sexta-feira, abril 18, 2008

O caso da menina

De início, faço uma ressalva. Sei o que o caso da menina jogada do sexto andar causa realmente todo tipo de comoção: pela brutalidade do acontecimento, por uma vida tão nova que findou-se e pela suspeita recair sobre o próprio pai da menina.

Contudo, tenho que dizer. Já não suporto mais o bombardeio de informações de todos os lados sobre o assunto. Não pretendo responsabilizar a imprensa, apesar de vários excessos cometidos, nem as pessoas, que discutem isso em qualquer lugar com qualquer um. Aliás, nem é meu papel ficar apontando o dedo pra ninguém. Considero exageradas as reações dos dois lados. Gente que vai até a casa de familiares dos principais suspeitos para ofendê-los e tentar agredi-los. Por mais que pareça, os dois ainda não foram julgados culpados.

Dados da coluna da Folha de São Paulo
Acho que não tem como a imprensa não noticiar cada passo da investigação, infelizmente para mim. De acordo com a coluna Outro Canal de Daniel Castro da Folha, a audiência dos telejornais cresceu até 46% com o caso. A Globo, além de deslocar 18 repórteres, 8 produtores e 20 cinegrafistas, chegou a ocupar 15 minutos e 20 segundos na edição da última terça, o equivalente a 37%!

Não vou criar escalas de importância, mas quantos outros assuntos receberam tamanha atenção? E não me refiro só à Globo. Há ainda os exageros gritantes. O "Balanço Geral" da Record nacional mostrou em seu cenário uma cama, como se fosse a da menina. O "Fala que Eu Te Escuto", da Igreja Universal, "reconstituiu" o crime com atores. Desculpem, esse não merecia nem a citação neste blog. Mais exemplos sobre a cobertura, quem é assinante Uol pode ler aqui.

E o recurso que mais cresce na Tv Brasileira agora parece que veio para ficar. Os repórteres mobilizados para as coberturas são entrevistados em programas diversos, não só jornalísticos, para falar como especialistas do fato.

Ah! E as pessoas...
Onde trabalho, discutir cada nova pista do caso é o café da manhã das colegas. Tentam elucidar - como quase todo mundo que vejo por aí - o crime, afirmam a certeza de culpa de um ou de outro. E no final, reclamam da imprensa por querer influenciar, por ser tendenciosa e todas essas coisa que a gente sempre houve.

Agora, caio no mesmo equívoco que critico. Mas como falar de algo que incomoda sem falar do mesmo? Eu não sei. A vantagem é que os comentários no blog estão cada vez mais escassos. Assim, não haverá muita discussão. Não pretendo polemizar, discutir os culpados, brigar com a cobertura da imprensa. Porém, pra mim, amigas e amigos, o melhor que posso fazer é usar o zapping, o off e fugir.

Willow

3 comentários:

Manelé na Tela disse...

Eu mesmo acho que foi o zelador, pois se não há mordomo, só pode ter sido o zelador.

Márcio

Manelé na Tela disse...

Rapaz, o que incomoda é essa galera que finje estar consternada, mas no fundo só quer saber de audiência e venda de revista/jornal. Essa espetacularização é péssima em todos os sentidos. Mas acho, e considero isso uma coisa boa, que tá todo mundo mais "pianinho" depois do caso da Escola Base.

Amoêdo

Manelé na Tela disse...

tod dia morrem dezenas de crianas em situacoes parecidas. pq sera q nao dao tanta audiencia? pq ninguem usa esse caso para chamar atencao de outros crimes semelhantes?

E verdade q enquanto isso ja foi a votacao no senado o fim do 13 salario?

M2.