segunda-feira, janeiro 14, 2008

O garoto de Pato Branco

Alexandre Rodríguez da Silva completou recentemente 18 anos. A sua estréia em um dos maiores clubes de futebol no mundo, o Milan, foi ontem, contra o Napoli no San Siro. O jovem de Pato Branco-PR, cujo apelido é uma homenagem à cidade é, de fato, um excelente jogador.

Contudo, deve-se dizer que a expectativa criada em torno do seu début é tão exagerada quanto os elogios após a sua boa atuação. Claro que Alexandre Pato pode se tornar um grande craque. Claro que um menino que entra pra jogar bola com milhares de pessoas gritando o seu nome e mostra personalidade, vontade, talento e ainda faz um golaço tem que ser elogiado. Mas a Patomania é exagerada.

Acredito que o motivo dessa loucura pelo garoto é reflexo de algo recente no futebol: todo mundo que ver, antecipar o nascimento de um craque! Os clubes invejam uns aos outros. Todo mundo quer ter o novo Ronaldo ou o novo Zidane. O Barcelona apresentou Messi e agora Giovani dos Santos. O Lyon apresenta Benzema. O Milan também quer o dele.

A imprensa brasileira, evidentemente, já se declarou súdita do novo messias do futebol. O bom comentarista da ESPN, Sílvio Lancellotti, parecia um pai vendo o filho falar as primeiras palavras. A imprensa italiana também vai na onda.

A Patomania nos leva a um outro problema. O que parece ser hoje a necessidade de um nascimento de craque por semestre contribui para a desvalorização precoce de excelentes jogadores, como Ronaldinho e Deco, e a miopia para outros que estão mais maduros e mais decisivos, como Fernando Torres e Tevez.

A vontade de eleger Pato o novo craque ainda revela algumas incoerências. Ele já foi chamado pela imprensa, cartola e jogadores de o novo Ronaldo, o novo Kaká, o novo Van Basten, o novo Careca. Há muitas diferenças entre esses jogadores e Alexandre Pato não é todos eles. Ou eu estou errado?

Willow

5 comentários:

Manelé na Tela disse...

Isso é só marketing. Dos clubes, para valorizar seus jogadores. E do jornalismo, para gerar audiência.

O fenômeno em torno de Pato, Giovani, Borjan e outros é o fato de serem novos e de somente existir uma expectativa de sucesso. Jogadores já consagrados e decisivos continuam gerando notícia. Torres é badalado pela imprensa espanhola, assim como Tevez e Messi pela imprensa argentina, e Kaka pela brasileira. O caso de Ronaldinho e Deco é que eles estão numa má fase. Quando (ou se) voltararem a jogar bem, terão novamente destaque.

Agora, Sílvio Lancellotti é lamentável. Não comenta o jogo, elogia jogadores. Não foi só Pato. É sempre assim. E ainda tira onda de requintado ("tento", "peleja", "pelota"... tá bom). E ele ainda vive se derramando em elogios palacianos aos seus colegas de trabalho - "é-me inefável o prazer de ouvir a sua voz esplendorosa!", diz ao narrador. Parece até Alexandre! ehehe.

Márcio

Manelé na Tela disse...

Você tem razão em vários pontos. Mas a badalação em cima destes jogadores nem se compara ao que está por vi sobre Pato.

Ronaldinho está em má fase. Deco nem tanto. O futebol dele é bem parecido com o de antes, só que o Barcelona está em crise.

Além do mais, é difícil pra torcida de um clube ter dois ou mais craques como preferidos, geralmente é só um. Assim, como Messi tem jogado uma barbaridade, Ronaldinho saiu da preferência. Se Messi não jogasse tanto, não sei se haveria tanta crítica a Dinho como há.

Silvio Lancellotti tem bons e maus momentos. É muito político e um pesquisador preguiçoso, mas pecou demais na transmissão do jogo de Pato.

Pelo que joga, El niño deveria ser ainda muito badalado. Cristiano Ronaldo é também excepcional.

Nenhum dos jogadores citados por você foi alvo de tamanha expectativa de torcedores, cartola e imprensa. Foi de assustar.

W

Manelé na Tela disse...

Pato é a maior revelação do futebol brasileiro depois de Robinho. Acho que ele vai mais longe, porque é mais incisivo e faz mais gols.

Pato tem velocidade, porte físico, habilidade, controla e domina a bola como poucos, bate com as duas e é excelente cabeceador. Não é apenas um bom jogador.

Não está em questão se ele vai ou não se tornar craque. Pato é craque. A matada de bola já denuncia isso e não é de ontem.

Aos 18 anos e pouco mais de 30 partidas como profissional, Pato já foi Campeão do Mundo e joga num dos maiores clubes do planeta.

À exceção de Robinho, Pato tem mais futebol do que qualquer outro atacante brasileiro em atividade. Alguém questiona isso?

O ataque do Milan ontem é o que eu sonho ver repetido com a camisa da Seleção.

O que faz Dunga pensar que Vagner Love e Afonso Alves estão prontos e Pato não? Por que ele tem que ficar vendo pela TV esses caras jogarem?

A expectativa só é grande porque Pato joga demais. Ninguém explora quem não tem potencial, nem a mídia. Ou houve tamanha expectativa a respeito da estréia de Pantico no Bahia?

Não acho Pato o novo Van Basten, o novo Ronaldo, o novo Careca. Pato é Pato. E isso é mais do que suficiente.

Pato vai ser a estrela do Brasil nas Copas de 2010 e 2014, principalmente.

Podem me cobrar.

Adepto da Patomania, não só por ontem, mas desde a estréia dele como profissional, em 2006, contra o Palmeiras.

Alexandre Dadá

PS: Quen, quen!

PS2: Eu gosto de Sílvio Lancelotti. E de Galvão Bueno também (só pra não perder o costume).

Manelé na Tela disse...

Nem quero ver a próxima partida de Pato com Galvão no comando!!

Mas poderia ser pior: imaginem o trio Galvão-Casagrande-Sílvio Lancellotti!!

Márcio

Manelé na Tela disse...

Pato joga muito? Joga.
Ele é diferenciado? É.
Contudo, assistimos à poucas partidas do dele.

Pra ser um grande craque ele ainda precisa de mais conquistas, mas jogos decisivos. Acho que ele cumprirá bem todas essas etapas.

Mas, por mais genial que ele já seja aos 18 anos, ainda acho exagerada a manifestação dos torcedores e dos jornalistas. Os cartolas, claro, querem valorizar seu investimento.

E realmente, Marcinho, Galvão Bueno fará, com certeza, uma pataquada quando transmitir um jogo de Pato.

Dadá, com cereza Afonso Alves e Wagner Love não chegam nem perto de Alexandre Pato. Isso nem entra em meus questionamentos.

Willow