segunda-feira, maio 19, 2008

A pérola no velório da senhora Amado, ou Bem que Zélia Gattai poderia ser Ivete Sangalo

Se Ivete Sangalo morresse amanhã eu gostaria de cobrir o enterro. Eu gosto das matérias fáceis. Aquela do galo, por exemplo. Naquele dia Flavinho(o rasta) fazia uma reportagem sobre os prejuízos trazidos pelas chuvas em Salvador quando me ligou da rua desesperado. Queria que eu fizesse algumas ligações da redação para descobrir onde havia acontecido algum desabamento com vítima fatal. Sabe o que eu disse?

- Não enche o saco, Flávio! Porra! Minha matéria é muito mais importante do que a sua. Tenho que escrever sobre o galo Chico

Pois bem. Se Ivete Sangalo morresse amanhã eu gostaria de cobrir o enterro. Seria fácil identificar quem era quem. Os artistas da axé, os fãs clubes barulhentos, os ex-namorados famosos. Foda mesmo pra qualquer jornalista, ainda mais um semi-analfabeto como eu, é fazer matéria de morte de escritor. Puta que pariu!!! Desde o hospital onde a velha empacotou senti isso na pele. Eu sabia que as pessoas que passavam por mim em direção à ante-sala da UTI eram importantes, mas não podia interpela-las simplesmente por não saber de quem se tratava. Imagine perguntar para um imortal da Academia Brasielira de Letras: "Quem é mesmo o senhor?".

Nessa brincadeira passaram por mim Arthur Sampaio, filho do artista plástico Mirabeau Sampaio(esse deve ser o que dá nome ao biscoito), Auta Rosa, viúva do ilustre Calasans Neto, e até Myrian Fraga, atual diretora da Fundação Casa de Jorge Amado. Não fui ao velório no Jardim da Saudade no dia seguinte, mas soube de colegas que atiraram para todos os lados para conseguir um depoimento. Entre descobrir quem era Antônio Olinto, dono da cadeira nº8 da Academia, e Stella Caymmi, neta do "maior"(ou seria "melhor") compositor da Bahia, não faltaram gafes. A sorte dos jornalista locais é que ninguém superou a ignorância ingênua da repórter da globo.com. O site do plin-plin mandou pra cá uma mulher nula de pai e mãe.

Todo mundo aqui leu Vidas Secas para o vestibular, né? Pois vejam essa! HAHAHAHAHAHAHAHAHAHHAHAHAHAHAHA

- Repórter da globo.com: Ô, irmão! O que é que vocês tanto falavam com aquela senhora? Quem é ela, hein?

- Repórter do A Tarde: Rapaz, aquela é a filha do Graciliano Ramos, a Luíza Ramos.

Silencio de dois segundos...

- Mas vem cá! O pai dela vem?

HAHAHAHAHAHAHHAHAHAHHAHAHAHAHA

Para não perder a piada, Flavinho emendou, apontando para um barbudo que observava o caixão:

- O pai dela não vem não. Mas o Antônio Conselheiro já chegou.

Morre Ivete

Boréstia

15 comentários:

Manelé na Tela disse...

É Fantástico!

Amoêdo

Manelé na Tela disse...

Esse é o Q de Qonhecimento!

Sem dúvida, Alexandre, o maior e o melhor! Ou não?

Se serve de consolo pra repórter que ressuscitou Graciliano, eu vi as personalidades na TV e não reconheci ninguém!

Willow

Manelé na Tela disse...

Se Zélia Gattai foi, porque Graciliano não poderia ter ido?

Manelé na Tela disse...

Huuum! Essa foi horrível. Não fui eu, hein!

Willow

Manelé na Tela disse...

Alexandre,

Só pra deixar registrado.

A modéstia tem seu lugar no mundo e já conheço seu jeito.

Mas, você é um cara sim inteligente pra carái e ainda perspicaz por demais da conta.

Aliás, tenho orgulho de conviver com pessoas tão boas naquilo que fazem.
Espero ser, também, tão bom no que faço como os amigos e amigas manelés. E Boréstia, SEM DÚVIDAS, você é um exemplo óbvio do que falo.

Abraços,

Willow

Manelé na Tela disse...

Caro Willow, na sua profissão ser puxa-saco é uma grande vantagem.
Parabéns, você vai longe

Manelé na Tela disse...

Hauihaiuahia, muito bom esse último comentário... quem escreveu iria mais longe ainda, se assinasse, claro.

Márcio

Manelé na Tela disse...

hahahahahahahahahahahahahahahah... genial! hahahaha...

Rapaz, pra completar a sessão "gafes da ignorância", estava eu passeando pela baia dos desigers ontem lá na rede quando, de repente, me deparo com um deles manipulando um anúncio em que apareciam as fotos de Zélia e Dorival Caymi. Uma peça institucional. Homenagem da rede à escritora, a ser veiculada no Correio.

