segunda-feira, maio 30, 2005

Uma noite de futebol

Para quem reclamava de mim, por nunca ter ido a um jogo de futebol na Espanha, venho aqui me redimir. Na ultima rodada do campeonato espanhol, fui ao estadio ver o jogo entre Mallorca e Betis. Tinha tudo pra ser um jogaco. O Mallorca precisava da vitoria pra nao depender de outros resultados e se manter na primeira divisao. Ja o Bertis queria a vitoria pra garantir a sua presenca na Copa dos Campeoes. Mas, para mim, que nao entendo muito de futebol, o jogo prometia principalmente pelo que diziam os inglessos: todos esgotados dias antes da partida. E pior: consegui um ingresso por pouco mais de 150 reais pra ver um jogo de dois times que nem conheco... Teria mesmo que ser um jogaco!!!

Apesar de tudo, o mais legal foi ver o estadio e a torcida. Cheguei cedo ao Son Moix, tipo uma hora e meia antes do jogo, e fui procurar meu acento. As cadeiras sao numeradas e super confortaveis. Foi a primeira vez que fui a um estadio e nao sai com a bunda doendo. Ao perceber que a minha cadeira estava na fileira 24, uma das ultimas, la no alto, me deu uma raiva so de pensar que tinha um ingresso tao caro pra uma cadeira tao longe. Mas depois de subir todas aquelas escadas, fiquei impressionada como podia ver tao bem dali. E muito legal o estadio. As fileiras sao bem inclinadas, o que permite a ultima cadeira da ultima filira ver tao bem como as especiais. Fui la conferir...

Depois disso, so bateu o arrependimento por ter ido de tenis, baseada na experiencia da Fonte Nova de ter pisado em mijo algumas vezes. Pois aqui, nada disso era pra ser causa de preocupacao. O estadio limpinho, ate cheirava bem. O banheiro, pasmem, branco como o da minha casa, cheirava a produto de limpeza e tinha papel higienico, mesmo depois do intervalo!!!

Ah! Tem as medidas se seguranca. Nao sei como e ai, nao lembro. Mas aqui nao se vende latinhas. So garrafas de plastico sem as tampas. Para nao serem arremecadas. Todas as bolcas e todas as pessoas, sem excessao, sao revistadas. Tudo e super organizado. Mas ao mesmo tempo, nao tem policia entre as torcidas, que se comportaram muito bem. Os policiais no campo ficam sentados em banquinhos e nao usam capacete e armas.

Ja a torcida, era comportada, mas animada. Senti falta das torcidas gritando feito loucos como a Bamor, e das grandes badeiras balancando no ar. Acho que nao e permitido. Mais um medida de seguranca. Mas o show tambem era bonito. Todos de vermelho, tirando os poucos torcedores do Betis (verde e branco), pareciam felizes como se o Mallorca tivesse desputando o trofeu do ano. A festa, depois do jogo, parecia com final de Copa do Mundo. Carros todos enfeitados e buzinas por toda a parte. Gostei. Me senti um pouco no Brasil. Ah! como podia esquecer... o grito da torcida aqui vem de uma musica da Timbalada que ta fazendo sucesso desde o verao passado. Eu, nunca tinha auvido ai e nao sei o nome.

Bem, no final, voltei feliz pra casa. A minha ultima oportunidade da temporada de assistir a um jogo espanhol em pleno estadio lotado, valeu muito a pena. E sai feliz. As duas equipes comemorando o empate no final, foi lindo. O 1 a 1, somado aos resultados das outras partidas, garantiu os objetivos dos dois times. E todos sairam felizes comemorando ao som de "I Will Survive". Foi emocionante... So vendo...

Beijos, Marina. Voltando a atualizar a galera com os acontecimentos daqui. E ainda devendo relatos sobre Paris... Eu sei!

sexta-feira, maio 27, 2005

Pra quem não sabe

Pra quem não sabe, hj (27/05) tem festa na Facom!!! Vão rolar algumas bandas de Rock e uma de Reague... A galera tá marcando...

Borestia

quarta-feira, maio 25, 2005

Re: Aviso Importante

- tá bom então... mas ele só chega às nove.
- será que não tá tarde? de repente ele chega cansado...
- é... mas dê uma postadinha, quem sabe ele liga o computador.
- cê acha? então tá. vou dar uma postadinha...
- dê... ele gosta. fica hoooras na frente do pc rindo com suas postadas.
- sério?
- claro!! cê precisa ver... e clica e desclica, mexe nos arquivos. perde até o sono.
- poxa, que legal. não sabia que ele gostava da minha postada.
- a sua só não. ele a-do-ra todas as postadas, é incrível. tem afixação por postadas...
- nossa! fiquei estupefato. e olha que a minha postada é diária. mas só a minha.
- é... bem que poderíamos trocar mais.
- menino, nem fale! acho essa coisa de trocar postadas bacana.
- jura?
- lógico querido... sou moderníssimo. amo interatividade...
- ah... então posta uma coisinha pra mim. cê posta?
- não sei... eu gosto de você, mas... é que até hoje só postei pra ele. não sei se ele iria gostar...
- ah... só de brincadeira vai... dá uma postadinha pra mim dá!
- tive uma ideia!! cê bem que podia trocar umas postadinhas com chico.
- chico??
- éé..
- ele adora receber postadas... de repente ele gosta de dar também...
- aaaiiii!! que óima idéia... eu vou dar uma postada bem longa pra ele...
- ele vai se derreter... tenho certeza!
- ma-ra-vi-lha!! você me deu uma ótima luz...
- então vai gato, boas postadas com o bofe.
- vai ser uma delícia!!!
- tomara!
- vou correndo preparar o post.
- va lá, e manda brasa...
- vou postar de cum força.
- toda...
- va lá bonito...
- beijú!

Aviso Importante

A partir desta data todos os blogs sob nossa administração terão que ser atualizados pelo menos uma vez por dia, já que o espaço está sendo sub-utilizado por alguns usuários. Favor respeitar esta regra, sob pena de ter o www.manelenatela.blogspot.com retirado do ar. Desde já agradecidos,

Equipe de administração do Blogger.

domingo, maio 22, 2005


Quel: a pessoa por trás das fotos.

Confraternização

Linda. Que pena esse ruído ai do lado.

Que legal...

Xande brincando com o falo.

La ele.

Broa e a fonte da vida.

A GALERA (Que suingue!!)

Broa dorme no mais bom sono (que fofo)

Chuva pra refrescar a cachaça

Xande tomando sua cerva com muito charme (reparem como ele pega no copo)

Zé...

