quarta-feira, novembro 05, 2008

Obama - notas curtas

1. Errei na previsão
Não acreditava que o povo estadunidense pudesse eleger um negro de raízes muçulmanas, com Hussein no nome do meio e sobrenome que é quase Osama. Achei também que a segurança nacional seria um tema preponderante na eleição. Os republicanos até tentaram, mas a crise econômica chegou varrendo.

2. Votação
Rapaz, é uma merda votar nos EUA. Teve gente que esperou 8 horas e várias outras coisas bizarras. Não é dia livre e até negociar no trabalho pra votar acontece. Ainda assim, foi um recorde de participação. Nosso sistema eleitoral parece-me cada vez mais lindo, apesar de obrigatório.

3. Clima
O bom que acabou é que não agüentava mais ouvir falar em: "A preocupação dos democratas é o clima do já ganhou". Não é culpa de ninguém, mas todos os jornais falaram a mesma coisa várias vezes. É... tinha que falar, mas eu estou ficando muito impaciente.

4. Comédia
O político brasileiro está muito atrás do norte-americano. Aqui, ninguém tem capacidade de rir de si mesmo (vide a reação da maioria com o CQC). Coisa que Sarah Pailin, Obama, Mccain e até Bush fizeram muito bem nessa eleição. Pra mim, sinal de amadurecimento.

Willow

19 comentários:

Manelé na Tela disse...

Willow, o cara realmente é negro, "mas não esqueça que a casa é branca", brincou hoje de manhã o pai de Maíra... rs

Boréstia

Manelé na Tela disse...

Boa boa, hehehe

Nada é tão perfeito como na Argentina. A presidente é Cristina e a Casa é Rosada

Willow

Manelé na Tela disse...

Aliás, um comentário

Eu não quero que ninguém fique trabalhando até tarde e tal.

Mas ver a página do Correio* com a capa "A um passo da presidência" é decepcionante.

Ainda mais, com o A Tarde com capa atualizada.

Willow

Manelé na Tela disse...

Tb fiquei decepcionado... Estou de férias e sai cedo pra comprar jornal. Tomei um susto quando vi as duas capas lado a lado.

Boréstia

Manelé na Tela disse...

Willow, você errou mesmo feio na previsão, porque os americanos já há muito demonstraram que a cor da pele não é problema (embora ainda haja preconceito em muitos Estados ainda), já tendo elegido anteriormente muitos prefeitos, governadores, juízes, promotores negros (até na Suprema Corte de lá isso não é novidade). E aliás, as duas pessoas mais conhecidas do governo Bush (fora o próprio) são negras: Colin Powell e Condoleezza Rice.

Mais feio foi o erro porque, se alguém ganhou com a questão da raça não foi McCain, este foi o próprio Obama. Basta deduzir que um muito maior número de brancos votaram em Obama do que negros votaram em McCain. O fato de ser negro (ou mulato) só contribuiu para imagem de novidade em Obama, por ser o primeiro negro com chances de ser presidente, além do que, para quem acompanhou a cobertura de lá das eleições, lhe serviu de escudo contra críticas mais duras, pois seus críticos eram logo chamados racistas (mais ou menos como aconteceu aqui com Lula em 2002, onde críticas mais duras - por mais coerentes que fossem - eram sinais de que a elite não se conformava com um metalúrgico filho de mãe "que nasceu analfabeta" concorrendo à presidência). Não só os americanos estavam preparados para elegerem Obama presidente, como desde o início ele era o queridinho da America, e do mundo. Tanto o americano estava preparado para isso que ele se preocupou mais em votar naquilo que Obama representa do que naquilo que ele de fato é (ou daquilo que se pode dizer que ele é) e com base no que ele realmente diz que pensa.

Manelé na Tela disse...

Esse aí de cima sou eu, Márcio.

Ah! sobre o clima, realmente ainda bem que acabou, porque o que eu não agüentava não era a preocupação democrata com o já ganhou, mas a grande torcida e o pequeno jornalismo da cobertura brasileira das eleições. O papel mais patético coube a Pedro Bial, que foi para os EUA para louvar um mito (que ainda nem fizera história), criticar seu adversário e lançar frases de efeito porque é estrela e gosta de poesia e acha que pode ser maior do que a própria notícia. Isso sem sequer comentar o já enraizado preconceito com os republicanos e com o americano conservador, algo como um preconceito às avessas.

