terça-feira, abril 11, 2006

Crônica de uma quase morte anunciada

Nossa decepção, nossa humilhação, nossa agonia já dura quantos anos? Quinze, dez, oito? Agora, chegamos a um momento crucial da existência do Esporte Clube Bahia. A questão não é mais: "será que vamos sair da crise?".
O dilema, dolorido, duro, que dói como ponta da adaga no peito, é: "quando será nosso último suspiro?".
Sim, meus amigos, estamos morrendo. A turma de Maracajá, Marcelo, Petrônio, Pernet e Aciolly está cravando as mãos da morte sobre o Esporte Clube Bahia há décadas.
Neste instante, eles apresentam ao mundo apenas um cadáver, como se fazia com os premiês embalsamados ainda morto-vivos na União Soviética, à época da Guerra Fria. Nosso fim já tem dia certo: é a crônica de uma quase morte anunciada - à maneira do genial Gabriel Garcia Márquez. Será no dia 24 de maio de 2006, por volta das 19h, se não ganharmos o 2º Turno do Campeonato Baiano.
Se isso acontecer, o Bahia estará fora da Copa do Brasil e da Série C, em 2007. Será relegado à condição de mero clube local, de um clubinho qualquer.
Vivos, vamos carregar em nossos corações um amor morto-vivo, que vai nos acompanhar até os nossos últimos dias como um pesadelo sem fim, como um fantasma sem descanso. Como cantou Chico Buarque, a dor será arrumar o quarto do filho que já morreu. E como não doer, e como não chorar, ao tocar, no fundo da gaveta, cheirando a naftalina, a camisa tricolorida.
Nós seremos fantasmas de nós mesmos, falando de um morto insepulto, mas que ninguém - a não ser nós - respeita, enquanto o inimigo vai resgatando as glórias, que de forma relapsa e criminosa, deixamos pelo caminho.
Enquanto o outro vegeta em seu berço um dia esplêndido, os mais jovens irão calcorrear ainda muito pela vida em busca de um novo amor, de um novo pendão; mas, morrerão, é certo, um dia, com a boca amarga da traição nunca consumada.
Não faço quase profecias nem antevejo o futuro porque tenha dons especiais. Vou pelos caminhos da lógica, pelos atalhos do bom senso.
E tudo o que falta aos eternos donos do Bahia é, justamente, lógica e bom senso. As coisas mais estúpidas, a falta de transparência, a manipulação da verdade, a irresponsabilidade, a visão estreita, a largueza dos bolsos.
Todos esses elementos, somados a uma opinião pública vesga, propositadamente confundida por uma legião de vozes amplificadas e cérebros reduzidos, permitiram que os donos do Bahia se eternizassem no poder.
Quando perdeu a eleição - uma farsa montada pelos donos do Bahia para "exemplar" a oposição, mas ridicularizando-se a si próprios - em novembro de 2005, o engenheiro Fernando Jorge Carneiro declarou: "Hoje, assinaram o atestado de óbito do Esporte Clube Bahia". Agora, os donos do Bahia carregam o ataúde para a sepultura.
Alguns, é claro, se escondem sob o manto repulsivo da covardia, escusando-se a segurar a alça do caixão. Eles - que trocaram o "Nasceu para Vencer" por "Nasceu para Vender" - venderam o meu Bahia por um punhado de mais de 30 moedinhas. E pra quê? Não compram, com essa mixórdia, nem uma cadeira cativa no inferno.

Nestor Mendes Jr., jornalista, é autor de "Bahia Esporte Clube da Felicidade - 70 anos de Glórias"


Hahahahahahahahaha! Já vai tarde!( essa é minha...)

Um comentário:

Manelé na Tela disse...

O Bahia já está na Copa do Brasil de 2007, pelo ranking da CBF, mesmo que seja lanterna do Estdual deste ano.

O Bahia não vai disputar a série C de 2007, realmente, porque vai subir para B.

O Bahia não vai acabar, apesar do desejo de alguns de seus próprios "torcedores" morimbundos, carrancudos e mal-informados.

O que devia acabar são os oportunistas de plantão que tripudiam da desgraça alheia para tentar aparecer e se promover os mesmos que, quando tiveram a oportunidade de fazer algo positivo pelo clube, não fizeram porra nenhuma e ainda ajudaram o Tricolor a ir à bancarrota.

Saudações Tricolores,

Dadá,
Do inferno, com ajuda de aparelhos, mas ainda respirando e acreditando num futuro melhor.