terça-feira, dezembro 27, 2005

Quem mandou ser poeta e ter fãs?!

Semana passada fui assistir ao documentário sobre Vinícius de Morais. A sensação ao fim? A de que gostaria de ser tão feliz quanto as pessoas que estavam no cinema. Não sei na vida onde me perdi, devo ter deixado cair da mão metade de minha felicidade, distraidamente.

Mas para quem já me conhece, deve estranhar a falta da ressalva. Pois olhe ela aqui: não queria ser feliz assim. Essas pessoas riem demais, riem de tudo, riem às galhofas; aplaudem filmes ao final pois acham tudo o máximo, paqueram a banalidade namorando a idiotia.

Mal Gil aparece na tela, já se esboça um riso. Mal ele fala, lá vem uma gargalhada. Queria muito saber a piada, pois não compreendi. Talvez fosse piada interna do grupinho que estava no fundo, vá lá; vai ver eu apenas me sentia excluído por não ter com o que rir.

Mas esse pessoal da mpb deve ser motivo para muita piada. O povo via um documentário que eu não via. Era tudo muito engraçado pelo visto. Fiquei preocupado, lógico. Onde deixara eu meu coração, meu deus?! Essa insensibilidade te beira à insensatez, márcio!!

Acho que no fim poucos perceberam (eu, que sou bom, percebi) que Vinícius estava sempre com o copo cheio demais, sempre prestes a derramar. E ele entornou muitas na vida. Não é preciso muito para, mesmo num documentário confuso, perceber o quanto ele deixou cair.

Para um final piegas, poderia dizer que no final os aplausos marcaram bem a diferença entre o simples e o simplório, entre a poesia e a banalidade de quem sabe equilibrar um copo no pé de quem não sabe que ser feliz não é rir demais, é saber rir-se.

Voltando novamente

Por pouco tempo...

Márcio

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