quinta-feira, janeiro 25, 2007

Unidos chegamos lá

Há coisas tão interessantes para serem lembradas. Uma é lembrar do discurso do PT sobre o mensalão e sobre os outros escândalos em que o partido foi protagonista: o problema era o sistema. Assim, para se desviar das críticas, a bandeira de campanha: reforma política.

Tão convicto estava Lula que se chegou a pensar numa Assembléia Constituinte. “Ah, mas é inconstitucional”, diziam os juristas. “Ah, dá-se um jeitinho”, diz o moralista. “Não dá”, retruca o outro. “Tá vendo, o governo quer, mas os ‘inimigos do povo’ não”, era a mensagem de Lula.

Hoje o ministro Tarso Genro – eu adoro esse cara! – deu entrevista dizendo que o Brasil não precisa da reforma política e da reforma tributária. Acho que ele tava insinuando que os petistas era, sim, safados – que sistema o quê, quem acredita nessa, bobão!

O mais engraçado da história é que antes da entrevista de Genro – que aconteceu no final desta manhã -, Josias de Souza divulgava a notícia sobre as propostas de Lula, através de Genro, sobre a... reforma política! Tô dizendo que esse ano tá surreal!

O pior de tudo, no entanto, é uma das supostas propostas do governo: o chamado “recall”. O que seria isso? Algo banal: simplesmente a prerrogativa da população de cassar o mandato de um parlamentar através de um referendo. Depois dizem que Lula, Chávez e Evo não se completam!

O que há de errado com isso? Primeiro: que parlamentar seria poupado pela população? Segundo: a população tem discernimento para julgar relevâncias desse tipo? Quantas pessoas sabem explicar como funcionava, por exemplo, o esquema dos sanguessugas?

Uma medida dessas – puramente populista – só serve para amansar o Congresso. Mais uma tentativa do Executivo para controlar o Legislativo – puro chavismo, diga-se. Que parlamentar votaria um assunto polêmico? Que parlamentar ousaria a se contrapor a um governo popular?

Claro que o governo sabe que uma medida desse tipo nunca será aprovada. A proposta é puro marketing moralista. O parlamentar sabe que pode ser perseguido e arranjarem um processo diante do qual a população, ignorante, casse seu mandato. Ninguém se arriscaria a tanto.

Com uma medida dessa nenhum parlamentar arriscaria sua imagem para votar leis polêmicas. Quem votaria contra o salário mínimo? E a favor da reforma da previdência? Ora, mas amanhã será o governo que dirá: “olha, o Lula quis ‘limpar’ o Congresso, mas as víboras não deixaram”.

Engraçado disso é que o governo não propõe o “recall” para o presidente. Ah, isso não!! O Lula é como o Evo. Vejam lá, o índio está propondo o “recall” para governadores. Ele quer depor aqueles que lhe fazem oposição, e incita a população ao confronto. “Recall” pra Evo: isso não!

Há quem ache que comparar Lula à Evo e à Chávez é exagero. Este último governará por decreto por um tempo aí. Lula editou mais MPs do que o Legislativo votou leis. Acho só que Lula não é burro, nem besta. Mas que o PT tá doido doido pra seguir seus camaradas não é segredo.

Aos poucos a gente vai chegando lá.

Como disse Falcão na Copa, PT saudações!

Márcio

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