terça-feira, outubro 04, 2005

Pergunta que não quer calar

A Folha de São Paulo divulgou, semana passada, que o ladrão e maluco árbitro Edílson Pereira de Carvalho estava cobrando R$ 15 mil por entrevista.

Eis que no domingo o fdp aparece em entrevista exclusiva no Fantástico, falando mil e uma baboseiras, e ninguém questionou nada.

Cadê a ética e a moralidade do Império? Não é corrupção pagar a corrupto? Está certo pagar a um criminoso para obter exclusividade em entrevista? Qual a diferença entre a prática e o mensalão? Ninguém vai investigar isso?

Com a palavra, os jornalistas, postulantes ou agregados deste espaço...

Indignado,

Dadá Sena
Jornalista

19 comentários:

Manelé na Tela disse...

E quem falou que a informação da Folha é verídica? E se for, quem diz que a Globo pagou?

Ele até pode cobrar, está no direito dele; e a Globo, se quiser, pode até pagar, está no direito dela.

O mensalão é outra coisa, é corrupção, e corrupção não é simplesmente o ato de pagar corrupto, é o ato de corromper, o que é um pouco diferente.

E o juiz, embora réu confesso, não foi julgado culpado e pode comercializar o que bem entender, inclusive a sua fala.

Em miúdos...

Márcio

Manelé na Tela disse...

minha caceta...a globo só me paga 10 mil por mês
arnaldo cesar coelho

Manelé na Tela disse...

Não sou Jornalista. Meu ramo é eletrodoméstico...

Chico Eletro

Manelé na Tela disse...

Caro Márcio,

Não vejo motivos para a Folha inventar a história e prefiro confiar na versão do jornal, pelo seu histórico de credibilidade, principalmente no que tange à apuração no noticiário esportivo. Na queda de braço, confio mais na Folha do que em Edílson de Carvalho.

Realmente, não tenho certeza que a Globo pagou, mas os indícios são fortes. Se Edílson estava disponível para dar entrevista, porque não falou com outras emissoras de tv? A informação da Folha foi divulgada antes da entrevista na Folha, e não como represália. Por que, pelo menos, ninguém questiona isso?

Acho até que ele tem o direito de cobrar, assim como achou que tinha direito de roubar. Cada um faz o que quer, mas quem faz o que não pode tem que ser punido. Não vou discutir as atitudes desse vagabundo.

O que estarrece e revolta, a mim, pelo menos, é o fato da Globo ser suspeita de ter pago. Um das maiores empresas de comunicação do país, e, como tal, teoricamente, defensora dos direitos e interesses da opinião pública, na minha opinião, não tem o direito de patrocinar um cara que lesou a imagem da maior paixão dos brasileiros e enganou o nosso povo.

Concordo que corrupção não é simplesmente o ato de pagar corrupto, mas isso é corrupção também. E tem outra, quem é conivente com corrupção, pra mim, também é corrupto. Quem patrocina corrupto, idem.

O fato de Edílson Pereira ainda não ter sido julgado culpado, poder comercializar o que bem entender, ao invés de ser mantido na cadeira, que é lugar de ladrão, é mais um reflexo da bagunça irritante que impera nessa merda de país.

Ainda indignado,

Dadá Sena
Jornalista

Manelé na Tela disse...

Veja bem...

Não é que a Folha tenha inventado a história, não digo isso... mas também não se deve achar que, publicado pela Folha, logo, verdade... Não estou dizendo que eles agiram de má fé, nem tô dizendo que seja mentira... Mas que tal considerar o fato que essa cobrança seja um blefe... Ou se for verdade, e daí?

Você acha que é indício do pagamento da Globo pela entrevista (o que não é crime, diga-se!)o fato dele não ter falado com outras emissoras. Mas que tal considerar o fato que a Globo é a maior rede do país, e o Fantástico o líder de audiência?

Não sei se é apenas por mero prestígio e competência que a Globo consegue os melhores furos, as melhores exclusivas e o maior acesso no que ela quiera. Certamente não é. Mas não ser por competência ou por prestígio também não quer dizer que seja por meios ilícitos.

