venho à pedidos de Sara, por alguns conhecida como senhora Uchoa, por outros, singelamente, senhorita Ulhoa, fazer um convite afim ao exposto acima. Pois bem, assim seja, nesta sexta-feira, dia 17, haverá um culto à perdição (ou festa, como queiram), no apartamento de Sara. Para quem mesmo antes de terminar de ler este convite já prepara os dedos em hesitação, esclareço que a festa não será nos moldes manelísticos, portanto será bem informal, cada um por si, e o diabo por todos. É só levar cerveja.

Antes porém que o espírito jornalístico do nosso hoje produtor, quase cultural, Deduca venha reclamar a estrutura do lead e atentar para a omissão de dois dos seus pilares básicos, o “onde” e o “quando”, preciso em horas, digo como péssimo jornalista que sou e faço questão de ser: não sei. A casa de Sara fica no Porto da Barra, na rua que dá na Associação Atlética, porém é bem mais perto da praia. Creio que seja o quarto prédio à esquerda de quem entra na rua em direção à associação. O apartamento é no segundo andar, e quanto a hora, não importa desde que se chegue depois das dez.

Qualquer coisa, marcamos pra irmos todos juntos, nós manelísticos, partindo de Cira.

Profundissimamente amargurado,

Márcio

P.S.: Hoje vou no Vila Velha para depois tomar uma cerveja e desaguar minha amargura.