Ele finalmente fazendo alguma coisa

A lua através dos flamboians da tia de Broa

Paulinha a la Gilberto

Pimpão flamenco alucinado

Deduca pose: 74d parte 4 serie A

Itacimirim 2005 - Mateus Chuva de Prata (Em homenagem a...)

Itacimirim - Márcio Platão Diabão.

quinta-feira, maio 19, 2005

Sucesso!

http://www.sucessoemailing.com.br/music/neisa.asp?MAIL=1608&CLIE=31409

quarta-feira, maio 18, 2005

Achados e Perdidos Aniversário de Zé

Carteira de motorista de Carol
Camisa de Darino
Bermuda de Chico
Cd de Zé
Moral de Eduardo

Quaisquer informações favor entrar em contato com o Serviço de Utilidade Pública do Manelé - SUPM

terça-feira, maio 17, 2005

ALGUMAS RAZÕES QUE ATESTAM QUE A FESTA ERA REALMENTE DE ZÉ

 NINGUÉM PEGOU NINGUÉM
 FERNANDA DANÇOU A FESTA INTEIRA
 SEU LUIS FOI
 A CERVEJA ACABOU
 A VODKA TAMBÉM
 CARA DE RATO FOI O ÚNICO QUE TEVE CORAGEM DE BEBER CACHAÇA C/ SIRI
 EDUARDO RECLAMOU
 EU FIQUEI MUITO DOIDO
 TOCOU JORGE BEN E MÁRCIO NÃO GOSTOU
 ALEXANDRE BORESTOU

AINDA MEIO CONFUSO,
BROA.

ALGUMAS RAZÕES QUE TORNARAM A FESTA DE ZÉ ESTRANHA

 DEU MULHER
 MÁRCIO E PEDRO NÃO COLOCARAM MÚSICA DE ELEVADOR
 PIPI FALOU PRA CARALHO
 CARA DE RATO NÃO APARECEU DIZENDO QUE PEGOU UMA UNIVERSITÁRIA NO BANHEIRO
 MÁRCIO NÃO BEBEU
 BEBERAM TODO O REFRIGERANTE
 NINGUÉM RECLAMOU NA HORA DA VAQUINHA
 PEDRO NÃO GRITOU
 ALINE NÃO ENCHEU O SACO DE NINGUÉM
 EM DETERMINADO MOMENTO DA FESTA EU CONVERSEI COM DOIS EDUARDOS(???)
 EDUARDO DANÇOU
 EDUARDO RESMUNGOU COM ELE MESMO
 EDUARDO PEDIU ARREGO E FOI EMBORA ANTES DAS OITO HORAS
 EU ME COMPORTEI
 O CHURRASCO ESTAVA BOM
 ALEXANDRE E CARA DE RATO NÃO COMERAM O RESTO DO FEIJÃO TROPEIRO

Festa sem regitro

Alguém aí pode dizer com detalhes o que aconteceu no aniversário de Zé. Foi a primeira festa da galera que não houve registros fotográficos ou videográficos. No meu caso, alguns registros mentais tb se perderam completamente. Quem sabe Eduardo possa me ajudar!!!

Borestia

domingo, maio 15, 2005

extinção da formação em jornalismo, segundo ele lá...

saiu no observatório da imprensa um artigo de nilson lage que escalda o processo de formação em jornalismo. e a facom... rs. e estética. e semiótica. rs... se liguem: http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=328DAC001

é isso...

quinta-feira, maio 12, 2005

24 anos de um mainardista

O cara é chato!!! Disso todo mundo sabe... Às vezes chega a ser mais chato que Eduardo... Mas uma coisa ninguém pode negar: O nosso amigo Zé é um grande cara. Mais do que isso, um homem de bom coraçâo. Portanto, nenhum dos manelés pode faltar a sua festa de aniversário, marcada para o próximo sábado, dia 14. Adivinhem onde!!! Na churrasquira do condomínio Casablanca, em Piatâ. E dessa vez vai ser churrasco!!! Ainda bem que os mainardistas tb fazem 24 anos...

PS: Contribuiçôes não são facultativas: Levem Cachaça

Borestia

celebração de 24

o 24 é um número de importante representação simbólica para as mais variadas modalidades de fetiche... sem dúvida. entrar no 24 e prmanecer no mesmo por exatamente um ano, no entanto, poderá não ser tão traumático assim. principalmente quando essa entrada se dá por um ato de celebração coletiva com amigos, parceiros e... familiares. é isso. por que não? calma, não se trata aqui de uma apologia às irmãs de brother a serem jogadas na arena repleta de manelísticos hipercriativos quando o assunto é fetiche. ou melhor, celebração de 24.
mas cada caso é um caso. e daí? e daí que com a carta de alforria dada às irmãs (se é que elas existem), só poderia sobrar pras primas. e neste caso, prima capa de playboy não deve se ausentar de tão louvável festejo. nem as primas que não são capa de playboy, mas que esbanjam atributos para ocupar tão singelo espaço devem faltar. e até aquelas que se destacam apenas cordialidade devem faltar, afinal existe um integrante cordial entre nós. em linha geral os manelísticos são versáteis e podem se adaptar facilmente a qualquer tipo de adversidade que possa ocorrer. faça chuva ou faça sol, e não estando necessáriamente bêbados.
sr. amoêdo, de acordo com a graça dos seus próspros 24, recebe desde já esta doce incubência, e assim, tornará ávida as mais mirabolantes peripércias de amigos manelísticos.

boas entradas e feliz 24 (vai passar que vc nem vai ver!).

conselho deliberativo da entidade.

terça-feira, maio 10, 2005

24 anos de um mainardista

O cara é chato!!! Disso todo mundo sabe... Às vezes chega a ser mais chato que Eduardo... Mas uma coisa ninguém pode negar: O nosso amigo Zé é um grande cara. Mais do que isso, um homem de bom coraçâo. Portanto, nenhum dos manelés pode faltar a sua festa de aniversário, marcada para o próximo sábado, dia 14. Adivinhem onde!!! Na churrasquira do condomínio Casablanca, em Piatâ. E dessa vez vai ser churrasco!!! Ainda bem que os mainardistas tb fazem 24 anos...

PS: Contribuiçôes não são facultativas: Levem Cachaça

Borestia

Mudando de assunto...

Como eu tambem ja cansei do assunto futebol, prefiro assistir aos jogos do que ler sobre o assunto, deixo isso de canto. Por agora.

