O último texto que publiquei aqui rendeu algumas dúvidas, uma certa incerteza sobre a veracidade de minhas palavras que corro para desfazer. O texto, em primeiro lugar, apesar de ter seu quê de verossimilhança, é ficcional. É uma anedota. Ele tem, ou pelo menos, deveria ter, um tom jocoso. É um texto irônico. O búlgaro do título, diga-se, é uma referência ao texto que Zé publicou aqui dias atrás, onde um pai, que descobre que o filho recém nascido é portador de uma doença da qual ele não tem nenhuma informação, se utiliza da metáfora do búlgaro, não pejorativamente, mas para expressar algo que ele desconhece. No meu texto, então, o búlgaro é a metáfora que representa a insensibilidade de quem se crê sensível. Diante, pois, do destrato de uma pessoa, inicialmente o personagem reage, perplexo, de forma intolerante: não ouve, interrompe; não quer entender, destrata. Tenta, então, salvar o dia, remediar, e, num gesto de extrema altivez, se desculpa sem perceber que seu pedido é mais degolante do que fôra a primeira investida. E assim acredita ter salvo o dia. É, portanto, a insensibilidade de quem não acredita, ou não percebe, que somos aquilo que não somos, e portanto, mais uma vez, não somos aquilo que somos, mas apenas uma imagem daquilo que queremos ser, ou daquilo como queremos ser vistos. Somos todos búlgaros.
Márcio
Márcio
3 comentários:
oh, Marcinho, obrigada por responder - mal respondido, mas tudo bem - a minha pergunta e contribuir para o preenchimento da seção "comments". Agora, essa sua mensagem aí... sei não viu... muito acadêmica pra uma pessoa que acabou de sair de um estado de imersão intelectual - eheheh.
Paulinha
"somos aquilo que não somos, e portanto, mais uma vez, não somos aquilo que somos"... O excesso de antagonismos no referido trecho faz-me chegar a uma conclusão: Márcio, você está ouvindo muito Caetano Veloso, ou não.
Beijos
Dadá Magavilha!
Não é antagônico, não, Darino, ser o que não se é, se você reparar, é quase o mesmo de não ser o que se é, percebe? Não estou ouvindo Caê, não, relaxe.
Postar um comentário