Um dia, conversando com Ana Paula, bem no seu começo na Folha, ouço: “márcio, a folha é tucana!”. Muito bem. Até hoje guardo indiferença quanto a isso. Não era nada que eu já não suspeitasse, é de bem que se diga; mas se fora a folha petista, seria bom?; esqueci de perguntar.
No entanto aí já se fareja uma injustiça. No mínimo é exagero eu fazer uma suposição desse tipo, uma acusação dessa verve. Por mais que haja influência de decisões editorias (ou do patronato – será?), não imagino que haja patrulhamento partidário, ou mesmo ideológico, dentro da redação.
Certo é que há interesses. (Interesse no entanto não carrega em si caráter negativo). O editor sabe que para uma entrevista com um petista render, ele deve dar a pauta para uma Eliane Cantanhêde; para um I.P. banal, quem sabe, manda um estagiário ou um recém saído do trainee.
Não sei bem onde quero chegar, e não digo nada que não se desconheça (pelo menos para nós), mas parece que muitas vezes esquecemos alguns detalhes. Por mais que enxerguemos patrulhamentos nos meios, não devemos esconder que quem faz o jornalismo são os jornalistas.
Parece um argumento rasteiro e de efeito, de fato é, embora seja verdadeiro e bem justo até. Falo dos grandes veículos de imprensa. Imprensa livre é negócio. E ainda bem. Por assim ser, a notícia se desvincula o mínimo da política, o que possibilita a formação de um ambiente de concorrência.
Eu vejo é que existe um meio onde o jornalismo e os jornalistas disputam reputação. Poucos (a não ser os “dirigidos”) se arriscam a queimar seu filme se aliando à políticos. É mal para anúncio. Por isso inventa-se a dita objetividade, isenção, imparcialidade, para atingir milhões. Vende mais.
Por isso se formou um campo com prestígios, valores, direitos e deveres, e aí foi onde floresceu (que expressão linda!) a ética jornalística. Bom para nós. Você não vai se sujeitar aos ditames do partidarismo se você trabalhar num jornal não-provinciano, ainda mais se for um Bob Fernandes.
Claro é que todos nós temos nossos interesses e nossas paixões e existe uma disputa de forças. A paixão do editor fala mais alto do que a do repórter - pelo menos ele decide de quem é a pauta. Mas nunca vi tanto petista como em faculdade de jornalismo, e não deve ser diferente na Folha.
E já que estou falando da Folha e do seu suposto tucanato, vou mais longe, e até posso estender para o jornalismo em geral, pelo menos o grande, o de massa. Nunca vi tanto esquerdista assinando colunas e artigos de jornal. Intelectuais vermelhos abundam - não só em universidades!
Sei que isso não é o suficiente para dizer que temos um bom jornalismo. Acho o grande jornalismo, o dos maiores veículos, razoável (sem entrar no mérito da democratização dos meios, que defendo, mas com reservas). Sem modéstia opinião, dá para se ter vários lados das questões.
Dito isso, concluo o post. Posso não conhecer as relações escusas que possam existir entre a imprensa e o poder político e o econômico, mas não desconheço os meios por onde eles se podem dar. Mas já falei demais, polemizem agora se quiserem; depois eu continuo e saio da superfície.
Nem era disso que ia falar no começo, mas vá lá, depois o faço.
Amém!
Márcio
domingo, outubro 30, 2005
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5 comentários:
Márcio, vá se fuder com seu texto “genial”.
Desde quando a esquerda é sinônimo de bom jornalismo?! Cuidado gostosão da caneta!
"Nunca vi tanto esquerdista assinando colunas e artigos de jornal. Intelectuais vermelhos abundam - não só em universidades!
Sei que isso não é o suficiente para dizer que temos um bom jornalismo."
Foi justamente o contrário o que eu disse. Se você prestar atenção é uma crítica a esquerda que vê demais direita no jornalismo. Sem ter porque, não é?
E se você prestasse atenção no resto do post, ou mesmo no primeiro parágrafo, perceberia que essa parte que você recortou no mínimo é uma ironia, como as aspas no seu "genial", pela qual agradeço (uma ironia, percebeu?, mas se você quiser eu te digo quando escrever uma, tá? aí outra).
M.
eu não li o post, mas achei uma porcaria. os comentários idem.
ASS: jornalista confesso
É disso que eu gosto, jornalista confesso, sinceridade e coragem e injustiça!
M.
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