Parece que a minha vida por aqui sera bem diferente da exautiva canadense. Minha vocacao de madame vai ter que surgir nao sei de onde. Porque, como ja disse, trabalho tem um monte, mas ninguem emprega ilegalmente. Ou seja, nada de papeis, nada de trabalho. Dessa vez, o jeitinho brasileiro me deixou na mao. E a polica espanhola ta dificultando. Dizem que eles legalizaram muita gente esses tempos e agora estao fiscalizando pesado. Entao, nada de trabalho.

De certa forma, e muito bom, ja q tenho montanhas pra subir, um sol lindo, um mar azul ate morrer. E amo tudo isso! Mas eu nao nasci pra ficar de banda pro ar. Ou aprendi a ter ferias curtas. Fico agoniada de nao fazer nada. E agora que sei que nao me darao o bendito papel pra trabalho, procuarei outras coisas pra me ocupar.

Comecei pelo esporte e vou jogar futebol! Como Duda dizia que eu ate nao era mal assim, vou me arriscar. Na verdade, foi o que pintou e estou aproveitando tudo o que aparece, pricipalmente de graca. Depois, estou tentando estudar um pouco de espanhol sozinha mesmo. Acho que uma grana sera investida em livros, porque os que tenho sao ruins. E pra completar, tem o ingles, que ja estou esquecendo um pouco, entao resolvi estudar aqui tb. Sozinha. E a parte chata disso. Estudar linguas e um saco, sozinha entao...

No mais, e ver se rola as minhas viagens por aqui por perto. Coisa cada vez mais duvidosa, depois que ficou certo que nao vai entrar mais grana no caixa. Mas a vontade e os planos continuam sendo sul da Franca, um pouco de Espanha, Barcelona, Galicia e tal, e Marrocos. Por enquanto, fico tomando sol, andando de bicicleta, passeando por ai, de bobeira, curtindo. Eta vida boa!!!

Ah! A saudade continua e ja to quase confirmando a minha passagem de volta pra o meio de agosto! Vou voltar pobre, entao separem a cerveja!
Beijao, Marina, morena de novo!

Me intrometendo um pouquinho...

Depois de tamanha discussao sobre futebol, uma vontade de comentar sobre o assunto me deixa meio sem jeito. Afinal, mais ignorante no assunto do que eu mesma, nao consigo achar ninguem. Quem sabe depois de um tempo de pratica, tentando buscar nao sei bem onde o natural talento brasileiro e, de preferencia, evitando confrontos diretos com os "naturalmente agressivos" argentinos. Porque, como voces sabem, meu joelho ainda me impede de dar de caras com certas marcacoes duras, exageradamente vistas tanto em jogos argentinos como em brasileiros. (Lembrei da jogada de Cafu, outro dia ai. Fiquei com vergonha, porque faltou tudo, desde tecnica ate a tao famosa ginga brasileira. Sobrou a brutalidade, talvez "copiada" dos argentinos. Se e que isso e natural deles. Se bem, como disse Duda, Cafu e um "brasileiro". )

E aqui, so pra dizer que assisto um pouco de futebol, me impressionei com a agressividade encontrada nessa rodada do campeonato ingles. Sinceramente, a minha ignorancia no assunto (e venho aqui concordar com Marcio e brigar pelo meu direito de falar mesmo nao sendo uma amante do esporte, muito menos entendida do assunto) fez-se mais ignorante ainda quando assisti aos jogos do futebol ingles (acho melhor da nomes aos bois, pra depois nao dizerem que estou genelarizando a arte do futebol). Posso me lembrar de pelo menos tres agressoes, no meu entender (que, repito, nao e nada entendido), totalmente desnecessarias. Foram trocas de socos, pontapes e tapas entre alguns jogadores. Nao sei se a fama da agressividade dos ingleses ja chegou aos quatro cantos do mundo ou se isso foi um ato isolado. Mas de uma forma ou de outra, todo futebol tem caracteriscas comuns e suas peculiaridades. Algumas delas, totalmente desnecessarias.

E como nao poderia deixar de ser ufanista, ja que, como Marcio disse, e uma caracterisca brasileira, fico com os jogadores tupiniquins. Me perdoem os outros, mas as jogadas de Ronaldinho tem feito o jogo do Barca bem mais gostoso de assistir. Pelo menos pros nao entendidos nao assunto. Se bem que alguns passes dados por ai por outros jogadores, dao uma graca especial aos jogos. Nao sei. Cada qual que fique com a sua caracterisca especial, porque se todos jogassem como Ronadinho, ia ser um saco assistir futebol! A graca esta extamente em ter "tipos" de futebol.

Marina, pedindo desculpas pela intromissao. Mas dizem que brasileiro e intrometido mesmo. Entao estou perdoada!

segunda-feira, maio 09, 2005

24 anos de um mainardista

O cara é chato!!! Disso todo mundo sabe... Às vezes chega a ser mais chato que Eduardo... Mas uma coisa ninguém pode negar: O nosso amigo Zé é um grande cara. Mais do que isso, um homem de bom coraçâo. Portanto, nenhum dos manelés pode faltar a sua festa de aniversário, marcada para o próximo sábado, dia 14. Adivinhem onde!!! Na churrasquira do condomínio Casablanca, em Piatâ. E dessa vez vai ser churrasco!!! Ainda bem que os mainardistas tb fazem 24 anos...

PS: Contribuiçôes não são facultativas: Levem Cachaça

Borestia

domingo, maio 08, 2005

Qual o verdadeiro papel do futebol brasileiro?

Picuinhas a parte, interessante a discussão sobre futebol. Primordialmente, a discussão sobre o papel do futebol brasileiro e sua relação com o argentino. E com o futebol do resto do mundo, diga-se de passagem. Vale ressaltar duas (o)posições importantes e complementares. Antes que um se julgue iluminista e outro se coloque - acredito que ironicamente - no breu das trevas, é preciso que se fale em complementaridade.

O que falta ao jornalismo esportivo brasileiro é justamente o que sobra ao nosso “ignorante” blogger-comentarista. Seus comentários são desprovidos de paixão e a crítica baseia-se simplesmente na observação dos fatos. É simples assim: o brasileiro é realmente tão maldoso, tão preconceituoso e tão técnico quanto o argentino, o inglês ou o italiano. “Mas os argentinos batizaram a água do Branco na Copa de 90...”, defenderia um. É, mas o Túlio matou uma bola no meio do braço e fez o gol que praticamente garantiu o título brazuca da Copa América.

