segunda-feira, agosto 18, 2008

Um texto do mestre

Desculpem se o texto não é de hoje, mas o tema é recorrente, e o humor, imprescindível. Vi uma referência a essa coluna mais cedo e achei de bom grado reproduzi-la aqui, e dedicá-la especialmente a Boréstia. É do mestre, com o carinho de sempre. Se eu o mostrasse pra sua sogrona, ia apanhar, mas acho que você deveria mostrar.

Márcio

Diogo Mainardi

As Olimpíadas do Pateta

Estou pronto para as Olimpíadas. Enrolado na bandeira nacional, e vestindo uma camiseta de poliéster amarelinha, cortesia do Banco do Brasil, pretendo acompanhar com ardor o desempenho de nossos atletas em Atenas. Eles não costumam decepcionar. Quando não são eliminados no primeiro dia de competição, são invariavelmente eliminados no segundo. Os meus preferidos são os que chegam desacreditados aos Jogos e, confirmando todos os prognósticos, perdem logo de cara. Como o pugilista maranhense nocauteado no terceiro assalto por um filipino canhoto. Ou a esgrimista paranaense sorteada para enfrentar, em sua estréia, a segunda melhor do time romeno. Ou o judoca goiano que sofre um estiramento no primeiro minuto da repescagem. Ou o corredor paulista que comemora o quarto lugar obtido numa final B. Quanto mais incompetentes, melhor. Apreço também os que gozam de um certo favoritismo e, por falta de controle emocional, acabam sendo derrotados por atletas estrangeiros de retrospecto claramente inferior. Só desaprovo aqueles irresponsáveis que teimam em ir derrotando seus adversários um a um até a conquista de uma improvável medalha de bronze, com direito a lágrimas no pódio e dedicatórias a Deus. O dever dos atletas brasileiros é perder. Perder sempre. Preferivelmente, de maneira espalhafatosa, tropeçando nos obstáculos e se esborrachando na pista.

Sobre as virtudes cívicas da derrota, assista a Campeão Olímpico. Trata-se da obra definitiva sobre o tema. Estrelado por Pateta e dirigido por Jack Kinney, insere-se no ciclo esportivo formado por A Arte da Defesa Pessoal, A Arte de Esquiar, Como Nadar, Como Jogar Beisebol e Como Jogar Golfe. Em Campeão Olímpico, Pateta repercorre a origem dos Jogos Olímpicos e se exibe nas principais modalidades do atletismo. Claro que ele tropeça nos obstáculos. Claro que se esborracha na pista. Foi tropeçando nos obstáculos e se esborrachando na pista que Pateta derrotou Hitler. O lançamento de Campeão Olímpico ocorreu em 9 de outubro de 1942. As Olimpíadas estavam suspensas por causa da II Guerra Mundial. Os últimos Jogos, realizados em 1936, em Berlim, haviam sido transformados em plataforma de propaganda para o nazismo, exaltando conceitos como supremacia racial, orgulho nacional, disciplina marcial e adoração do líder totêmico. O documentário celebratório de Leni Riefenstahl sobre as Olimpíadas de Berlim mostra tudo isso. Campeão Olímpico é o contrário. Dura oito minutos. E, em apenas oito minutos, Pateta consegue destruir o ufanismo esportivo do nazismo e de outros regimes totalitários.

Comemoram-se o Dia D e a batalha de Stalingrado. Proponho comemorar igualmente as Olimpíadas do Pateta. Ao tropeçar nos obstáculos e se esborrachar na pista, os atletas brasileiros não irão derrubar Hitler, porque não temos nenhum Hitler. Quem sabe derrubem um diretor do Banco do Brasil. Quem sabe até dois.

20 comentários:

Manelé na Tela disse...

Hummmm...Pateta é um nazista que tropeça e por isso derruba Hitler ou ele é um americano que, apesar dos tropeços, vence e derruba Hitler? Se for o segundo caso não tem o menor sentidoa compração com os brasileiros, é totalmente forçada. Mas o texto tem mesmo sua graça.

Amoêdo

Manelé na Tela disse...

Em vez de "imprescindível" diria que o humor de Mainardi é extremamente "batido"... Li essa mesma lenga lenga quando o maluco lá invadiu a pista e tirou o ouro do nosso maratonista, em Atenas. O humor de Dioguito é sempre o mesmo. Nem me irrita mais... Nem leio mais...

Boréstia

Manelé na Tela disse...

Vai ver porque o texto é daquela época, Boréstia... foi escrito na época da Olimpíada de Atenas...

Zé, você faz perguntas difíceis, vou pensar no caso. ehehe.

Márcio

Manelé na Tela disse...

Ah! Colé eu não sou fã do cara, mas ri pá porra com o texto, hehehehe. É bastante atual.