No mais, chega até ser covardia falar dos políticos brasileiros, num país onde algumas das principais figuras do governo se levantam para pedir a revisão da anistia para torturadores da época da ditadura militar enquanto o Presidente está na mais longa e numa das mais homicidas ditaduras da America Latina, a cubana, num banquete com seu ditador, ao mesmo tempo em que chega a notícia do seu convite não só para essa figura bondosa, mas também para o anjinho presidente do Irã, que ainda diz que quer destruir Israel. Um show de coerência.

Lamentável.

Márcio

Manelé na Tela disse...

Desde já apóio a chapa Lula-Obama para a Presidência do Mundo. Os dois conquistaram vitórias que derrubaram preconceitos históricos em eleições fantásticas, importantíssimas, fundamentais para o mundo.

Amoêdo

P.S. Claro que Obama ainda tem que provar muita coisa para merecer um lugar ao lado de Lula, mas torço pelo negão.

Manelé na Tela disse...

Porra, Lula-Obama?? Só se for pra chapa da ong Horto Bela Vista!

Márcio

Manelé na Tela disse...

Marcinho,
Que bom que você está de volta!

Errei na previsão e achei bom. A questão de ser negro ajudou Obama, mas houve reação sim, e algumas delas preconceituosas disfarçadas. Chamá-lo de terrorista e socialista (lá é ofensa à moral), por exemplo.

Evidente que não houve espaço pra alguém questionar a capacidade do homem negro como presidente, mas muita gente quis.

O fato de não ter tido experiência administrativa, grande crítica a Obama, para mim continua sendo bem discutível para cargos políticos.

Ainda acho que tudo o que Obama representa já argumento suficiente pra ser preferido a McCain.

A imprensa brasileira estava sim num oba oba ridículo. Bial! Ah esse com certeza foi o mais lamentável. Machado do Bom Dia falava da eleição como se fosse Copa do Mundo.

A imprensa dos EUA também deu seu vexames. Entre eles, ficaram famosos Joe o Encanador, entrevistado em várias TVs, que disse que Obama era o fim de Israel.

Além do Sr. Mendez (eu acho), um construtor latino que associou Obama a Chavez e disse que estava sentindo o cheiro da mesma política do venezuelano pra os EUA.

Willow

Marcinho, eu esperei seu comentário, como ele não veio, joguei o anzol.

Manelé na Tela disse...

Concordo com a revisão da anistia a torturadores. Independente da coerência do executivo.

Não é contra a instituição militar. Muitos militares foram contra a ditadura e a tortura.

Não é essa uma questão que resolva por decreto político.

Willow

Manelé na Tela disse...

Preconceito mesmo não aconteceu contra Obama, e sim contra Palin. Não falo nem do preconceito contra os republicanos, vistos como caipiras, rudes, racistas, posto que este já está quase naturalizado entre nós. Você comentou no seu post do senso de humor dos candidatos, mas só vi piada com Obama no Casseta e Planeta, porque nos EUA nos jornais, só dava Palin.

Ah! vi sim no jornal Obama ser chamado de terrorista e socialista... por caipiras republicanos, claro! mas o nosso jornalismo não foi atrás das informações do cara que financiou a casa de Obama, nem de quem contribuiu para sua campanha, nem de quem financiou seus estudos em Havard, nem com quem ele de fato trabalhava naquela ong de Chicago, nem se ele de fato se filiou a um partido socialista... o fato é que verificar isto era função do jornalismo, que decidiu ignorar, mesmo sendo informações dadas como incontestáveis pela imprensa conservadora norte-americana.

Uma coisa é você colher uma fala de um eleitor dizendo que Obama é terrorista, outra diferente é você dizer que ele teve (e teve, e o jornalismo deveria averiguar se ainda tem) relações com militantes radicais considerados terroristas, por exemplo, o que fez Palin. Fato é que o reverendo que é mentor espiritual de Obama é um racista, e o fato de Obama o ter defendido lhe trouxe o ônus de quase referendá-lo (se não tivesse voltado atrás depois).