“Mas e a mão de Deus do Maradona?, e as pernadas do Simeone?, e a malícia do Caniggia?”, voltando à carga. Já que o assunto é polêmico, começo a me arriscar. Quem foram os mais maldosos nos últimos confrontos Brasil x Argentina? De longe aponto os brasileiros. E aí entram questões históricas e culturais, que em boa parte são alimentadas por nós, ditos jornalistas esportivos. Os Simeones, Batistutas e Caniggias vivem em nossa memória. E basta uma derrota para algum argentino numa semifinal de Libertadores para que a rivalidade VIRIL seja reacendida. O palco do próximo Brasil x Argentina será uma guerra, criada principalmente pelos jornalistas. Tanto os daqui, como os de lá.

Os brasileiros entram armados quanto à possibilidade de um revide argentino. Os argentinos, alimentados pelos noticiários locais, que sem sombra de dúvida relembrarão antigas e novas pendengas. Aliás, acredito que os argentinos têm duplo motivo de preocupação. Além do citado anteriormente, cria-se a tensão sobre o que se passa na cabeça do brasileiro. Isso, afora a rivalidade que já cerca o clássico.

Nada disso aconteceria se os jornalistas tratassem o fato de maneira correta. É justa a prisão do argentino Desábato? Sim, os crimes, sejam de qualquer natureza, devem ser punidos com o rigor que a lei determina. Mas voltando pouco mais no tempo, quantos casos de racismo antecederam esse episódio no Brasil? E qual foi a punição? Bom, em casos de flagrante pelas câmeras de tv (que, vamos deixar claro, não fica explícito no caso), um ou dois jogos de suspensão e um pedido de desculpas foram suficientes. Em caso contrário, a vida continua. E os torcedores? De onde veio aquela banana no jogo comemorativo da SeleGlobo, como diria o Jornal A Tarde? E qual foi a punição? E abriu-se investigação do caso? A atitude foi menos racista?

A busca pela neutralidade e imparcialidade passa longe da cabeça dos comentaristas esportivos. Pelo amor de Deus, Brasil e Uruguai fizeram uma partida excepcional? O Brasil deu show ao garantir um empate com um gol completamente impedido do Emerson? Os chutes de fora da área do Roberto Carlos são o suficiente?

Nossos jogadores podem ser considerados sim, fantásticos. E esse é o ponto em que discordo em partes dos dois opositores desta pendenga blogger. Não só no aspecto do espetáculo, mas também no caráter eficiência. E discordo de Márcio. Ninguém é tão importante para um grande clube europeu hoje quanto Ronaldinho Gaúcho (Barcelona), Adriano (Inter de Milão) e Kaká (Milan). Me arriscaria a afirmar que o Ronaldo, mesmo não estando em grande fase, decide jogos para o Real Madrid como nenhum outro jogador no mundo. Acredito que dos estrangeiros, apenas o Shevchenko poderia ser enquadrado nessa lista. Quem sabe o Henry, peça fundamental do Arsenal.

Mas quando a questão descamba para qualidade técnica ou habilidade, tenho minhas dúvidas. E aí, meu amigo Borestinha, você é o meu alvo. Ser técnico ou habilidoso vai da forma de jogar de cada país. As características de cada local, como você mesmo citou. O que é ser mais técnico, dar um passe ou um drible preciso? O que é habilidade, colocar a bola no meio das canetas do adversário ou na cabeça de um companheiro na área? Um desarme preciso de um zagueiro me soa tão belo quanto um gol de bicicleta. E viva os Gamarras, Nestas, Baresis e Matheus, tanto quanto os Peles, Ronaldos, Maradonas, Cruyffs e Garrinchas.

Se a questão é espetáculo, ok, me rendo aos últimos. Mas afirmo categoricamente. Ver uma jogada argentina trabalhada em alta velocidade, com toques de primeira e uma conclusão com preciso senso de colocação, me é tão gratificantes quanto ver o Ronaldinho Gaúcho driblar três adversários e encobrir o goleiro. Talvez o primeiro lance seja menos espetacular e vendável, mas não menos belo ou interessante.

E aí retorno a questão. Quem é mais habilidoso ou técnico? O Ronaldinho Gaúcho, que dribla com maestria, ou o David Beckham, que há alguns jogos não vejo errar um passe? No futebol, uns tratam habilidade como capacidade de dar espetáculo, de fazer o impensável. O técnico é tratado como o que cumpre mecanicamente sua função em campo. Se assim fosse, empate em 1x1 entre o brasileiro e o inglês. Não acredito, porém, na prerrogativa (como diria Márcio). Habilidade, em minha modesta opinião, é a capacidade de fazer bem alguma coisa. Ou então, desenhar seria uma habilidade maior do que dirigir ou varrer uma casa. Ambas me parecem habilidades, mesmo que distintas. A técnica para mim, nada mais é do que saber se utilizar das ferramentas que lhe foram dadas e fazer o melhor. No caso do Beckham, o passe, no caso do Ronaldinho, o drible.

Sou insistentemente chato quanto ao tamanho das mensagens, mas dessa vez vou me exceder. Márcio e Borestia o fazem sempre e merecem o troco. Como no início do texto, Márcio já foi o complemento de Alexandre, que esse seja agora o complemento do primeiro. Sem a paixão, o espetáculo do futebol vira “isso”. Um comentário seco acerca do que se viu em campo. Sem cor local, sem emoção, sem carisma.

Analisar uma partida de futebol não é apenas dizer qual foi o placar e apontar os motivos do resultado. É acompanhar com paixão o dia-a-dia dos clubes e dos jogadores e saber que o fulaninho está jogando fora de posição, ou com dores na coxa. É observar que o Ronaldinho joga melhor solto na esquerda do que como atacante no esquema de Parreira. É perceber que o Ronaldo nunca mais será o fenômeno de antes, por que ele mudou sua forma de jogar, por que corre menos, por que está mais pesado. E não só por que está “gordinho”, mas por que optou por um estilo mais brigador, trombador, mais de área.

Quem se envolve no universo do futebol e torce para que um Robinho se destaque, percebe que ele já ganhou alguma massa muscular, não cai mais no primeiro encontrão e aprendeu a bater no gol. Características fundamentais pra que? Para dar certo no futebol europeu. E para dar certo na Seleção Brasileira, que não conta com nenhum “brasileiro” no seu 11 inicial. Para os “leigos”, Dida (Milan), Cafu (Milan), Juan (Bayer Leverkussen), Lúcio (Bayern Munique) e Roberto Carlos (Real Madrid); Juninho (Lyon), Emerson (Juventus), Zé Roberto (Bayern de Munique) e Kaká (Milan); Ronaldo (Real Madrid) e Ronaldinho Gaúcho (Barcelona).