Ainda tem citação de desenho animado. Ele quer ser pop agora?

Concordo com zé, a comparação é um pouco forçada. A conclusão não foi lá muito inteligente. Mas, o quanto pior melhor é massa!

Willow

Manelé na Tela disse...

Adaptando a piada do dia:

"Hipolyto cai e vara de atleta desaparece."

Esses são os dois fatos negativos mais comentados sobre o Brasil nas olímpíadas. Hehehe

Willow

Manelé na Tela disse...

ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhh... então ele escreveu dois textos iguais na mesma época? Cara de pau!

Boréstia

Manelé na Tela disse...

ah, Willow... O texto dele realmente é bastante atual. Bastante atual pra qualquer país, em qualquer Olimpíada. Qualquer nação lamenta muito os seus tombos e comemora muito suas vitórias...

A diferença é que, ao contrário de Galvão Bueno, Mainardi se apega às derrotas pra sacanear. Aliás, vcs e Mainardi viram o nosso atleta do tênis de mesa que hoje, à uma da manhã, quebrou sete mach points seguidos de um canadense?

O problema é que Mainardi acha que os brasileiros acham que são perseguidos pelo resto do mundo. Mainardi acha que todo brasileiro é Galvão Bueno!

Boréstia

Manelé na Tela disse...

Verdade Boréstia. Mas foi engtraçado.

Vi sim o tênis de mesa, ao vivo na Band e não os melhores momentos da Globo. Foi sensacional!

Mas acabei de ver o Brasil levar o terceiro da Argentina. Vá tomar no c... uma porra dessa! Que merda Brasil!

Fora Dunga! A culpa não é dele, mas não tenho mais ninguém pra sacanear.

Willow

Manelé na Tela disse...

"Vá tomar no c...", quem? Eu ou Dunga?

Agora, vc e eu sabemos que esse time da Argentina é infinitamente superior ao do Brasil. Além de levar as principais estrelas, os caras tiveram muito mais tempo pra treinar.

A gente tava na esperança pq trata-se de um clássico se previsões. Mas, no fundo, o resultado era esperado.

Se bem que também acredito na parcela de culpa de Dunga, por todos os motivos que vc vive repetindo.

Boréstia

Manelé na Tela disse...

09h53
Tênis de mesa masculino

O brasileiro Thiago Monteiro é derrotado pelo norte-coreano Hyok Bong Kim por 4 sets a 1, parciais de 11/6, 11/9, 11/6, 7/11 e 11/5. Está encerrada a participação do brazuca em Pequim.

Nada melhor do que Mainardi para cravar 10 comentários no blog em menos de 24 horas!!

Márcio

Manelé na Tela disse...

Logo depois da vitória argentina o site do Olé me intrigou com a manchete: "Se lo fumó en pipa"... Não conheço nada de espanhol e perguntei para um brother que passou uns tempos na Espanha o que queria dizer. Tradução: "Pra ser saboreado devagar, como um cachimbo"... Pra mim, "O fumo entrou mesmo"!

Boréstia

Manelé na Tela disse...

Adoro passar as madrugadas torcendo pelo oitavo lugar na ginástica...a síndrome dos coitadinhos sempre nos envaidece...ah, fantástico o cara que quebrou set match points e conseguiu o segundo ouro do Brasil.

Deduca@Bronzil.com.br

Manelé na Tela disse...

"?"
Segundo ouro do Brasil?
Quando foi isso?

Pedro.

Manelé na Tela disse...

Pedro não sacou a ironia... já viu brasileiro ganhar ouro em tênis de mesa? Nos chineses não são como os outros! Nosso único ouro até agora foi conquistado por um nadador que chamam alemão e que treina nos states.

Márcio

Manelé na Tela disse...

Boréstia, o vá tomar no cu não foi pra vc, claro! Foi pro chocolate que levamos dos hermanos.

Marcinho, não dê o crédito a Diogo, mas a vc. O post foi seu. Vc que trouxe o comentários pra roda, lá ele.

Willow

Manelé na Tela disse...

Vcs viram Robert Scheidt? Que vergonha! Bicampeão olímpico e penta mundial chegar entre os últimos. "O primeiro dos últimos", pensou Mainardi.

Boréstia

Manelé na Tela disse...

Ayrton Senna pensaria o mesmo. Nosso grande campeão vivia dizendo que o segundo é o primeiro dos últimos.

Amoêdo

Manelé na Tela disse...

Lá vem Zé achando que todo brasileiro é Ayrton Senna...rs

Boréstia

Manelé na Tela disse...

Robert Scheidt é um cara chato... bi olímpico e penta mundial e ainda quer superar a si mesmo em outra classe... só podia ser alemão!

Márcio

Manelé na Tela disse...

Somos um país de Rubinhos.

Diogo Mainardi