1. Não lucraria mais – econômica e publicitariamente - o clube médio que realizasse um bom campeonato na série b do que um clube médio que realizasse um mau campeonato na série a?
2. As cotas de tv e a ajuda da CBF para os times da “primeirona” compensam os clubes diante de uma má campanha - com estádio vazios, torcida reclamando e jogadores e comissões técnicas desestimulados?
3. Por que não fazer como na Inglaterra e nos EUA e desvincular (pelo menos publicitariamente) os campeonatos de futebol, não subordinando um ao outro – não deve ser péssimo vender um produto cujo nome é “Série B” ou “Segundona”?
4. Quando, afinal, as redes de tv deixarão totalmente a promoção dos eventos que transmitem a cargo das equipes de marketing e os reforçarão através de suas equipes de publicidade, não confundindo estas com o trabalho jornalístico?
Umas perguntas para mudar de assunto.
Até.
Márcio
sexta-feira, novembro 10, 2006
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Um comentário:
Respostas:
1 - O mesmo time ganha mais dinheiro no ano que cai para a Série B do que na temporada que sobe para a A. Isso porque, na A, mesmo que o público do estádio seja zero em todos os jogos, a cota de televisão, que corresponde a aproximadamente 70% de sua receita (isso considerando um clube de pequeno e médio porte), é o dobro do que ele receberia na Série B. A presença de público no estádio não compensa isso. Em clubes com boas médias de público, como o Jahia, a grana das bilheterias não passa de 30% da recita total no ano. Além disso, os times que ganham a Série B não recebem nenhum tipo de compensação financeira da CBF. Portanto, é muito melhor ficar na rabeira da elite do que ser o bam-bam-bam dos fudidos;
2 - Diante do exposto acima, dá para perceber que, financeiramente, compensa sim;
3- Eu acho que não adiantaria "maquiar". Todo mundo saberia que um é o melhor, pelos benefícios que traz ao público e a visibilidade na mídia, e o outro é menos prestigiado. Além disso, nos EUA, as competições não estão atreladas a vagas a torneios internacionais, o que é a grande motivação dos eventos de futebol no Brasil. Nos States, os campeonatos se encerram neles mesmos. Por isso não há essa relação de interdependência. Aqui não. Todo mundo quer ser Campeão Brasileiro para disputar a Libertadores e, posteriormente, o Mundial. Todo mundo quer ser Campeão da B para ir para a A e, assim, sucessivamente. Já foi pior vender a Série B. Hoje, não é. Garças às quedas de clubes tradicionais a partir do final da década de 90, como Bahia, Fluminense, Palmeiras, Grêmio, Botafogo e Atlético/MG, a televisão começou a dar maior cobertura à competição. Foi criada uma entidade para gerenciar a série B, a FBA, que negocia direitos de transmissão e a parte publicitária da competição. Hoje a grande desvantagem da Série B é que ela não é transmitida em rede nacional em TV aberta e que a cota de televisionamento dos clubes é a metade da Série A. Ainda assim, o primeiro jogo da Série B transmitido pela Globo para todo o Brasil em sua história (Náutico x Grêmio, o jogo que virou filme, no ano passado e decidiu de forma dramática o retorno do tricolor gaúcho para a primeira divisão), foi a maior audiência do ano no horário – um sábado de tarde. A Segundona agora é um campeonato rentável, muito bem organizado, com boa visibilidade na TV aberta e com a maioria esmagadora de seus jogos transmitidos nas TVs fechadas. Os patrocinadores atualmente encaram a Série B como uma baita oportunidade de negócios, tanto é assim que todas as suas cotas de patrocínio do televisionamento pelo próximos 7 anos já está comercializada;
4 - Pela minha ainda pouca experiência trabalhando em TV, acho que isso é impossível. Por mais que se tenha uma certa relação de autonomia e independência do departamento de jornalismo com relação ao comercial, e se procure sempre evidenciar isso, interna e externamente, o jornalismo de uma TV jamais deixará de promover um evento de sua emissora. Pensar o contrário é utopia e irracionalidade, convenhamos. Inclusive, nos pacotes de patrocínio de projetos, não só esportivos, existe uma propriedade comercial chamada Vinheta de Bloco (VBL), que é uma chamada patrocinada do campeonato, no intervalo nos programas jornalísticos que, necessariamente, deve ser conter no bloco anterior ou posterior à VBL, uma referência sobre a competição. É o famoso “Futebol 2006”, que aparece nos intervalos da Globo, uma vinhetinha com uma música de fundo, seguida das assinaturas dos patrocinadores. Pode ser uma matéria ou uma nota. Agora, o que se faz é reservar ao jornalismo o direito de falar bem ou mal sobre a competição promovida pela emissora. Você acha que o diretor de jornalismo vai mandar bater? Claro que não. Mas o direito é reservado. A TV não vende o conteúdo jornalístico, mas o espaço nos programas desse cunho. O que, de certa forma, dá no mesmo. Entretanto, isso não impede que o jornalismo da Globo, por exemplo, meta o pau na administração de um estádio quando há invasão de campo ou briga entre torcidas em um jogo no Campeonato Brasileiro. Como também a emissora não deixou de descer o sarrafo na organização da competição do ano passado quando houve o escândalo da arbitragem, por mais que isso manche a imagem do seu negócio. Acho que, apesar do compromisso promocional, afinal, o que mantém e paga o salário dos funcionários do jornalismo é o dinheiro que vem do departamento comercial das emissoras, existe também o compromisso com a cobertura jornalística em si. E isso não é balela.
Desculpe a intromissão de um torcedor de terceira em assuntos de primeira e segunda, mas é que eu achei que podia me meter.
Beijos,
Dadá Terceirão
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