Não há como falar do Flamengo sem a paixão de acompanhar o seu dia-a-dia e descobrir que o time não é ruim só porque não tem dinheiro para contratar. Mas também por que contrata errado, por que tem fama de mau pagador, por que tem um departamento de futebol amador que vive de sugar o clube, por que o recém-reformado gramado da Gávea encheu de água na primeira chuva, por que só agora os contratos das revelações passaram a ser prorrogados com antecedência e por que o futebol carioca há muito vive das glórias do passado. Do tempo onde o Rio de Janeiro tinha o futebol mais bonito e requintado do Brasil. Bahia e Vitória vão pela mesma linha, mesmo que não sejam papões de títulos. Ao bater em Ipitangas, Camaçaris e Camaçarienses, se acham preparados a disputar um Campeonato Brasileiro. Ledo engano.

Faço apenas uma última colocação. Aos que acolheram Márcio como leigo, digo que nunca o vi acompanhar futebol com tanto afinco como nos últimos anos. Não só o brasileiro, como o europeu. E mais, não se nasce apaixonado por futebol, o esporte encanta aos poucos por sua peculiaridade. Pelo inusitado. Pelo surpreendente. Tão surpreendente quanto ver o próprio gastando seu tempo, que não acredito estar tão escasso, assistindo a jogos de futebol e a comentar eventos esportivos. Jornalistas esportivos, segurem-se nos seus lugares. Nasce aqui um cronista esportivo?

Deduca@uol, que já está de saco cheio de tanto escrever, apostando nos novos talentos.

Alguma coisa sobre minha mãe

Agora deixando de lado toda essa pendenga sobre futebol, que já se estendeu demais, vou deixar aqui uma mensagem diferente e mais agradável. Quero deixar aqui um recado pro dias das mães, no genérico e no particular, pois quero compartilhar com vocês alguma coisa sobre minha mãe.

Poucos de vocês conhecem essa pessoa que me jogou no mundo. Uma pessoa agradável e complexa, bem complicada como toda mãe deve ser. Acho que falo pouco dela mas pelo que falo deixo ver o quanto ela me marca: seja no bom sentido quanto também no mal sentido da palavra.

Minha mãe é essa pessoa que me atura, me sacaneia e me mima, já mimou mais, pra caralho. Ela é a responsável direta e indireta pra toda essa minha sensibilidade, carência, romantismo, e seja lá o que for mais. Minha mãe pra mim sempre foi um parâmetro a seguir, a superar e a rejeitar.

Por tudo isso só tenho a agradecer muito e a reclamar um pouco. Por todos os bons frutos que ela me dá eu digo obrigado, por todas as reclamações eu digo que não pedi pra nascer: como é quase dever da mãe ser boa pro filho, é quase um dever de filho ser um mau criado... brincadeira...

Eu não sei se essa mensagem é uma boa homenagem pra minha mãe. Ela nem sequer sabe que tô escrevendo pra ela. Pois enfim, por mais piegas que seja essa mensagem, e eu nem gosto dessas datas comemorativas, só tenho a deixar um beijo a minha e todas as mães que nos aturam por aí.

É isso...

Do filho desnaturado

Márcio

Eu amo muito minha mãe, só não digam isso pra ela...

Pelos bares da vida

Infelizmente, meu caro amigo Márcio, não tenho tempo de responder as suas quatro, diga-se de passagem, cansativas, considerações. Tô saindo agora para cobrir o jogo Ipitanga X Vitória, pelo Campeonato Baiano do Interior. Ainda sou um jornalista esportivo, tupiniquim, de quinta categoria. Quem sabe um dia serei escritor de Blog. A gente se vê pelos bares da vida...

Borestia

sábado, maio 07, 2005

Quarto falemos de polaridades e senso-comum

Eu sei, caro amigo Borestia, que prometi uma resposta em apenas duas partes. Mas você sabe como é, sou um cara vaidoso, e além disso tenho que fazer jus a minha por enquanto pretensão de ser escritor de blog: vou falar agora de algo em que me encaixo no futebol: o senso-comum.

Você bem sabe que o senso-comum tende e deve ficar entre o lugar-comum e as generalidades. Até por isso é comum cair-se no estereótipo e nas polaridades. Podes até encontrar os famosos casos de preconceito ou idéias pré-formadas e repetidas: o senso-comum é afinal bem comum.

Mas há algo que você não pode desconsiderar, mesmo sendo um defensor da elite da opinião sobre futebol: o senso-comum é sintomático. É medida desmedida. E só pra esclarecer melhor o que quero dizer com isso, recorro ao senso-comum de uma frase feita: onde há fumaça, há fogo.

Não tomei Galvão Bueno como parâmetro: tomei a ele, a imprensa esportiva no geral; jogadores e técnico, a torcida, e inclusive você. Esses são os meus parâmetros. Mas o grande problema, no entanto, é que os meus parâmetros não têm outro parâmetro a não ser eles/você mesmo(s).

Estranho, no entanto, é você achar estranho um brasileiro defender um argentino. Por que não podemos defender um argentino? Você não percebe que você pôs aqui uma distinção e quase uma polaridade? Uma distinção que se você se perdoa o exagero podes chamar de discriminação, né?

Mas não vou até aí porque nem sequer quando escrevi o primeiro post quis me referir a Grafite, quanto mais a querer minimizar a história, que por si só já é minimizada. Só fui ao ponto onde você ratifica o “chauvinista”, “egocêntrico” e “xenófobo”: brasileiros não advogam argentinos.

Somos mais do que isso...

Deus é brasileiro

Márcio

Terceiro falemos de particularidades e dependências

Mas eu ainda presumo que você não tenha se cansado, meu caro amigo Borestia, por isso vou continuar te questionando. Dessa vez meu alvo vai ser as distinções que você faz, e particularmente como você gosta de destacar, distinguir, o Brasil e pô-lo num bem alto pedestal.

Antes tenho que dizer que não ignoro nem desconsidero as particularidades do futebol praticado aqui e acolá. Sei que existem diferenças entre as culturas do futebol pelo mundo. Mas isso até é muito claro. A diferença no entanto a que me referi é mais de espelho do que de alteridade.

