
O Bahia voltou a me encher de orgulho. Não pelo time, que continua uma lástima, infelizmente. Mas sim pela espetacular manifestação promovida por aquela que, para mim, é a mais apaixonada e, sem dúvida, mais sofrida torcida do país.
Num feito inédito na história deste país (como diria o presidente Lula), uma torcida de futebol foi para as ruas protestar pela péssima situação do clube e exigir a renúncia dos dirigentes atuais, em especial, Paulo Maracajá, que comanda o Tricolor desde 1979.
Como tudo que envolve o Bahia (na alegria e na tristeza), a manifestação pacífica teve proporções gigantescas: cerca de 50 mil fiéis tricolores foram atrás do trio-elétrico do Campo Grande à Praça da Sé, em um lindo e comovente ato de amor, em mais uma tentativa apaixonada e desesperada de tentar salvar o pouco que resta da agremiação que amam.
Foi a, repito, primeira vez na história do Brasil, quiçá do mundo, que uma torcida de futebol se organizou, e com tanta gente, para protestar nas ruas. Antes, protestos contra dirigentes futebolísticos significavam meia-dúzia de carros de jogadores quebrados, muros pichados e vidraças de sedes sociais apedrejadas.
Mais uma vez, a torcida do Bahia deu show e emocionou. Não participei, apesar de não faltar vontade. Tenho rabo-preso com os dirigentes atuais e preferi não ser ameaçado de retaliação visto que tenho mais 20 parcelas a receber do acordo trabalhista firmado com eles na justiça.
Felizmente, a torcida do Bahia não é feita somente de acovardados paus-no-cú que preferem a estabilidade financeira e o pagamento das dívidas a jogar tudo para o alto por puro amor pelo clube. Ou eu não amo o Bahia tanto assim, ou me amo mais que ao Bahia, ou, simplesmente, as agruras dessa vida e as seguidas desilusões provocadas pelo clube me tornaram uma pessoa mais racional, apesar de mal-educada, na visão de Willow e Marina.
Que seja. Sou feliz assim mesmo. E muito. Conviver comigo é uma simples questão de escolha.
(Entretanto, discordo da visão da dupla. Posso ser -posso não, sou-, a depender das circunstâncias, rude, grosseiro, estúpido, agressivo, pavio-curto, impaciente, falastrão, imaturo, desatento, teimoso, injusto, escroto, insensível, nervoso, convencido, covarde, intolerante, impaciente e rancoroso, mas, mal-educado, me perdoem amigos, eu tenho plena consciência que eu não sou. Deste mal, ao menos na concepção do que o termo educação representa para mim, eu não sofro mesmo. E me orgulho de não ser nem de longe. Isso eu aprendi bem com Lurdinha.)
Voltando ao que vem ao caso, queria apenas expressar o meu extremo orgulho por, apesar de talvez não poder ser considerado um tricolor legítimo, fazer parte desta legião de tricolores (eu ainda me sinto um deles, apesar da covardia), que acabam de fazer história no futebol brasileiro.
É o Bahia, primeiro campeão brasileiro e primeiro representante do Brasil na Libertadores, voltando a ser vanguardista, dessa vez, fora dos campos.
Muito orgulhoso e emocionado,
BORA BAHÊA MINHA PORRA!
Dadevolvam o Meu Bahia!