Obrigação de sonhar

Como não podia deixar de ser, infelizmente, eles apareceram.

Nossos companheiros indesejáveis, mas inseperáveis nesses malditos últimos anos, eles tardaram, mas voltaram a nos atormentar.

Estou falando da incompetência e do azar, pra variar.

Perante estas já previstas e malfadadas aparições, agora estamos fudidos.

Antes tão perto, só um milagre nos dá o título do Campeonato Baiano de 2008 e sela o fim da nossa longa espera de seis anos por um mísero grito de "é campeão".

Precisamos desesperadamente dele, um milagre. Algo como:

- Ganhar do Santos de Pelé, o melhor time de futebol do mundo em todos os tempos, de virada, na Vila Belmiro, para ganhar o primeiro título brasileiro e ser o primeiro a representar o Brasil na Libertadores;

- Dar de cinco no Santa Cruz, reverter uma vantagem impossível e seguir em frente no Brasileirão;

- Segurar o Inter e 80 mil colorados em pleno Beira Rio super-lotado para ser bi, eu disse, Bicampeão Brasileiro e bordar a segunda, eu disse, a segunda estrela dourada em nosso manto sagrado;

- Empatar um clássico aos 91, eu disse, aos 91 do segundo tempo, quando a torcida adversária já comemorava, mandar os filhos da puta dos urubus calarem a boca e irem para a puta que pariu, ser Campeão Baiano pela enésima vez, para festejar como loucos, celebrar para sempre e imortalizar um herói de ocasião: Raudinei;

- Vencer o Fast Club do Amazonas aos 50 do segundo tempo, quando ninguém mais acreditava, conseguir dramaticamente a classificação para as finais da Série C e, enfim, poder dizer adeus ao limbo do futebol nacional.

Como se vê, apesar do passado recente, nem só de desgraça, incompetência e azar se resume a nossa história.

Não podemos assumir a condição de time pequeno, de time de puta, que vai entrar na última rodada como coadjuvante, só pra abrir as pernas para prejudicar o rival.

Temos que entrar em campo daqui a pouco acreditando que é possivel. Que ainda dá. Nossa história nos permite sonhar. Nossa grandeza nos obriga a isto.

Azar de quem não tem história para contar.

Sou Bahia. Não dexisto nunca.

Confiante em que vem aí mais um capítulo da série: "Feitos Inacreditáveis do Esquadrão de Aço",

Darino Sena

PS: também não sei porque diabos eu não perco essa confiança delirante.