Uma diferença determinante é que nós não nos vemos no espelho. Somos egocêntricos e só percebemos o outro (como o argentino ou de qualquer outro lugar) quando nos é de interesse, ou quando nos prejudica de alguma forma ou quando nos exalta por mínima coisa possível, veja só.

Como é que você não enxerga que o Brasil é tão violento quanto a Argentina em jogos entre os dois países? Será que você como jornalista esportivo bem informado não vê as estatísticas que comprovam isso? Ou será que talvez como no voto biônico a falta do outro lado vale por duas?

A gente se cega porque somos pretensiosos e temos um rei no próprio umbigo. Como você mesmo disse tem coisas que não são naturais aos outros no futebol (como não é natural o argentino pisar na bola) até mesmo porque só nós brasileiros nascemos com o gen da habilidade futebolística.

É comum, e não natural, nos colocarmos no pedestal...

Márcio

Segundo falemos em semelhanças e diferenças

Bom, meu caro amigo Borestia, agora vamos entrar numa seara que confesso é mais sua do que minha. Mas como já disse que sou um implicante e um intrometido, como o Renato Machado, não ouço conselhos como os seus, e como ignorante que sou, continuo espalhando minha ignorância.

Falemos do futebol brasileiro e falemos também de semelhanças e diferenças. Não disse que o futebol brasileiro é idêntico ao do resto do mundo. Após citar um dos exemplos de casos que são normais no futebol mundial, disse que, “grosso modo”, o futebol tem lá as suas generalidades.

Veja bem a diferença: disputas e brigas dentro de campo acontecem onde quer que for, quer seja aqui, no futebol gaúcho, baiano, catalão, galego, bretão, onde for: seja catimba, roda de bobo, o pé encima da bola na beira do campo, isso tudo roda o mundo, não é exclusividade tupiniquim.

Por isso, meu caro Borestia, fiz questão de assinalar a diferença do “futebol brasileiro” e o “futebol dos brasileiros” e ainda fiz questão de distinguir o futebol brasileiro do futebol que os brasileiros, como você, querem acreditar que têm. E você quer que te diga que futebol é esse?

Pois bem, eu te digo: você e muitos que pensam como você acreditam na patente brasileira no futebol: o drible é nossa exclusividade, só nós podemos pisar na bola e ser futebol arte e não provocação, só nós podemos ter gênios – e os gênios dos outros deveriam ser nossos, daqui, né?

Pra mim é pretensão, elitista até...

Márcio

Primeiro falemos de autoridade ao falar

Borestia, meu querido amigo, a minha resposta pra ti vai vir em duas. Primeiro vou contra uma carapuça que se revela e muito me decepciona vindo de um amante do povo, da democracia e da igualdade como você, romântico, idealista, um defensor nato do hoje em dia não sei mais o quê.

Eu confesso que me surpreendo com tamanho corporativismo, se a palavra aqui se aplica, que você demonstra ao excluir as críticas dos não-entendidos. Coitados de nós ignorantes que nem bem abrimos a boca e já temos o nosso discurso invalidado só pelo fato de não sermos iguais a você.

Uma pena porque até gosto de pegar no seu pé e questionar com meu senso-comum seu inquestionável saber elitista. Mas por outro lado talvez seja bom pois ninguém a não ser os ladrões poderão discutir sobre ladroagem, assim como os sábios só podem falar com sábios sobre sabedoria.

Talvez eu que não gosto do povo e não gosto de diferenças deva assumir o seu discurso. A política que fique com os políticos, a justiça que fique com advogados e juízes, a religião e a crença em deus que fique com padres e papas. Cada macaco no seu galho: ainda posso usar corporativismo?

Mas quem sabe você não seja um revolucionário, Borestia, e preveja a exclusão do povo da política, a torcida do futebol, o fã da música, o cinéfilo do cinema: vamos transformar esse mundo em patotinhas e clubes do bolinha e vamos deixar o Renato Machado com seus vinhos!

E queijos...

Márcio

Maradona devia ter nascido no Brasil

Verdade Marcio! Futebol é pra quem conhece! Aliás, vc me lembra Renato Machado comentando futebol. O cara é apresentador do Bom Dia Brasil, especialista em queijos e vinhos, e se mete a falar de Seleção brasileira. Piada... Imaginem um faconiano, fanzoca do Nirvana, tirado a escritor de blog, e morador do Itaigara, dando uma de cronista esportivo. Lamentável...

É até plausível o fato de o Sr auto denominar-se, mesmo que de forma irônica, ignorante no assunto. Realmente! Afirmar categoricamente que o futebol brasileiro é semelhante ao argentino e ao do resto do mundo, não passa de IGNORÂNCIA. Afinal de contas dentro do próprio futebol brasileiro existem inúmeros “futebóis”. Ou será que o futebol gaúcho, que privilegia a forca, a marcação e o jogo aéreo é igual, por exemplo, ao paulista, carioca e até baiano?

Não por caso, o futebol do sul do país e bem parecido com o futebol argentino, ambos são semelhantes ao futebol europeu, e completamente diferentes do futebol asiático, conhecido pela pouca técnica e grande velocidade.

Só p/ dizer que o nosso futebol é completo. Não somos apenas diferentes dos demais. Somos, sem medo de errar, os melhores. Às vezes me pergunto o que seria do mundo futebolístico sem o futebol brasileiro. Eles dependem da gente. Dependem da habilidade dos nossos jogadores. Os maiores clubes e os principais campeonatos do mundo estão abarrotados de brasileiros.

Não é o caso de dizer que somos bons moços e os argentinos maldosos. O fato é que eles tentam nos parar na porrada mesmo! A habilidade que sobra pra gente falta p eles. Não é a toa que, na Argentina, Maradona é tratado como rei. Pelo que fez em campo arrisco a dizer que MARADONA DEVIA TER NASCIDO NO BRASIL. Depois de Dieguito qual foi o outro jogador argentino que ficou conhecido mundialmente pela habilidade? Talvez Ortega ou até Tevez. E só... No Brasil, antes e depois de Pelé existiram milhares. É por isso que, quando Tevez prende a bola e pisa encima dela, soa como provocação. Não é natural do futebol argentino...

Daí dizer que isso é Xenofobia? E colocar Galvão Bueno como parâmetro dessa xenofobia? Não resta dúvida que é uma simples rivalidade do futebol. Nesse caso uma forma de minimizar a atitude racista do zagueiro argentino contra Grafite. Como se o preconceito estivesse do nosso lado, quando, na verdade, o preconceito existe dos dois lados.

