Quando conheci Deduca, lá pelos idos de 75, nosso amigo, para delírio de Dadá, ainda sustentava todo o cobre da tez bronzeada de um carioca legítimo. Rapaz esbelto, desfilava sua impudência pelas ruas da cidade maravilhosa, sempre sob uma camisa de algodão do mengão colada ao corpo, sem falar de seu short preto à la Leão, inseparável.
Estava na flor da idade, teenager, com todo o vigor e desfaçatez de uma ninfa carioca. Foi justamente nessa época que o garoto de Copa começava a prenunciar seu inventário de poses, que desenvolveria logo mais tarde ao longo de seus inúmeros books de postura jovial masculina.
Meninote de saúde, aos poucos, no entanto, Deduca foi caindo no mundo prostituído das celebridades. A fama de putão estava lhe subindo à cabeça. Cedo começou a fumar, virou inveterado companheiro do copo, e com toda a sua intemperança frustrada, tornou-se um sujeito de temperamento revoltado e agressivo. Virou então um garoto resmungão, irascível.
Hoje, depois de tanta promiscuidade, assistimos à decadência da putanice de Deduca. Sozinho, abalado, sustenta todo o peso de uma juventude precoce em uma velhice prematura. Deduca hoje morga, se cala, vai dormir no fundo do carro de sua amante Broa, seu último e derradeiro amor, e vai passar o reveillon assistindo tevê, comendo passas e bebericando Martini. Uma pena...
Deduca, ex-maior bebedor compulsivo da galera, ex-poser carioca, ex-putão baiano.
Lamentável
Márcio
quarta-feira, dezembro 29, 2004
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