Achei o fato inusitado.

Instintivamente, me aproximei e perguntei se era alguma referência ao fato de Jorge, o Amado, ter queixado Zélia através de Caymi.

Explico.

Abre parênteses.

Segundo uma das 1.352 matérias sobre a morte da ex-critora, Jorge Amado, ao conhecer Zélia, teve vontade de cantar pra ela uma música. Mas, como julgou que não tinha talento, pediu pra Dori, com seu vozeirão peculiar, cantarolar alguns versos pra sua neoamada.

Dito isto, e fechando parenteses, voltemos ao designer, que, diante da minha pergunta (por que Caymi está aí ao lado de Zélia), respondeu:

- Oxe, você é burro? Não tá vendo que é Jorge Amado?

Achando ser sacanagem, eu, logicamente, comecei a gargalhar.

Mas ele insistia, sério:

- Não entendi o motivo do riso.

Permaneci estarrecido. O cara tem mais de 30 anos. É baiano. Do cabelo ruim. Assim, igualzinho a gente. E, mesmo assim, na cabeça dele, das duas uma: "Marina Morena" é um romance ou "é bom passar uma tarde em itapuã", uma das passagens de "Tieta".

Acreditem, eu tive que chamar uma testemunha pra provar que Caymi não era Amado. E ainda ouvimos retrucadas. Foi preciso uma terceira pessoa para finalizar a "polêmica"

Boréstia, depois dessa, por favor, meu ídolo, reveja seu conceito de ignorância.

Cada dia mais fã de Boréstia e de Willow também, não só por reconhecer, mas por expor suas opiniões sobre as qualidades dos amigos,

Dadá Caymi Amado Torres Lyrio
Ps: elogiar faz bem;

ps2: "morre ivete" é de fuder... hahahahahahahahh....

Manelé na Tela disse...

Rapaz, li de novo.

Não consigo parar de rir.

A inspiração pro mirabel foi foda também... hahahahahahahahhahah

DS

Manelé na Tela disse...

Achei a resposta genial tb! Ri muito. Sério!

Mantenho o que escrevi e faço uma observação:

Assessor de imprensa em empresa privada até pode precisar disso, mas na minha situação não. Eu posso não fazer nada o dia inteiro, que ainda assim será difícil perder meu emprego.

Dito isso, digo também que trabalho muito pra honrar os impostos gastos em mim e continuo elogiando quem sei que trabalha bem. No caso, meus amigos e amigas neste blog.

Sempre fui fã do trabalho de Alexandre, Darino, Zé e Eduardo, para dar alguns exemplos. Invejo-os de uma forma saudável.

- Quando vi o vídeo Fanáticos de Boréstia e Pedro, vibrei. Tanto que exibi no Serpro.

- Quando leio os textos dos colegas nos jornais baianos e vejo que são superiores a vários outros, fico muito feliz. E leio jornais do Brasil todo, todos os dias.

- Quando vejo o trabalho do Eu Sou Bahia e comparo com a época anterior, constato a qualidade do que era feito por Darino.

- Quando leio as notícias de Maria Clara, sobre os mais diferentes assuntos, no A Tarde On Line, tento entender como ela consegue.

- Quando li, nesta terça-feira, o especial que Livinha escreveu no DEZ, sobre maio de 68 na França, fiquei emocionado.

- Quando Paulinha me fala sobre as aulas dela, imagino a personalidade que ela tem frente aos seus alunos e alunas.

- Quando vejo que tenho um bocado a aprender pra receber os elogios e ser reconhecido, como os ainda poucos exemplos acima, fico desejoso de poder ser assim também.

- E quando percebo que estou falando de amigos meus e amigas minhas, pouco me importa se parecerei puxa-saco a qualquer um.

Sem mais,

Willow

Manelé na Tela disse...

E o anúncio dizia o que, afinal?

Amoêdo

Manelé na Tela disse...

O anúncio saiu na edição de ontem do Correio, Zé.

Era uma frase dizendo que Zélia e Jorge Amado protagonizaram um amor eterno, que jamais será esquecido pelos baianos. Algo do tipo.

Bjs,

DS

Manelé na Tela disse...

Willinho, meu ídolo, obrigado pela parte que me toca.

Mas aquela é uma caminhada incompleta.

Eu ainda vou voltar. Mais experiente. Mais útil.

Espero que você goste.

Me aguarde.

Quem viver, verá.

Bjs tricoloridos,

Dadá

Manelé na Tela disse...

Porra, Willow, e pra mim, nada? São cinco anos (?) de blog e nenhuma referência?! Aí é foda!

Márcio

Manelé na Tela disse...

Ah! Colé Márcio!

Todo dia tb não. Se fizer uma pesquisa aí no Blog, vão descobrir as zilhões de vezes que puxei seu saco.

E até vc se tornar um homem da Justiça, de fato, eu não ganho nada com isso. Ou seja, aí eu não vou longe...

Willow