Estranho sim, é um brasileiro se dispor a defender, de forma heróica, os “honrados” e “destemidos” argentinos, contra os “chauvinistas”, “egocêntricos”, e “xenofóbicos” brasileiros. Isso sim é MANIQUEISMO.

Do "Expert",

Borestia

sexta-feira, maio 06, 2005

Se me chamar, eu vou...

Caso haja alguma programação "galera" no dia de hoje (sábado, 6 de maio de 2005), a partir das 22h30, após o clássico entre Bahia e União Barbarense, favor convocarem-me (via celular). Estou livre e ávido pelo reencontro com os diletos colegas.

Beijos a todos,

Dadá "Só-Dadá-mesmo",
Com saudades da galera

O mundo particular do futebol dos brasileiros

Cada dia que passa e cada comentário que ouço a respeito me convencem de que não entendo nada desse futebol dos brasileiros. Há quem defenda que por causa disso os ignorantes devem se calar, só apenas os letrados, diletantes e “experts” tem direito a voz – não é mesmo, Borestia?

Mas como eu sou ignorante e insistente e implicante eu ignoro esse pressuposto. O mundo particular do futebol dos brasileiros me atordoa com suas veladas prerrogativas. Eu confesso que talvez seja a minha inocente ignorância que se estarrece com nosso corporativismo futebolístico.

Hoje mais uma vez ouvi aquela imagem traduzida em comentários do futebol brasileiro como o justo e o bom e o verdadeiro. E não é só “corporativismo” o que aqui aparece. Nosso mundinho futebolismo também está repleto de pretensão preconceituosa e chauvinista e xenófoba até.

Dizem alguns que sou chegado num exagero quando não se percebe que exagero é se cegar quando ele não existe. Ontem mais uma vez vi aquela história entre brasileiros bons-moços e argentinos maldosos, entre “las gallinas” com síndrome de vítimas e o mau caratismo portenho.

Uma história já antiga, final da Copa América, Brasil vs Argentina, Tevez e o respeito ao futebol pentacampeão. A cena é conhecida: Tevez com a bola vai pra linha de fundo pra ganhar tempo, prende a bola e põe o pé encima dela; erro grave para o brasileiro, olha que cena de desrespeito!

Tevez por causa da atitude em menos de um minuto tomou umas boas entradas violentas, tanto é que foi substituído pelo técnico argentino para não gerar briga. Eu até entendo a violência desse tipo, acho natural pra quem está perdendo se irritar quando entra na roda e começa a tomar olé.

O que eu não aceito é a reação da imprensa e dos jogadores dizendo que aquilo é falta de respeito com o futebol brasileiro, o pentacampeão. Galvão brada contra os conhecidos catimbeiros, “isso é um desrespeito”, e os jogadores no final do jogo reclamam, “bla bla bla”.

Vá lá que ninguém presta muita atenção para o que os jogadores falam, no fundo voz de papagaio que repete a voz da imprensa, do senso-comum e deles próprios (haja pleonasmo e preconceito!). Mas foda mesmo é ouvir até o nosso técnico, tão inteligente e razoável, levar a conversa adiante.

Por deus, vocês que acreditam, me respondam o que era aquele Denílson que entrava no final do jogo para prender a bola nas laterais e no fundo do campo para mostrar a magia e o gingado do futebol brasileiro? “Pra cima deles Denílson!”, bradava o outro, “esse é o futebol brasileiro!”.

É isso desrespeito? Se for o Brasil já deveria ter sido preso por tanta injúria desde há muito tempo. Afinal nós somos campeões em dribles, toque de bola, rodas de bobo, não é assim mesmo? Mas é que nos acostumamos a ver o Garrincha e seus “Joãos” como arte, e a Tevez não.

Esse é apenas um caso dos que aparecem em todo jogo no futebol brasileiro e marroquino e inglês. O futebol brasileiro é igual grosso modo ao futebol do resto do mundo. Os xingamentos e humilhações são os mesmos. Diferente é o futebol que os brasileiros querem acreditar que têm.

O mundinho particular do futebol dos brasileiros é um mundinho que se estende e é extensão dos outros mundinhos que se proliferam pelo país. Temos mania de vítimas e de reclamação e gritamos tanto que não ouvimos quanto nossa própria voz é egocêntrica e preconceituosa e maniqueísta.

Do ignorante

Márcio

quarta-feira, maio 04, 2005

Voltando pelas beiradas

Há um bom tempo atrás teve um carinha aí meio trágico que formulou uma tese sobre um eterno retorno, que outro carinha menos louco porém com mais senso de humor e mais contemporâneo nosso chamou de forma singelamente poética de dar nome as coisas que estão sempre voltando.

Pois então eis esse mais um retorno que se eterniza, ou uma volta que está sempre a voltar, afinal. Mas na verdade o que vou tratar aqui não é bem do meu retorno, que guardadas as devidas proporções nada tem a ver com a tal tese afinal, foi só um meio de causar expectativa.

Acabara eu de entrar na internet e despretensiosamente lia meus e-mails quando vejo uma caixa do msn abrir. Não reconheci quem iniciava comigo uma conversa, já que essa pessoa se escondia com um nick que na verdade era está citação: “eu não saio daqui sem ver ele sair da água”.

Porém mais estranhas que a acunha com a qual essa pessoa se nomeava eram as palavras com as quais ela iniciava a conversa. “Você não imagina a pessoa com quem estou falando aqui no msn”, foi o que li. Pensei, “pô, no mínimo dei o meu contato pra alguma nigrinha que conheci por aí”.

Mas bem antes que vocês me indaguem com seus dedos se eu ando conhecendo ‘nigrinhas’ por aí e se nesse termo se esconde algum cunho racista, digo que não, essa ressalva é só mais um motivo de evasiva pra retardar aqui o rumo do relato e para criar mais um pouco de expectativa.

Enfim a ‘nigrinha’ em questão era Borestia. Era ele que estava por trás da lamentável citação, era ele que iniciava uma conversa entre amigos com uma nigrinhagem típica de namoradinhos pernambucanos que dizem: “desliga você primeiro... ainda não desligou?... não?... desliga você”.

Antes no entanto que vocês comecem a devanear sobre relações veladas entre nós dois, digo que logo após a estupefação do inusitado início de conversa, minha surpresa pacificou e a empolgação romântica de Borestia se justificou quando ele revelou com quem afinal estava falando no msn.

