Acho que o assunto não deve passar em branco por aqui. Apesar do silêncio ser ensurdecedor entre jornalistas e acadêmicos de comunicação.
Sobre o fim da exigência do diploma de jornalismo, posso dizer várias coisas, mas resumo.
Não sou a favor de reserva de mercado. Se não há justificativa para uma exigência, ela não deve existir. Não consigo avaliar ainda todos os impactos da mudança. Não sei como isso vai se refletir nas rotinas produtivas das empresas jornalísticas, nem se isso irá alterar os concursos públicos da área. Comunicação Social será cargo de nível médio? Quem souber, responde.
Entendo que se uma empresa, Ong ou associação, quiser fazer o seu jornalzinho, emissora de Tv ou coisa do tipo não deva ser obrigada a contratar um jornalista. De fato, isso limitaria a liberdade de expressão.
Contudo, quando uma empresa, órgão, entidade, jornal, celebridade precisar de um profissional que exerça o jornalismo, este ou esta vai bater na porta do vizinho ou vai atrás de experiência e formação? Apostaria na segunda hipótese, com ressalvas.
Ao meu ver, boa parte daqueles que quiserem ser jornalistas vai buscar também a formação acadêmica própria. Isso não vai mudar tanto. As peixadas e QIs da vida nunca deixaram ou deixarão de existir na imprensa.
A procura e oferta de cursos de Publicidade e Propaganda, por exemplo, cresceram absurdamente nos últimos anos e não há nenhuma obrigatoriedade de diploma para trabalhar numa agência ou fazer campanha política. Mas esses bacharéis têm ocupado sobremaneira estes espaços.
Uma das consequênciasAcredito que a categoria de jornalista sofrerá ainda mais. Em primeiro lugar, já não é um grupo muito unido, com um sindicato confuso. Depois, os salários são bastante baixos para uma formação de nível superior. Uma jornalista do Globo.com disse ironicamente em seu twitter: "Agora que caiu exigência do diploma, todo mundo vai querer ser jornalista pra ganhar milhões...". É pra rir.
As empresas jornalísticas exploram muito os seus profissionais que, via de regra, nunca recebem pelas enormes horas extras e quase nunca podem contar com fins de semana ou feriados. Uma categoria menos unida, difusa, significa também ser mais difícil proteger os profissionais.
Willow