No mais, para todo Joe havia algum soldado egresso do Iraque, também explorado pela mídia (por sinal, pró-Obama).

E só pra lembrar, ao contrário do que você pensa sobre a importância da experiência para cargos administrativos, os democratas a acham relevante, tanto que criticaram (olha quanta irônia!) Palin justamente por isso - logo ela que com o pouco que tem já acumula mais do que o do próprio Obama!

Márcio

Manelé na Tela disse...

Sobre a revisão da anistia, sou contra, por uma série de motivos... mas depois eu digo.

Márcio

Manelé na Tela disse...

Pois é Marcinho,

Houve erros da imprensa mesmo. Na do Brasil e nos EUA. Nós estamos concordando. Sua fala só reafirma isso. Erros tanto de averiguação quanto na exposição de "personagens".

Só que você parece crer que McCain é um grande injustiçado e que em "condições iguais" poderia ter vencido. E pra mim não foi.

Willow

Manelé na Tela disse...

Acho que o blog merece um texto com suas posições sobre essa questão da anistia, Marcinho.

Esto una vida para convencer ou ser convencido, não através da força, claro!, mas do debate de idéias.

Fico no aguardo.

Willow

Manelé na Tela disse...

Não acho que ele tenha sido injustiçado não, e não acho que as campanhas devam ter "condições iguais" entre os candidatos, como alguns defendem por aqui. Mas acho que a cobertura das eleições americanas sempre colocaram Obama como o maior prejudicado pela questão da raça e pelo preconceito, e eu acho que não foi. Mas também não acho que isso tenha sido determinante para a eleição dele.

Sobre o texto da anistia, depois escrevo algo, agora me dirijo a uma palestra... por horas de extensão! rs

Márcio

Manelé na Tela disse...

Boa sorte, meu bom.

Segue um comentário do blog Surra sobre a Eleição de Obama:


"Farewell Mr. Bush

Anotem aí: vamos sentir falta de Georgie. Nunca antes na história deste planeta um Presidente nos divertiu tanto. Tudo bem que ele invadiu dois países, matou dezenas de milhares de civis e ainda quebrou o sistema financeiro mais rico do sistema solar. Mas isso é um detalhe. Foram oito anos de vida mole para gente como David Letterman, que teve farto material a explorar.

Agora serão oito anos de um Presidente que parece ser chato, muito chato. Vamos torcer para que ele pelo menos tenha um caso com alguma estagiária, ou quem sabe invada o Paraguai. Se não, serão longos oito anos. Ainda bem que temos o Youtube."

Willow

Manelé na Tela disse...

Rapidinhas...

1 - Muito do "oba oba" do jornalismo, tanto americano quanto brasileiro, é pq o espectador quer "oba oba". Vide o novo CORREIO. Muitas fotos, poucos textos aprofundados; e as vendas nas bancas e assinaturas acho que cresceram mais de dez vezes, sei lá.

2 - Bial pode ter falado um monte de besteira, mas uma das matérias que ele fez foi muito boa. A que traçou o histórico dos dois candidatos. A frase inicial foi genial: "A onda Obama nasceu no Havaí"... rs

3 - Acabei de assistir a mais um "oba oba" de Bial, sobre o "jeito" que Chicago acordou nessa quarta-feira. É verdade que é puro "oba oba", mas é bem feito

4 - Rapaz, e não é que americano tb vaia. Uma das matérias do JN mostrou eleitores de Obama vaiando quando eram anunciadas vitórias de McCain em alguns estados. Deve ter sido um grupo de brasileiros que moram nos EUA.

Boréstia

Manelé na Tela disse...

Porra, já ia me corrigindo de novo. "Um grupo de brasileiros que 'moram' nos EUA"... Mas até onde eu sei tanto faz o verbo no singular ou plural nesse caso. É isso, Márcio?

Boréstia

Manelé na Tela disse...

Apoio Zé nesta chapa... tem o meu voto
Lula-Obama
SG