Quem apostou como eu que se tratava de Chico Science, errou, assim como que aposta suas fichas num tal de Serafa, o francês. Borestia virara ‘nigrinha’ por um antigo caso seu, um tal de João, o mineiro, com quem ele dera o bizio em Barra Grande numa ocasião especial: o reveillon.

Eis portanto as coisas que estão sempre a voltar num eterno retorno, pois era assim que eu lia na conversa com o nosso querido Borestia, o saudoso, toda a sua emoção revestida em frases como “eu estou emocionado”, “mineiro é gente fina” ou “ele diz que se eu chamar, ele vem mesmo”.

Pois é, preparemo-nos ou nos acostumemos, pois pelo que ficou da nossa conversa parece que Borestia, o ambíguo, disse que vai “chamar mesmo”, e se esse encontro se tornar realidade, provavelmente em Lençóis, só nos restará ouvir toda aquele linguajar novamente e dizer “nóóó”.

Borestia reservou já o seu...

Lá ele...

Márcio

Quando eu digo que todo argentino é viado... Posted by Hello

domingo, maio 01, 2005

Vai ver que estou agindo por interesse próprio, mas não acho certo que alguém vá para a cadeia simplesmente por causa do que escreveu ou disse. Ainda que xingamentos racistas sejam uma forma odiosa de agressão, considero que uma boa multa e algum tipo de sanção pesada no plano da Justiça Desportiva sejam suficientes, caso fique comprovada a culpa do jogador argentino Leandro Desábato.
A notícia já ficou meio antiga: ele foi acusado de insultar o brasileiro Grafite, do modo mais preconceituoso possível, durante um jogo da Taça Libertadores. Mas não vou comentar diretamente o episódio.
Até porque fico um pouco em dúvida. Embora tenha havido exagero no caso, senti uma ponta de orgulho ao pensar que, diante da opinião pública mundial, o Brasil deixou claro que racismo, aqui, é tratado com tolerância zero... Ou que, pelo menos, existem instrumentos legais severos para coibir o preconceito.
Deixo o assunto nesse pé, convencendo-me, com certo alívio, de que, afinal, não preciso decidir nada de uma vez por todas. E o tema deste artigo é outro. Topei com ele numa banca de jornal. Trata-se de uma revista, ou melhor, de um livrinho, de cerca de 80 páginas, produzido pela On Line Editora e dedicado exclusivamente a uma paixão brasileira: as piadas de argentino.
São 478 piadas, segundo a capa, "para você morrer de rir". Aqui vão alguns exemplos.
"O que dá um cruzamento de um paraibano com um argentino? Resposta: um zelador que acha que é dono do prédio."
"O que se deve jogar para um argentino que está se afogando? Resposta: o resto da família."
"Por que não há terremotos na Argentina? Resposta: porque nem a terra os engole."
"O que significa uma Kombi com um argentino caindo num penhasco? Desperdício: a Kombi poderia estar cheia."
"Por que os argentinos não brincam de esconde-esconde? Porque ninguém os procura."
Não cito as piores de todas nem as mais características. Com exceção da piada sobre o zelador, que leva a efeito uma dupla agressão, os exemplos acima não insistem na tecla da arrogância, do ego inflado que se costuma atribuir aos argentinos.
O que me pareceu curioso nessas piadas -e há muitas outras do mesmo tipo- foi o fato de expressarem um tipo de ódio ou de desprezo bastante indeterminado. Não apontam um defeito específico (real ou suposto) dos argentinos, mas servem apenas para dar vazão a uma inimizade que poderia, se assim quisessem os organizadores do volume, voltar-se contra japoneses, nordestinos, gaúchos, cariocas, ingleses, negros ou... brasileiros em geral.
Muitas das piadas do livro, aliás, parecem adaptações de velhos sucessos contra gaúchos ou campineiros. Houve uma época em que virou moda chamar de gays os nascidos em Campinas ou Pelotas: no livro, os argentinos ficam com essa fama também, numa contradição com o estereótipo mais comum a seu respeito. Outras anedotas os acusam de burrice, o que serve mais para atualizar antiqüíssimas piadas de português do que para extravasar nossas críticas ao país irmão.
Mas esse deslocamento, essa "troca de vítimas", não deixa de ser interessante. Posso imaginar que tenha existido ressentimento contra o colonizador português e que, aos poucos, isso tenha diminuído. É possível que, contra os gays, as piadas tenham um efeito psicológico claro: o de exorcizar os fantasmas que ameaçam a própria identidade sexual do sujeito que se acredita "macho 100%".
Mas o que os argentinos fizeram contra nós, além de ganhar algumas partidas de futebol? E qual o fantasma que, debochando deles, queremos expulsar de nós mesmos?
Seria preciso pesquisar, mas acho que o início das piadas de argentino coincide com nosso turismo de massa rumo a Buenos Aires e Bariloche, a partir dos anos 70. E com a crise do milagre econômico, pouco depois.
Defrontamo-nos com uma dupla experiência. Primeiro, pudemos tomar contato com uma cidade incrivelmente mais "civilizada" e "européia" do que as nossas. O aspecto mais antigo, mais estável e refinado de Buenos Aires -e de seus pedestres de terno e gravata- pode ter substituído, em nosso imaginário, o lugar do "povo mais velho", do "passado europeu", ocupado pelos portugueses.
A animosidade contra esse passado me parece menos importante, contudo, do que um outro sentimento, a saber, o medo da nossa própria arrogância, da nossa própria mania de grandeza. Todos os ideais de "país do futuro", de "Brasil grande" etc., vigentes até a década de 80, foram sendo amargamente contestados pelos fatos. Conhecemos crises e mais crises na economia, muito semelhantes às vividas pela Argentina.
É assim que, rindo das pretensões de superioridade do país vizinho, de alguma forma esquecemos o ridículo das nossas.
Preconceito contra argentinos? O termo tem muitos significados. Mas doses de raiva certamente existem. Algumas das piadas do livrinho que comprei são puro xingamento, coisa impublicável. Outras são até engenhosas ou não necessariamente antipáticas. "Segundo recentes estatísticas, de cada dez argentinos, 11 se sentem superiores aos outros." "Por que os argentinos saem para a rua quando está relampejando? Porque dizem que Deus está tirando fotos deles."
Talvez, nas piadas de argentinos, estejamos tirando fotos de nós mesmos também. E é possível que Leandro Desábato -sem querer desculpar o caso do jogador- esteja pagando por um racismo que é, acima de tudo, propriedade nossa.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2704200519.htm

MARCELO COELHO
coelhofsp@uol.com.br