Influência, camaradagem, simpatia, favor... nada disso é ilegal... você até pode considerar moralmente reprovável, mas mesmo o fato de pagar por uma entrevista não a ninguém penalidade qualquer.

Uma outra coisa a que pediria paciência pra você é o fato do seu estarrecimento pela Globo ter pago pela entrevista. Calma. Fazer um suspeito é mais fácil do que ir ali na esquina. Espere uma conclusão, ou faça você mesmo a sua, pra depois se estarrecer.

Agora, mais uma vez paciência, ou até mesmo cuidado. Pagar pela entrevista desse juíz além de não ser ilegal não é corrupção. Ele não foi corrompido pela Globo e nem está sendo patrocinado por ninguém, que eu saiba (a não ser que, para ambos os casos, você queira empregar um sentido metafórico).

No mais, você escreveu que lugar de ladrão é na "cadeira", foi erro mesmo, ou foi apenas um "erro" com uma vontadezinha de acerto?... já é uma outra polêmica! hahaha!

Morte aos comunistas!

Márcio

E por que não discutir os atos de um vagabundo? Aí é que a coisa fica boa, porra!

Manelé na Tela disse...

Didi,

Rapaz, desculpe, mas eu vejo problema em compra de entrevista, sim. Palavras, idéias, opiniões... recuso-me a reduzir tudo a uma lógica mercantilista. Isso é jornalismo, ou melhor, deveria ser, e não feira. Comprar a palavra e a imagem de um ladrão, para mim, são agravantes. Além do mais, seguindo o pensamento, podemos concluir que quem compra se vende. O meu ideal de jornalismo não é esse. Desculpe se isso cheira a babaquice e alienação, mas penso assim.

Não estou querendo provar que a venda da entrevista é crime. A minha opinião é que é imoral sim o pagamento por entrevista. Sei que uma coisa difere da outra. O agravante no episódio é que a palavra comprada é a de um ladrão confesso. Não questiono os outros métodos citados para a obtenção da exclusividade, como “influência, camaradagem, simpatia, favor, audiência”. Méritos da Plim, Plim.

Admito que exagerei no emprego da palavra “corrupção”. A revolta me levou a isso, mas continuo sustentando a imoralidade do suposto ato. Já fiz minha conclusão e por isso externei o meu estarrecimento. Pode não ser ilegal, mas é imoral.

Sobre o “cadeira” foi um erro, mas pensando bem, poderia ter escrito cadeira mesmo. Ainda assim, a expressão está incorreta. O certo seria pedir cadeira elétrica para esse safado.

Morte aos ainda Petistas, Juízes Ladrões, Emissoras que pagam por entrevista, Lula e Dirigentes de Clubes irresponsáveis que deixam seus funcionários passando fome!

Sempre indignado, apesar das louváveis e inteligentes tentativas de Márcio,

Dadá Sena
Jornalista

Manelé na Tela disse...

Dadá e Didi,
Acho que a discussão de vcs pode ser resumida à dicotomia: Leis X Ética. Se, por um lado, o fdp do juiz não praticou crime de fato por ter (supostamente) recebido pela entrevista, por outro lado, a fdp da Globo deveria, SIM, prezar pelos valores éticos da nossa tão combalida profissão. E neste último ponto, pagar por uma entrevista exclusiva está fora das normas SIM. Pelo menos das normas éticas que aprendemos na faculdade.
Ah, e isso só se essa porra dessa história for mesmo verdadeira...
Abraços,
Dedé (orgulhoso de Dadá por se manter firme em seus ideais. Ah, garoto!!!)

Manelé na Tela disse...

Bom, vejamos agora...

Cobrar para conceder uma entrevista é bem diferente do que cobrar para conceder a entrevista que o pagante quer. Tem um limiar ético entre as duas modalidades. Tênue, mas tem. Diria o mesmo de quem paletra, é diferente palestrar do que dizer aquilo que a audiência quer ouvir.

Certo, mas aí pode-se abrir a prerrogativa, que num mercado mercantil nos faz cogitar, para o bom marketing: se é a palestra que se vende, não deixe de dizer o que seu pagante quer ouvir, da-lhe um paleativo.

