Bezerra da Silva canta: "toda hora tem gíria no asfalto e no morro porque ela é a cultura do povo". Essa forma de expressão da língua é geralmente localizada em determinados espaços e grupos sociais, num tempo específico.
Professores de português, muitos deles, afirmam que, em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos casos de ortografia. Afirmam também que a língua popular ou cotidiana, com as suas mais diversas gradações, tem o seu limite na gíria e no calão. Pessoalmente, não acho que a gíria destrua a última flor do lácio, não fico grilado com isso, mas confesso que de vez em quando me assusto.
Alguns falaram "é uma brasa, mora!" Outros gritaram "supimpa" entusiasmados enquanto andavam nos "carangos". E para não ficar muito pesado diziam que alguém "sifu". Mais recentemente encontramos as "piriguetes", dentre outras variadas, digamos, criativas expressões do universo pagodeiro baiano. Talvez universo seja uma palavra exagerada aqui, dado o contexto.
Chama muito a atenção, entretanto, o quanto o uso das gírias separa gerações. Quando os jovens descolados lançam o novo vocabulário em frente aos mais velhos, estes apresentam aquela cara de panaca, babaca, de zé mané, tentando compreender o significado de tudo aquilo. As vezes, a busca da eterna juventude começa nessa corrida por falar a língua da juventude, tá ligado? É irritante estar por fora, sentir que você não divide o mesmo léxico.
Mas vou dizer algo, acho que a idéia forte é olhar para essa galera e saber que, ainda bem, não fala como eles. Pois é, porque foi com muito assombro, bicho, que ouvi a última expressão delicada de um determinado grupo: "lançar o boneco". E, nada mais, nada menos, que o meu irmão. É, ele ligou para os brotheres dele e anunciou, rei, vou lançar o boneco.
Nesse ponto, já está elucidado o enigma, não é? Para quem ainda não sabe, vou tentar colocar o enunciado de meu irmão com a minhas palavras. Eu ligaria para os meus amigos manelés e diria: "velho, eu vou ter um filho". Ainda bem que só vou ser tio, mas é preocupante que alguém que "lance o boneco" esteja há poucos meses de ser pai, ou não, quem sabe?
Vou chegar, já fui!
Willow
terça-feira, junho 05, 2007
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2 comentários:
Quem dá na jante não pode mijar dentro, senão lança boneco mesmo.
Amoêdo, falando como Darino.
É por essas e outras que se discute o aborto! ehehe.
Márcio
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