sábado, abril 26, 2008

Seis anos em seis pontos

Jogando em casa, o Itabuna acaba de bater o Vitória da Conquista. E de turbinar a esperança do torcedor do Bahia.

Agora faltam seis pontos para o ano de 2002 acabar. Seis pontos para pôr fim a seis anos de espera.

Seis pontos para colocarmos na biografia do nosso clube um ponto que buscamos há tanto tempo: um ponto final.

Para encerrar o capítulo mais nebuloso de nossa história.

2002 ainda não acabou para nós tricolores. Por quê? Porque foi lá, no dia 13 de maio, que, inconscientemente, começamos a perder a alegria de ser Bahia.

13 de maio que, por ironia do destino, é a data do nascimento do nosso maior rival. Pois foi na mesma data, em 2002, que nasceu outro calo: nosso maior jejum de títulos.


Foi em 12 de maio daquele ano que, pela última vez, nos foi permitido o deleite de gritarmos "é campeão". Portanto, um dia depois, entramos numa fila que perdura até hoje.

Desde lá essa palavrinha – “campeão” - para nós soa como uma familiar desconhecida.

Nós, tão acostumados a viver saboreando-a, de repente, vimos e, principalmente, sentimos, e como sentimos, ela simplesmente sumir de nossas bocas, de nosso vocabulário, de nossas vidas.

A palavrinha sumiu e levou com ela a felicidade. E se instalou uma tristeza profunda. Realimentada, ano após ano, dia após dia, por derrotas, humilhações e até tragédias, acompanhadas inseparavelmente por muita dor, sofrimento e revolta.

Perdemos o direito de celebrar. Até quando podíamos, a desgraça espreitava na primeira esquina, pronta para desfazer as efêmeras alegrias.

Títulos nesses seis anos? Só os protestados, os perdidos e os guardados na memória. Ganhos? Só os pelos outros. Ou então, os de piores. Piores em quase tudo.

Porque nossa torcida persistiu. E apesar das tristezas, nunca abandonou o time. Foco único de resistência. Isolado e impotente motivo de orgulho.

Isso até o fatídico 25 de novembro do ano passado.

Porque nem ela, reconhecida e comprovadamente a mais apaixonada e fiel do país, aguentou tanto descaso.

Expulsa da vida do clube por uma armadilha, um alçapão instalado, por incrível que pareça, no palco de suas maiores alegrias, nossa torcida largou o Bahia de mão.

Mas eis que, mesmo sem torcida, sem estádio, sem organização, sem dinheiro, sem amor próprio, sem dignidade, sem credibilidade, sem respaldo, sem crença, sem confiança, sem bons jogadores e cheio só dos velhos problemas, o Bahia parece muito próximo de, enfim, sair de 2002.

Quem diria.

Aliás, o que é mesmo melhor no futebol do que essa lógica irracional e apaixonante, tão peculiar e única dele?

Fato é que a esperança de ser campeão está de volta. Mais viva do que nunca. E trouxe junto com ela uma euforia há muito reprimida.

E somos favoritos absolutos, como nos velhos tempos.

E só depende de nós.

Azar o deles.

Ganhar do Vitória e do Itabuna significa ser campeão de novo.

Faltam seis pontos. Dois míseros jogos.

Difícil controlar a ansiedade. Conter-se. Dormir.

Difícil não sonhar acordado.

Os adversários que me perdoem, mas eu tô sentindo: tá chegando a hora.

Como diria um desses fanáticos evangélicos profetas do apocalipse, "o fim está próximo".

Graças a Deus.



Vivendo a expectativa,

Darino Sena

Ps: Agora vai!

Um comentário:

Manelé na Tela disse...

Sensacional, Dadá! Tb não quero me empolgar demais, mas ontem já até me vi comemorando o título.

Os manelés tricolores, com os vicetorinhas presentes, têm que celebrar esse título com um grande evento. Mas calma, vamos esperar. Devagar com o andor...

Baêa, não me deixe na mão!

Willow