Pois bem, tem muita gente que leva a vida assim, diz 1% de coisa nova e 99% daquilo que já se ouviu, só que disfarçadamente, claro - a famosa tautologia.

Mas aonde quero chegar eu? Posso dizer que na pragmática da coisa, "isso se faz todo dia, é de praxe", e de fato o é, Bill Clinton cobra por palestra, Reinaldo Gianecchini pra ir em festa, e juízer corruptos cobram para dar entrevistas.

Mas o que eu quero dizer é outra coisa. Cobrar para dar entrevista não é vender opinião. Iludido quem paga e acredita nisso. Às vezes consegue, quando o comprado age de boa fé; o mais das vezes o que consegue é um blefe, ou como o juiz do caso, uma ironia e outra mentira, e de alguém que beijava imagens de santos antes dos jogos -mas o que esperar de um indivíduo desses, boa fé?

Pois é, existe esse limiar. Comprar entrevista não é comprar a palavra. Ainda mais pra quem vive, ou quer viver, da palavra. Eu até vendo meu trabalho, mas a minha opinião não. E você também. Eu só aconselho a dizer não quando quiserem mais do que uma entrevista, e for um discurso.

No mais, não reduzo isso a uma lógica mercantilista. Mas penso aqui, se formos reduzir mesmo, será que é uma coisa má de per si? Qual é o problema da feira, lá é onde vende frutas, não é? Faz bem a saúde.

Se a Globo pagou pela entrevista (o que duvido) é porque é otária (o que duvido também). Se é imoral, sinceramente, ainda não sei. Será que um ladrão não pode querer levar uma nova vida, na legalidade, com a ajuda de uma emissora de tevê, por meio de venda de entrevistas para o Fantástico?

Quem sabe a Globo não regenera mais um criminoso?

Márcio

Manelé na Tela disse...

Dedé,

Desde quando existe dicotomia entre leis e ética? As leis são imorais? Qual a moral de quem segue leis imorais? E que normas éticas ensinaram na faculdade? Foram aquelas das aulas que a gente filou? E que maneira é essa de falar de ética, acusando, tanto a emissora quanto o acusado, de filhos da puta? Você tem provas ou é só denuncismo? Isso é ético??

Márcio

Manelé na Tela disse...

Cacildis!
Mussum

Manelé na Tela disse...

Hihihihihi,
Zacarias

Manelé na Tela disse...

Didi,
Uma dicotomia não se firma necessariamente a priori, mas pode tb ser instaurada. E foi isso que vc e Dadá faziam em seu diálogo, não percebeu?
Quanto ao modo de falar sobre ética, eu falo sobre essa porra como eu quiser, hehehehe.
Cordialmente,
Dedé

Manelé na Tela disse...

Pois é, Dedé, não percebi.

Talvez seja a inteligência que me falta, ou talvez seja porque não virei um evangélico dogmático que polarizas as discussões através de maniqueísmos!

Se você quiser resumir a discussão a isso, como você já disse que faz a porra que quer, saiba, você resume.

Quando falamos, eu e Dadá, sobre o caso, não duelamos entre ética e lei. Defendi a lei quando se fez menção a "corrupção". Não era. Questionei a ética ao falar de pragmatismo. "É assim e pronto". E mexi com a moral ao ironizar a salvaguarda de um corrupto. Por que não?

Sem cordialidade

Márcio

Manelé na Tela disse...

Quando será que eu volto pro São Paulo?

Dôdo

Manelé na Tela disse...

Só faltou eu entrar nessa conversa!

Dudú

Manelé na Tela disse...

Não concordo nem discordo, muito pelo contrário.
Produtor Cultural

Manelé na Tela disse...

Como queira, caro Didi...
Ainda cordial,
Dedé

Manelé na Tela disse...

Seja feita a minha vontade, Dedé! agora sim parece que você entendeu qual é a minha posição nesse mundo!

Márcio

Manelé na Tela disse...

vive é quem tem dinheiro. aliás, que é da folha... ronaldo também cobra por uma entrevista exclusiva...