"Aquele foi o melhor dos tempos, foi o pior dos tempos; aquela foi a idade da sabedoria, foi a idade da insensatez, foi a época da crença, foi a época da descrença, foi a estação da Luz, a estação das Trevas, a primavera da esperança, o inverno do desespero; tínhamos tudo diante de nós, tínhamos nada diante de nós, íamos todos direto para o Paraíso, íamos todos no sentido contrário - em suma, o período era em tal medida semelhante ao presente que algumas de suas mais ruidosas autoridades insistiram em seu recebimento, para o bem ou para o mal, apenas no grau superlativo de comparação."
O primeiro parágrafo de Um Conto de Duas Cidades, de Charles Dickens, é a mais genial abertura de um romance que eu li.
Sempre quis escrever um livro. Mas além de faltar leitura e talento pra isso, coloco-me na obrigação de começar tão bem quanto Dickens. Isso, claro, inviabilizou toda e qualquer tentativa.
Para o bem ou para o mal, muita gente não está nem aí pra isso. A produção literária então prossegue. Um dos maiores vendedores de livros do planeta, aparentemente, nunca tentou superar Dickens em nada. Vive sob porrada da crítica especializada. Paulo Coelho é desses. Não está nem aí e dá resultado.
Copa
A Copa do Mundo já começou e o Brasil entra em campo nesta terça. Pena dos 30% - ou menos - dos brasileiros que odeiam futebol e serão sufocados pelo tema até meados de julho. Mas existem milhões de boleiros que só pensam na Copa há meses, diga-se. E é isso, quando o assunto é Seleção Brasileira, surgem milhões de especialistas.
Sim, mas o que tem Dickens a ver com futebol? Bom, se eu fosse técnico da Seleção Brasileira, ela teria que estar - no mínimo - no mesmo nível das que participaram do Tri e de 1982. Sem isso, não poderia treinar a equipe que deve representar todo o Brasil. Ela seria talentosa, com vocação pro ataque, pro passe, drible e golaços.
Dunga não pensa assim. Pelo resultado, não tem problemas em conter o talento em nome da aplicação tática. Poderá vencer a copa dessa maneira. Com um time estilo 94, sem Bebeto e Romário. Mesmo surrado pelos críticos, poderá, sim, conquistar o mundo, como Paulo Coelho.
Willow
P.S.: Torço pela Seleção, apesar de Dunga. Diz-se que o treinador comprovou sua qualidade pelas conquistas obtidas, independente dos meios, ou dos meias. Caso perca a copa, então, nada mais justo que cobrá-lo pelo resultado, correto?
4 comentários:
Quer saber, já não estamos tão desesperados para ganhar uma Copa do Mundo para aguentar uma seleção brasileira de 94. Naquele ano, ganhar com gol de canela tava valendo, o importante era o título, dada a seca. Hoje não. Prefiro perder como o Barcelona do que ganhar como o Bangu. Desde que meu Barcelona não perca na primeira fase e desde que o Bangu de Dunga não ganhe por goleadas, mantenho o ponto: a gente já tem títulos suficientes para dispensarmos um futebol tipicamente brasileiro.
Márcio
Eu não sou exatamente uma comentarista de futebol, mas devido ao jogo de ontem, concordo com vc Marcinho...
SG
Já falei que tô com Dunga até o fim, mas concordo com Márcio: pelos títulos que temos dava pra apostar em outra filosofia, um time mais ofensivo, mais criativo. Só que aí o técnico teria que ser outro.
Amoêdo
Eu acho que o time, apesar de Dunga, ainda vai jogar, nessa Copa, de forma mais criativa. E não concordo com essa de "títulos suficientes". Foi pensando assim que a gente amargou o jejum. A Itália tá aí, com quatro títulos...
Boréstia
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