Os crimes da ditadura não foram esquecidos nem tampouco têm sido negados. Tanto é assim que o livro lançado não contém nenhuma informação que já não se soubesse. Inédito apenas o fato de ter sido patrocinado pelo governo - como se os das ongs já não fossem patrocinados por suas verbas!
A história da ditadura não tem sido jogada por baixo do tapete. Se há um lado da história que não foi contada, por sinal, é o lado dos militares. A história só será completa quando o outro lado também se manifestar. Mas não há praticamente livro algum sobre os crimes da resistência.
Ademais, o Estado não tem se omitido perante a história da ditadura. Ele tem pagado indenizações milionárias às famílias, muitas delas contestadas e até duvidosas. O livro não é um passa adiante. O Estado deveria, isso sim, investir seu dinheiro e sua política para procurar desaparecidos.
Agora, se há de se acabar com a lei da anistia não há como punir apenas os militares. Os atos terroristas, os homicídios, os seqüestros, os assaltos, os chamados “justiçamentos”, assim como qualquer outro crime cometido pela resistência, hão de entrar na disputa da mesma maneira.
Assim, quando Passarinho enumerou alguns dos crimes cometidos pela resistência, ao contrário do Willow achou, não era para desumanizá-los, era para humanizá-los! Lamarca só é herói na mitologia da resistência, assim como é Marighela um democrata. Isso é apenas mistificação.
Emiliano deve conhecer os textos “democráticos” de Marighela, seu biografado, onde ele pregava abertamente o homicídio de suspeitos de traição e onde milita pelo comunismo. Até hoje muitos resistentes louvam o regime cubano - o que nos faz ver que a história não vê o passado deles, nem o presente.
Não querer a revisão da lei da anistia não é defender a ditadura. O Estado não deveria ser responsável pela morte de ninguém que está sob sua tutela. Um fato. Não há, porém, que ser negado os crimes cometidos pelo outro lado - e se há omissão da história, e do Estado, é frente a esses crimes.
No mais, se a juventude ignora o que aconteceu na ditadura, não é por falta de fontes. Professor de história e revolucionário são quase as mesmas palavras. Livros, filmes, documentários, televisão, jornais, todos eles sempre viram a ditadura por um único lado, omitindo o outro.
Se quisermos mesmo exigir rigor à História, imprescindível será ouvir todos os lados.
Só mais uma coisa: querer numa comparação igualar a ditadura militar brasileira com as ditaduras argentina e chilena, bem como o regime cubano, é um grave erro de proporção. Por mais que toda morte sob tais regimes seja indefensável, 400 mortes não são 40 mil.
Não há como comparar sem essa ressalva.
Márcio
quarta-feira, setembro 19, 2007
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3 comentários:
Acho que há uma enorme diferença entre a violência oficial praticada pelo Estado numa ditadura e a reação violenta à essa violência. De qualuqer forma, sugiro que esse texto seja enviado aos militares. Nós queremos ouvir o lado deles. O que será que eles têm a dizer?
Amoêdo, que poderia estar morto se escrevesse isso em outra época.
Também acho, e disse.
A questão é uma só: a anistia é para ambos os lados. Não dá pra condenar o crime de um lado e esquecer o crime do outro.
Na "democracia" que muitos dos heróis da resistência queriam, Zé, você estaria morto da mesma forma.
Márcio
Sou contra a anistia, para qualquer lado. Acho que devemos punir todos os criminosos, cada um com a pena que lhe cabe.
Amoêdo, a favor de todas as indenizações pagas até o momento e torcendo por mais.
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