Eu perdi. Aliás, nós perdemos, na minha opinião. Queria aproveitar esse espaço para fazer um desabafo público, resultado de muita reflexão e conflito existencial, acelerado após o dia 3 ou 2 de outubro, não lembro. Afinal, acho que blog serve pra isso também, né? Se não servir, foda-se! Apaguem esse texto.
Quero compartilhar com vocês a minha angústia ante a eleição deste dia 31 de outubro. Eu juro que tentei. Assisti e ouvi os programas eleitorais gratuitos, acessei o site, li panfletos, escutei atenciosamente os discursos de Pelegrino, Lídice e até Humberto da Costa (lamentável o meu PT). Vi até o meu adorável (pasmem!) Da Luz pedindo, o respeitável e honestíssimo Benito Gama. Olhei bem pra cara de João Henrique, assisti alguns debates, me vi até no meio de uma carreata dele. Procurei entender a real importância que uma enxurrada de liminares que não deram em nada têm para o nosso cotidiano. Refleti sobre a vital relevância da isenção de taxa de estacionamento nos shoppings. Ouvi os sofríveis jingles. Mas não consegui.
Toda minha curta experiência no exercício das ações expostas acima fizeram com que chegasse a uma conclusão. Eu perdi. Perdi porque não vou conseguir votar em João Henrique. A hipocrisia é nítida e incômoda. A falta de subsídios nos argumentos do discurso político, a demagogia, a falsidade e o cinismo no trato direto com o povo, a falta de pulso e a insegurança deste cidadão pelo qual, confesso, nem nutria tanta antipatia assim, foram muito mais fortes. E eu perdi.
Perdi porque pela primeira vez vou votar nulo. Perdi porque acho que votar nulo é um desrespeito à cidadania, um desvio de personalidade eleitoral, e uma falta de consideração sem tamanho com quem lutou tanto para que nós exercêssemos o livre arbítrio na hora da sucessão dos nossos governantes. Mas foi “a menos pior” das opções, porque votar em César eu não cogito e jamais cogitarei, por motivos pra lá de óbvios.
Perdi porque estou ferindo meus ideais e peço perdão por isso. Mas clamo por compaixão e compreensão também. Apesar de tudo, acho que a maior derrotada foi Salvador. A cidade perdeu ainda no primeiro turno, quando a maioria ofereceu a oportunidade do último suspiro ao carlismo. Paciência, a democracia tem dessas injustiças. A ida de César para o segundo turno forçou a patética união das oposições (não tinha jeito) em torno de um candidato sem as mínimas condições de nos governar e que, infelizmente, sai desta eleição com a popularidade ainda mais em alta e com o status perigoso ter sido o homem capaz de sepultar (será?) o carlismo. (Tomara que sim. Que tenha servido pra alguma coisa!)
Vou votar amanhã porque não tem jeito e confesso que nunca me senti tão derrotado e desanimado. Antes, até mesmo com a certeza do insucesso dos meus candidatos, consolava a paz com a consciência e meus parcos princípios. Sempre votei em quem acreditava. Até quando votei em Emiliano (duas vezes! Pra que mesmo? Ele comeu M..., empregou ela, não botou nenhuma amiga na minha fita, não peguei a rebarba e o “bom velhinho” não me chamou pra ser assessor do gabinete, esqueceu meu nome, mas vá lá, pelo menos tinha “estória” pra contar) . Dia 31, pela primeira vez, jogo meu voto fora, “com o coração ardendo em chamas” (essa foi triste... hahahaha) e torcendo para que os próximos quatro anos passem logo! (A contagem regressiva começa amanhã mesmo).
Como essa lamentação já tá enchendo, queria encerrar com uma citação da Bíblia, que ouvi numa das reuniões de uma seita evangélica que acabei de fundar com uns colegas meus, chamada “Assessores de Cristo”. É de Jesus sendo furado na cruz pouco antes de morrer, pro pai dele, um tal de Deus, tá na Bíblia, versículo 23, capítulo 52, parágrafo 3º, inciso 4º, na página 185.435 do livro de Abraão, ou Moisés, no velho ou novo testamento, deve ser no velho, pq é antes da morte. Ah, é no velho é mesmo.
Pó, já ia esquecer. A citação é: “Perdoai-vos Pai. Eles não sabem o que fazem”.
Mesmo com o perdão, ainda acho que Salvador e, por extensão, eu, “SE FUDEMOS!”.
sábado, outubro 30, 2004
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2 comentários:
quem é você?
Não me venha pedi perdão, eu não tenho a mínima compaixão por você.
Márcio
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